Desde
o mês de maio, as mais diversas categorias dos Servidores Públicos Federais
(SPFs) estão em greve e hoje mais de 400 mil trabalhadores participam de um dos
mais fortes movimentos paredistas dos últimos anos. No movimento docente das
universidades federais, mais de 95% destas estão paradas e estão discutindo os
rumos no Comando Nacional de Greve-ANDES/SN. Enquanto isso, mais de 56
instituições ligadas à Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Educação das
Universidades Brasileiras (FASUBRA) estão paradas e mais de 183 campus em que o
Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e
Tecnológica (SINASEFE) já estão paralisados.
Mas
a greve não se restringe à educação. Em todo o país, SPFs da seguridade social,
do IBGE, de instituições ministeriais, de agências reguladoras e do judiciário
federal já estão em greve ou estão se mobilizando. A base da Confederação dos Trabalhadores no
Serviço Público já atinge 15 estados e sabe-se de mobilizações na ANVISA, na
FUNASA e outras instituições, enquanto o Judiciário Federal discute a
possibilidade de greve por tempo indeterminado.
Longe
de ser algo inesperado, a greve dos SPFs é fruto de uma política de arrocho
salarial que atinge o funcionalismo público duramente desde os governos FHC,
mas que piorou com Lula e Dilma. Nunca se gastou tão pouco com o funcionalismo
público. Em 1995, o gasto com pessoal do governo federal correspondia a 5,36%
do PIB, enquanto durante o governo Dilma o gasto corresponde a 4,1% do PIB. Desde
o início do Plano Real, os SPFs tiveram perdas salariais enormes e os
minúsculos reajustes esporádicos que foram recebidos não cobrem nem mesmo as perdas
decorrentes da inflação. Além disso, os serviços públicos por todo o país
sofrem com cortes de gastos e um destrutivo sucateamento que cria condições de
trabalho intoleráveis.
Assim,
o surgimento da forte luta dos SPFs neste ano é produto de toda a indignação
produzida por anos de uma dura política de arrocho salarial que foi iniciada
desde o governo Collor e que hoje é sustentada pelo governo do PT.
Para
piorar, o principal argumento do governo é o de que a crise econômica impede
qualquer possibilidade de atender as reivindicações salarias dos SPFs. Com
isso, o governo Dilma está deixando clara a sua mensagem: quer que os
trabalhadores paguem pela crise criada pelos banqueiros e empresários.
Enquanto
representantes do governo Dilma afirmam que as reivindicações dos SPFs
“quebrariam o estado”, o governo gasta, em média, mais de R$2,1 bilhões por dia
com a dívida pública (fonte: Auditoria Cidadã da Dívida). Isso significa, que
há possibilidades de atender as reivindicações do funcionalismo público, mas
que Dilma prefere engordar ainda mais os bolsos de banqueiros, especuladores e
empresários que enriquecem ‘as custas de trabalhadoras e trabalhadores por todo
o mundo.
Apesar
da força do movimento grevista, o governo Dilma se recusa a abrir negociações
com os SPFs. Com essa postura, o governo mostra para quem efetivamente governa:
para aqueles que vivem da exploração dos trabalhadores. São banqueiros,
empresários e corruptos que têm espaço para discutir seus negócios com o
governo federal – nenhum exemplo é tão esclarecedor quando a Delta e o
bicheiro-empreiteiro Carlos Cachoeira que enriqueceram recebendo verbas do PAC.
Enquanto isso, além de não abrir negociações com os trabalhadores do
funcionalismo público federal, o governo Dilma passou a atacar diretamente o
direito de greve dos SPFs, ao ordenar o corte de ponto dos trabalhadores
grevistas.
Por
isso, a única saída para os SPFs é fortalecer a greve, radicalizar as lutas e
combater qualquer tentativa de divisão do movimento grevista pelo governo
Dilma. Para isso, é preciso que os SPFs avancem a organização de sua luta. É muito
importante a existência de um Fórum das Entidades Nacionais dos SPFs que
organizou ações conjuntas e deliberou por uma pauta comum (ver quadro com pauta
de reinvindicações dos SPFs). Mas é preciso avançar ainda mais para que a greve
se fortaleça e evitar a divisão. Por isso, entendemos que a construção de um
Comando Nacional de Greve dos SPFs seria um passo importante para avançar na
unidade dos SPFs e colocar o governo contra a parede.
Os
militantes do Bloco de Resistência Socialista estão, em todo o Brasil,
construindo a greve e defendem a pauta unificada de reinvindicações dos
SPFs. Entendemos que sem luta e sem
organização independente dos trabalhadores não é possível obter qualquer
conquista de direitos. Da mesma forma, consideramos que todos os problemas que
a classe trabalhadora vive nacional e internacionalmente é fruto da crise do
sistema do capital que gera lucro para alguns às custas da miséria e do
sofrimento da grande maioria da humanidade. Por isso, atuamos em movimentos
populares e no movimento sindical buscando fortalecer o movimento organizado
dos trabalhadores. Junte-se a nós.
Quadro – Pauta de Reivindicações da Campanha 2012 dos
SPFs
·
Definição de uma data-base (1 de maio)
·
Política salarial permanente com reposição inflacionária,
valorização do salário base e incorporação das gratificações
·
Cumprimento por parte do governo dos acordos e protocolo de
intenções firmados
·
Contra
qualquer reforma que retire direitos dos trabalhadores;
·
Retirada
dos PL´s, MP´s, Decretos contrários aos interesses dos servidores públicos (PL
549/09, PL 248/98, PL 92/07, PL 1992/07 e demais proposições), supressão do
artigo 78, da LDO, que define o prazo até 31/08, para encaminhar projetos de
lei que reestrutura carreira e concede qualquer tipo de reajuste aos
trabalhadores. Supressão dos artigos 86 e 87 que tratam da mudança de indenizar
a insalubridade/periculosidade no PL 2203/11 e supressão do artigo 46 que trata
da redução remuneratória aos médicos que têm sua carga horária regulamentada
por lei no PL 2203/11.
·
Paridade
entre ativos, aposentados e pensionistas.
BLOCO DE RESISTÊNCIA SOCIALISTA - SINDICAL E POPULAR
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