A herança de Carlos Lupi
Por Guilherme Kress

Desde 2008, vinha sendo forjado no MTE algo que nem o “tucanato”, em oito anos – mesmo pressionado por cúpulas como a CNI e a FEBRABAN – conseguira concretizar: a terceirização de mão-de-obra em atividades-fins!
E, em 23 de novembro último, já nos estertores de sua tenebrosa gestão, Lupi ganhou a 1ª batalha legislativa: sob protestos de dirigentes da CUT e da CTB, e desprezando com extrema arrogância parecer contrário do presidente do TST, o deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) pôs em votação e conseguiu aprovar, por 14 votos a 2, pela “Comissão Especial” que presidiu, substitutivo a projeto de lei de sua autoria, autorizando a terceirização de obras e serviços nas atividades-fins integrantes dos objetos sociais das empresas, sejam elas privadas ou do setor público, bem como de serviços afetos a órgãos da administração pública direta, facultando ainda à empresa prestadora dos serviços subcontratar outra empresa ou profissionais.
A favor, votaram, entre outros, os deputados Paulo Pereira da Silva (PDT-SP/Força Sindical) e Roberto Santiago (PSD-SP/UGT); contra, Policarpo (PT-DF) e Vicentinho (PT-SP). O próximo passo será o encaminhamento do projeto à Comissão de Constituição e Justiça.
Se convertido em lei o seu deletério objetivo, entre outros efeitos negativos, estarão sendo desrespeitados pilares da administração pública sobre investidura em cargos e empregos, direitos sociais fundamentais definidos na Constituição, assim como rompidas tradicionais conquistas trabalhistas e previdenciárias, onde se inserem a segurança no trabalho, a formação de quadros próprios e o estímulo ao progresso funcional, além da inevitável desagregação das categorias profissionais e do desmonte das organizações sindicais em seus princípios constitucionalmente estabelecidos.
Além do que resultará da conspiração Executivo/Legislativo um mal-disfarçado processo de crescentes privatizações de empresas públicas e sociedades de economia mista – PETROBRÁS à frente –, bem como de serviços públicos essenciais, mediante um verdadeiro “tsunami” no ordenamento jurídico ordinário e constitucional, tal qual impõe o neoliberalismo – poderoso, amoral e apátrida – a governantes que preferem manter a Nação sitiada por interesses escusos de minorias, ao invés de, como de seu dever, presidirem aos legítimos interesses nacionais.
Espera-se que os verdadeiros quadros democráticos, conscientes do que possa advir, se oponham, com proficiência e determinação, àquele projeto de lei e a outros tentames do gênero, bem como que os sindicatos e entidades representativas das categorias profissionais mobilizem os trabalhadores e venham a usar, clara e inteligentemente, seu descortino em ações efetivas junto ao Poder Executivo e ao Congresso Nacional.
(Guilherme Antonio Kress)
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