segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Entidades e movimentos sociais se solidarizam com o povo hondurenho


CARTA DE REPÚDIO
“Não há nada mais subversivo que o cadáver de um mártir”
(Pedro Casaldáliga)

As veias abertas da nossa América Latina não se fecharam. E não são somente os Estados imperiais os causadores destas aberturas nas terras e nos corpos, mas, em um mundo capitalista, as empresas participam intensamente.
Na divisão Internacional do Trabalho e do respectivo produto, a América Latina ficou com a função de alimentar o mundo, lavoura e pecuária, e este mundo se reduz à Europa e aos Estados Unidos. Esta é a nossa riqueza e por consequência, nosso respectivo pesadelo. Este é o sofrimento atual de Honduras: produzir alimentos e energia para estrangeiros e/ou elites nacionais, com a usurpação das terras dos campesinos e a privatização. Essa levada ao extremo numa proposta empresarial nova e absurda de ocupação territorial capitalista através da criação das cidades autônomas dentro do próprio país, com sua própria polícia, leis e sistemas fiscais.
Por isto o enfrentamento e a luta do povo hondurenho e os assassinatos, que gritam: ‘en la lucha por la vida y la tierra’. E entre os mais de 60 assassinados estão, recentemente, os companheiros advogados dos Direitos Humanos Antonio Trejo e Eduardo Díaz, os quais acompanhavam a vida e luta dos campesinos hondurenhos pela restauração de suas terras, sua sobrevivência enquanto classe, e pela soberania alimentar do país. Porém, este não é o projeto do governo e dos empresários nacionais e internacionais do agronegócio, mas a produção de commodities. Assim, a perseguição e o sofrimento do povo aumentam e vidas são constantemente ceifadas para que o lucro e a ganância continuem se estabelecendo.
Repletos de indignação, nós, Entidades e pessoas da sociedade civil organizada do Estado do Mato Grosso, Brasil, expressamos o nosso REPÚDIO ao histórico de negação da soberania popular no Estado hondurenho. Somos solidários, sentimos em nossos corações o sofrimento que está no coração do povo de luta hondurenho, pois sofremos com a mesma realidade de violência, prisões, calúnias e assassinatos no campo brasileiro.
Acreditamos mesmo que “não há nada mais subversivo que o cadáver de um mártir”. O sangue derramado de mulheres e homens que lutam pelos Direitos Humanos e da Terra é a prova concreta e verdadeira de suas denúncias.
Cuiabá, 02 de outubro de 2012.

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