Os trabalhadores bolivianos estão em greve geral desde o dia 5 de maio. Já são mais de 15 dias. Eles reivindicam o pagamento integral da aposentadoria e não 60% como quer implantar o governo de Evo Moralez por meio da lei de pensão n º 065.
Na última sexta-feira (17), uma reunião ampliada de líderes da Central Operária Boliviana (COB), a maior organização sindical do país, determinou uma radicalização da greve com o fechamento de estradas. A decisão ocorreu após nova negativa do governo às reivindicações dos trabalhadores. Foram feitos cerca de 35 bloqueios de estradas e pontos de interrupção em toda a Bolívia, segundo informou o próprio governo nacional à imprensa
“O ampliado da COB decidiu (na madrugada desta sexta-feira) radicalizar a luta de ação, massificar e fortalecer a greve”, informou o líder Juan Carlos Trujillo à agência de notícias AFP. As maiores iniciativas ocorreram em La Paz, sede do governo boliviano.
O governo de pagar uma aposentadoria de 4.000 bolivianos (US$ 578) e a COB exige uma aposentadoria de 8.000 bolivianos (US$ 1.149).
Lá e aqui – Os planos aplicados pelo governo de Evo Morales não são diferentes de planos defendidos em países da América do Sul como Brasil, Argentina e Venezuela. São governos que por mais que digam o contrário, atuam a serviço dos grandes bancos, do agronegócio transnacional e dos empresários. Aos trabalhadores cabe arrocho salarial e retirada de direitos.
Também não são governos diferentes dos europeus que buscam soluções para a crise econômica do capital retirando direitos, salários e empregos da classe trabalhadora.
No Brasil os ataques à aposentadoria já são implementados desde FHC, quando aplicou o tempo de contribuição sobre o tempo de serviço.
Em 2003, o governo Lula chegou a comprar parlamentares corruptos para aprovar a reforma da previdência que prejudicou os servidores públicos. Foi o chamado escândalo do mensalão – os servidores estão em campanha pela anulação da reforma. Também aprovou o fator previdenciário, que acabou com a integralidade da aposentadoria.
E, o governo Dilma tem sim planos de novos ataques. Entre eles, a proposta de substituir o fator previdenciário pela fórmula 85/95 que amplia o tempo para a aposentaria e, pasme, já tem engavetada a fórmula 95/105, em que para se aposentar a soma do tempo de serviço e idade para as mulheres deve atingir 95 anos e para os homens 105.
Todo apoio à greve – Diante de tais ataques dos respectivos governos, é fundamental o nosso apoio à greve geral dos trabalhadores bolivianos. Um apoio que deve estender-se internacionalmente e ser fortalecido pela entidades filiadas da CSP-Conlutas.
A nossa Central já enviou um moção de solidariedade aos trabalhadores bolivianos. Leia:
Compañeros
Juan Carlos Trujillo – Secretário Executivo de Central Operária Boliviana (COB)
Miguel Pérez – Secretário Executivo da Federação Sindical de Trabalhadores Mineiros da Bolivia (FSTMB)
Ronald V. Colque – Secretario Geral dos Sindicato Mixto de Trabalhadores Mineiros de Huanuni (S.M.T.M.H.)
Severino Stallani
Secretario Geral do Sindicato dos Trabalhadores Mineiros de Colquiri
A todos os trabalhadores bolivianos MOBILIZADOS
Nosso apoio aos trabalhadores bolivianos que lutam por uma aposentadoria justa!
A Central Popular e Sindical – Conlutas (CSP-Conlutas), central brasileira que mantém a independência política absoluta do governo de Dilma Rousseff e prioriza a ação direta dos trabalhadores, declara seu apoio e solidariedade à justa luta da classe trabalhadora boliviana por uma aposentadoria, cuja pensão seja igual a 100% dos salários com base nos últimos 12 dos holerites.
Essa luta pretende mudar a atual lei n º 065 de pensão, que mantém conteúdo neoliberal com regime de capitalização individual, em que os trabalhadores se aposentam com apenas 60% de sua renda.
Entendemos que o governo de Evo Morales atua como o governo da Venezuela, da Argentina, do Brasil: duros com os trabalhadores e subservientes ao agronegócio transnacional e aos empresários.
Por isso, entendemos a importância e a necessidade de os trabalhadores bolivianos levarem essa luta em frente. É hora de fazer valer a solidariedade internacional para fortalecer nossas reivindicações em cada país e internacionalmente.
Então, enviamos para todos os trabalhadores bolivianos, nossos irmãos de classe, a nossa mais profunda solidariedade e apoio na mobilização com a realização de bloqueios de estradas. Doze dias atrás, vocês eram vítima de uma campanha nacional desencadeada pelo governo, empregadores e da mídia aliada ao governo, com o objetivo de desacreditar a justiça das reivindicações de vocês.
O governo tenta colocar a população contra a essa luta usando falsos argumentos de que os mineiros têm salários altos e que a mobilização é um alegado golpe de Estado para derrubá-lo. Nós, da CSP-Conlutas, cerramos fileiras com os mineiros, professores, trabalhadores e pessoas em geral, que estão na luta por uma aposentadoria justa. Estamos à disposição para realizar uma pressão internacional por meio de organizações da classe trabalhadora exigindo que o governo Evo Morales atenda imediatamente a reivindicação dos trabalhadores bolivianos feita pela Central Operária Boliviana.
Dirceu Travesso
Secretário Nacional Executiva
CSP Conlutas – Brasil
São Paulo, 20 de maio de 2013
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