O julgamento dos envolvidos no chamado Mensalão trouxe novamente um
tema de interesse público na política brasileira: as práticas
vergonhosas de corrupção em torno da compra de votos de parlamentares
para aprovação no Congresso Nacional de projetos de interesse do governo
e de empresários. Uma verdadeira teia de práticas ilícitas com o
dinheiro do povo brasileiro.
O ministro Celso de Mello do STF (Supremo Tribunal Federal) afirmou
em suas considerações de votos que os atos parlamentares contaminados
pela corrupção do Mensalão são passíveis de anulação.
Se refrescarmos a memória, lembrarmos que em 2003, apesar da
resistência dos trabalhadores diante dos ataques do governo acerca das
aposentadorias, houve muita negociata para a aprovação da reforma da
previdência. Para ser aprovada, a proposta precisava de 308 votos na
Câmara. Obteve 357 votos no primeiro turno e 358 no segundo.
Diante da possibilidade de invalidação dessas votações no Congresso,
já há a articulação de diversas entidades para a elaboração de uma ADIN
(Ação Direta de Inconstitucionalidade) ou medida judicial cabível
pedindo a anulação da reforma da Previdência.
Mesmo sem a comprovação de que as bancadas dos partidos dos deputados
condenados por corrupção passiva tenham recebido para votar com o
governo, os ministros podem considerar que o processo teve um vício
formal e pode ser anulado.
Fazendo a análise de que parte da campanha em defesa da aposentadoria
do trabalhador brasileiro é exigir a anulação da votação da reforma da
previdência, os servidores públicos, reunidos no Fórum Nacional de
Entidades dos SPF (Servidores Públicos Federais) irão se integrar e já
definiram pelo lançamento de uma campanha política nacional pela
anulação da reforma da previdência. Essa campanha será desenvolvida com
ações políticas com mobilização junto ao funcionalismo federal e na
esfera jurídica com ações judiciais.
No imediato, o Fórum Nacional aprovou, em sua reunião desta
terça-feira (9), a realização de uma reunião com o jurista, Dr. Cezar
Britto, para tratarem de iniciativa junto ao STF pela anulação dessa
reforma. A ideia é formar um grupo de entidades signatárias de uma ADIN,
para dar entrada nesse tribunal logo após o final do julgamento do
Mensalão.
A CSP-Conlutas se soma a essa iniciativa e vai participar dessa
reunião em Brasília para dar encaminhamento à campanha política pela
anulação da reforma da previdência e para definir as iniciativas
jurídicas a serem tomadas tão logo seja publicado o acórdão do
julgamento do Mensalão.
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