segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Honduras: o voto dos mártires

Com quatro anos da nefasta ditadura que herdou o atual governo de Porfirio Lobo Sosa, sob o manto da impunidade, crimes e assassinatos de camponeses, as comunidades dos povos originários lenca e tolupanes, os jornalistas, os advogados e todos os seres humanos que façam oposição a tais intransigências do regime perdem suas vidas.

A vida de seres humanos que buscam sem descanso a verdadeira reconciliação do país centro-americano chamado Honduras, através da paz social, terminou em assassinatos ou desaparecimentos, segundo os relatórios de organismos de direitos humanos não governamentais do país.


Infelizmente, Honduras ocupa uma posição desconfortável na ONU, que situa o país entre os mais perigosos do mundo.
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A poucos momentos de se efetuar o processo eleitoral para eleger autoridades do poder executivo, legislativo e prefeituras de 298 municípios, os hondurenhos gozam da festa eleitoral, agitando suas bandeiras, com seus candidatos preferidos, dançando ao som das canções proselitistas, que geralmente emulam sons do estrangeiro.

Quatro anos se passaram do golpe de Estado de 28 de junho de 2009, e ainda se tem a marca da terrível situação pela qual atravessa Honduras no presente, uma nação falida, a partir das ações da alta cúpula empresarial, a mesma que financiou e estimulou o golpe de Estado – e até doou garrotes à polícia nacional para reprimir os cidadãos nacionais que se opuseram a essa aberração política. Agora, essa cúpula vê claramente a terrível consequência econômica do golpe


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Aberração


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Jaz inerte o corpo de Isis Obed Murillo, em 5 de julho de 2009

A aberração pela qual atravessa Honduras, com uma sociedade altamente militarizada, a criminalização dos jovens e de todo ser humano que pense de forma diferente aos representantes da grotesca ditadura, e as aterradoras violações de direitos humanos, obrigam os hondurenhos a mudarem seus pensamentos e formas de ser, para decidirem de forma progressista essa eleição. 


Sem dúvida, o luto dos mártires que caíram por acreditar em uma Honduras livre do jugo oligárquico, financiador do golpe de Estado, pulsa no coração de muitos que tivemos a grande oportunidade de conhecer esses seres humanos cheios de vida e sonhos para alcançar, em relação a uma Honduras livre da cobiça, do poder absoluto e demais adjetivos negativos, cabíveis na caracterização daqueles que cometeram tais crimes dentro do país.

Esses assassinos indiretos devem compreender que o erro cometido há quatro anos foi cobrado com juros através da decadência de seus negócios, na quebra de suas empresas. Devem ceder à exigência de um povo que responderá com força e a adequada valentia, no caso de não se respeitar sua decisão democrática, frente às urnas, neste próximo domingo, 24 de novembro, no qual se lutará pela liberdade.


Reverter o golpe


A reversão do golpe de Estado, depois de quatro anos de espera, depois do sofrimento e as constantes ameaças a um povo indefeso, da guerra de baixa intensidade que vive o heróico povo do Baixo Aguán, no caribe hondurenho, a perseguição ao povo ancestral lenca, que defende os recursos naturais, e os demais atores sociais que demandaram o fim da repressão, está para ser realizada neste final de semana.

Para este 24 de novembro de 2013, participarão nove partidos políticos, quebrantando ainda mais a falecida democracia bipartidária que afundou Honduras, agora com a chance de reverter o golpe de Estado através do voto contra aqueles que promoveram tamanha aberração no país centro-americano.

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Recordar o sangue dos mártires caídos na década de 80, e os que caíram depois de 2009 até a presente data, é um legado que temos de manter como parte de nossa memória histórica, para que tais acontecimentos não se repitam.

Erick Martínez, Wendy Ávila, Isis Obed Murillo, Vanesa Yáñez, Julio Benítez, Claudia Larissa Brizuela, Nahúm Palacios, José Francisco Castillo são alguns dos mártires que exigem justiça, desde suas tumbas.

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O comunicador social Héctor Medina foi assassinado, seu caso segue na impunidade.


Fotos: Imprensa internacional, imprensa nacional e Ronnie Huete.
Ronnie Huete Salgado é foto-jornalista hondurenho exilado no Brasil após o golpe de Estado de 2009 e colaborador de veículos de mídia alternativa.

Nota do autor do texto: Qualquer atentado ou ameaça ao autor do artigo é responsabilidade de quem representa e governa o Estado de Honduras ou de seus invasores.
Traduzido por Gabriel Brito, Correio da Cidadania.

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