Editorial do Correio da Cidadania
Na semana que passou, o Brasil ganhou um novo partido político.
No lançamento desse partido, sua fundadora, a ex-senadora petista, Marina Silva, declarou que o mesmo não é “nem de direita e nem de esquerda. Está além disso”.
Frase típica de políticos que se especializaram em dizer não dizendo.
Veja o que de fato se diz com esta frase: o partido será de direita.
Com efeito, a pessoa que se deparar com uma briga entre um muito mais forte com um muito mais fraco e se mantiver neutra, obviamente, estará do lado do mais forte.
A atividade política é sempre uma ação de certos grupos contra outros grupos. Uma ação declaradamente destinada a frustrar as intenções do adversário.
Ademais, o que quer dizer “estar além”? Por qualquer ângulo que se examine, essa frase não tem sentido algum. Foi dita apenas para fazer crer que o novo partido está em algum lugar, porque, como é evidente, os partidos não vivem no espaço sideral. Mas, ao se fazer esta referência, não há indicação de qual é esse lugar.
Essa conduta não discrepa daquela de um grande número – talvez até da maioria – de políticos.
Infelizmente, a grande massa do nosso eleitorado é politicamente analfabeta e não percebe o que realmente está sendo dito. Mas os espertalhões a quem está sendo dirigido um discurso como o do novo partido em questão captam muito bem sua mensagem. E certamente separarão vultosas quantias que destinarão à campanha de sua possível candidata, como, aliás, ocorreu na eleição presidencial passada.
É preciso que essa situação seja devidamente denunciada, a fim de impedir um estelionato eleitoral a somar-se aos muitos que são cometidos contra o povo em todas as eleições.
Em 2.014, o novo partido apresentará muito provavelmente a candidatura de Marina à presidência da República. É preciso que algum de seus adversários tome a iniciativa de desmascarar o discurso envolto na criação da legenda. Para isto devem servir os debates eleitorais. Senão, deixam de ser debates, para se tornarem sequências de discursos paralelos, que em nada ajudam o esclarecimento dos eleitores.
Não é possível que o carreirismo político prossiga impune, a induzir o povo em erro.
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