Com esse lema, a radical Conlutas, pequena central sindical criada há um ano, faz barulho e vira onipresente nos protestos em todo o país
Divulgação/Conlutas
Passeata de trabalhadores dos Correios e dos bancários em São Paulo:
a Conlutas quer estar na frente das outras 11 centrais
São
Paulo - Manhã de quinta-feira 17 de novembro. Cerca de 150 representantes de
sete centrais sindicais estão reunidos no auditório do Dieese, no centro de São
Paulo. O encontro no instituto de estudos econômicos mantido pelo movimento
sindical tem o objetivo de discutir as relações de trabalho no setor
público.
"O Bloco de Resistência Socialista atua no interior da CSP-Conlutas"
Entre
os presentes está Paulo Barela, de 52 anos, técnico de carreira do IBGE que desde o final da década de 70
milita no sindicalismo. Até poucos anos atrás, ele estaria ali em nome da
Central Única dos Trabalhadores, da qual chegou a comandar a regional de Porto
Alegre.
Mas,
ao lado de outros descontentes com a “nova CUT”, Barela saiu para fundar na
metade do ano passado a Central Sindical Popular Conlutas, a mais nova entre as
nove entidades do gênero reconhecidas pelo Ministério do Trabalho nos últimos
cinco anos. “Buscamos construir algo além da CUT, que é o cúmulo do peleguismo”,
diz Barela.
Trata-se
de um caso de pedra que se transformou em vidraça. Há 28 anos, a CUT foi fundada
por líderes trabalhistas como Luiz Inácio Lula da Silva justamente com a
proposta de se contrapor aos sindicatos que taxava de pelegos. Com o Partido dos
Trabalhadores no governo há oito anos, a CUT perdeu a aura de radical — agora é
chamada de chapa-branca.
A
Conlutas surgiu para ocupar o espaço. Seus afiliados repetem como um mantra
termos mofados como capital, opressão, Estado autoritário e burguesia. Seus
principais dirigentes são membros do PSTU e do PSOL, dois partidos da
extrema-esquerda.
Com
pouco tempo de atividade, a Conlutas tem despontado tanto quanto as grandes
centrais nas greves e passeatas pelo Brasil afora. Esteve à frente das
paralisações deste ano em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
no Ceará, em Rondônia e no Polo Petroquímico de Suape, em Pernambuco.
Também
colocou faixas à testa de manifestações de professores, estudantes, marcha dos
sem-teto e outros protestos ditos populares. No comando do Sindicato dos
Metalúrgicos de São José dos Campos, um dos maiores entre seus 76 filiados, a
Conlutas comemorou a conquista de um reajuste de 10,8%, superior aos 9,4%
conseguidos pelos metalúrgicos do ABC — um dos 2 156 ligados à CUT.
A
vitória é atribuída a um estilo de negociação agressivo, que começa com a
criação de um clima de tensão. “Primeiro nós mobilizamos e depois negociamos, ao
contrário de outras centrais, que negociam para evitar a mobilização”, afirma
Barela. Onde se leu mobilização,
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