terça-feira, 31 de dezembro de 2013

2013 um ano para entrar para história. 2014 promete ser um ano que as massas vão para as ruas de novo.

*Por Joaquim Aristeu 'Boca' da Silva

O ano de 2013 se inicia com aumentos nas passagens de ônibus em varias cidades do interior e capitais do país. No Rio de Janeiro estava programada para Janeiro e foi suspensa depois que o povo ameaçou ir para as ruas, depois veio Guarulhos e várias outras cidades do país, Porto Alegre e Natal os estudantes foram para as ruas e disseram não e as prefeituras recuaram.

Ao mesmo tempo o movimento popular já no inicio de 2013, em janeiro, começou a questionar os crimes e as desocupações da copa. Em Brasília o MTST realiza uma grande ocupação, os índios e ativistas no RJ resistem à truculência da policia de Cabral que tenta desocupar o museu do índio na aldeia Maracanã.

Operários das obras do maracanã cruzam os braços por um dia, trabalhadores do transporte de Portugal organizam uma greve geral, na Bahia os vigilantes do estado entram em estado de greve em busca da periculosidade, e a CSP Conlutas acelera as assembleias e a campanha contra o ACE (Acordo Coletivo Especial) em todo o país e aponta para uma semana de mobilização em abril, fechando com a preparação da marcha a Brasília em 24 de abril.

Isto fez com que as bandeiras do dia internacional de luta das mulheres girassem para a preparação das manifestações contra o ACE e pela garantia dos direitos das mulheres.

O dia 17 de abril quando os lutadores pela reforma agrária relembram o massacre de Eldorado do Carajás onde vários sem terras foram mortos em 1996, e até agora muitos dos criminosos estão impunes, realizou se uma jornada de luta em todo o pais com ocupações de terra e de prédios públicos e paralisação de estradas.

Em Abril tivemos também uma forte greve dos professores da rede estadual e municipal de SP que só não foi mais forte devido à traição de sua direção “a APEOESP CUT”. Neste mês também os setores organizados na luta contra os acidentes e doenças do trabalho organizaram varias manifestações pelo dia 28 de abril. - Dia internacional de luta em memória dos lesionados em acidentes e doenças do trabalho. Ainda no mês de abril varias manifestações e seminários para organizar o dia 24 de abril. - Dia nacional de luta contra o ACE com uma marcha a Brasília.

No dia 24 de abril aconteceram manifestações em vários locais do país, mais de 20 mil manifestantes em Brasília ocuparam a explanada dos Ministérios. CSP Conlutas, CUT pode Mais, CNTA, FENASP são algumas das entidades que jogaram peso nesta que foi a segunda maior manifestação de 2013, ficando só atrás das manifestações de junho e julho.

Em seguida tivemos o 1° de maio, a exemplo do que ocorreu nos demais países, aqui no Brasil as organizações classistas - Fórum unidade de ação, setores do MST, Frente de Resistencia Urbana e os demais setores combativos do movimento popular e o Movimento Passe Livre realizaram atos e protestos denunciando a falta de investimentos na reforma agrária, as remoções e despejos para realização de obras para copa do mundo de futebol, os ataques aos direitos dos trabalhadores, o arrocho salarial, os aumentos das passagens dos ônibus e a criminalização do movimento.

Quando nem mesmo o mais otimista dos revolucionários acreditava no crescimento das mobilizações veio o assenso e as jornadas de junho e julho.

Na avaliação da maioria da esquerda no Brasil, diferente do que ocorria em diversos países, inclusive na Europa, África do Sul, nos Estados Unidos e mesmo no Oriente Médio onde a crise econômica varria as grandes economias e o autoritarismo das ditaduras a exemplo do Egito e Síria entre outros países que enfrentavam lutas populares. Aqui no Brasil a crise estava sobre controle e Dilma rumava para consolidar o seu segundo mandato. É então que um barril de pólvora se acende a partir de um palito de fósforo chamado 0,20 centavos e crimes da copa.

Dia 06 de junho coincidentemente dia do meu aniversário ganhei um presente que achava que não viria mais até o final de minha militância.

O Movimento Passe Livre - MPL e vários outros movimentos incluindo setores do movimento sindical de SP como Metroviários e CSP Conlutas vão as Ruas da Capital de SP contra o aumento das passagens de ônibus feito por Haddad e Alckmin.  O Governo reage e coloca a policia para reprimir o movimento no dia 06, e depois no dia 07 de junho a repressão se repete. A juventude e os ativistas mantém se nas Ruas, e um novo ato é marcado para SP e em vários locais do país para o dia 13 de junho.

Dia 13 de junho a PM DE Alckmin com o apoio de Haddad acende o estopim das lutas sociais.

Milhares nas Ruas, agressões a jornalistas, ativistas presos e feridos. Saldo mais de 220 prisões, dezenas de ativistas internados, acende o estopim e as manifestações espalham pelo país. Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Porto Alegre, Natal. Grandes, médias e pequenas cidades, milhões foram às ruas, também foi parte das bandeiras das mobilizações as manifestações contra os crimes e remoções da copa. Em São Paulo no dia 14 o MTST junto com outras dezenas de organizações que compõem o movimento popular Frente de Resistencia Urbana e entidades sindicais, a exemplo da CSP Conlutas onde tivemos o prazer de falar em nome da CSP Conlutas. Realizamos um grande ato denominado “Copa pra quem”, um dia depois do triste episódio protagonizado pela policia de Alckmin. Estas manifestações tiveram continuidade e no dia 15 de junho as imediações do Mané Garrincha em Brasília foi palco de grandes manifestações que mais uma vez o MTST e o comitê contra os crimes da copa estavam lá. Dilma foi vaiada dentro de campo pela torcida, e estas manifestações duraram todo o período da copa das confederações.

Dia 17 de junho o dia D das mobilizações – O dia que o Brasil parou

Um milhão toma as ruas do Rio de Janeiro, mais de 100 mil em São Paulo, milhares em Brasília e nas demais capitais do país. Atos massivos ocorriam de norte a sul deste país. No exterior os brasileiros juntavam os moradores das regiões que vivem e iam para frente das embaixadas brasileiras e realizavam atos em solidariedade as lutas no Brasil. Tive o privilégio de participar em São Paulo deste grande dia - A candelária, Av. Brasil, Paulista, a Esplanada dos Ministérios em Brasília e as praças e ruas nas demais cidades se tornou um verdadeiro oceano de gente querendo mudanças.

A esta altura a luta não era mais só contra o aumento das tarifas e os crimes da copa, mas também contra a saúde e educação precária, falta de segurança, contra a corrupção, pela garantia de direitos, por empregos, reforma agrária e urbana e melhores salários.

As prefeituras recuaram nos aumentos das passagens, o governo desgastado reabriu a pauta sobre saúde e educação e até os corruptos começaram a ser presos.

A Classe operaria entra diretamente na luta

A CSP Conlutas, CUT pode Mais, FERAESP, FENASP, Junto com outras centrais entram para valer com suas reivindicações e chamam o dia 11 de julho como dia nacional de lutas. Mais de 3 milhões de trabalhadores participaram de alguma forma das mobilizações neste dia. -Fabricas importantes como a GM de SJC e dezenas de metalúrgicas pararam um dia ou alguma hora. “Na Alimentação onde milito parou a segunda maior cervejaria” Heineken de Jacareí por 24 horas, estradas foram interrompidas e outras dezenas de fabricas paralisadas, em Porto Alegre houve greve geral no transporte. No dia 30 de agosto as lutas sindicais se repetem e milhares de trabalhadores vão às ruas e manifestações estouram por todo o país novamente.

Passado este momento as lutas continuaram com greves e ocupações.

Passado este período veio às lutas das campanhas salariais - Metalúrgicos, Petroleiros, a luta contra a venda das áreas do pré-sal, bancários, construção Civil, Correios, professores do RJ, Trabalhadores da AMBEV de Jacareí entre vários outros setores. Sentindo se fortalecidas pelas lutas da jornada de junho e julho também obtiveram importantes vitorias. O movimento estudantil também não deu trégua greve nas universidades como UNICAMP, ocupações a exemplo da USP e mobilizações pelo passe livre em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, esta luta ainda não esta fechada.

O movimento Popular também não deu trégua e a Frente de Resistencia Urbana tendo a frente o MTST, o Movimento Luta Popular, setores do MST e o Terra Livre fizeram lutas, ocupações de sem tetos, ocupações de terra o que nos aponta que em 2014 vai ter muita luta e mobilização contra os crimes da copa, por mais dinheiro para as reformas urbana e agrária e neste contesto a CSP Conlutas já votou em suas instancias que será linha de frente na organização destas lutas “Copa pra quem” queremos dinheiro para saúde, educação e mais empregos e por garantida de direitos incluindo a nossa luta contra a precarização do trabalho, contra o grande numero de acidentes e doenças do trabalho dentro das empresas e por salario justo aos aposentados.

Nós estaremos juntos a todas e todos em 2014 para fazer deste ano mais um ano de lutas e mobilizações. Não as remoções de pobres para favorecer os ricos na copa, por mais emprego, salários dignos e por um governo dos trabalhadores e trabalhadoras construindo a partir de um programa discutido e construído pelos trabalhadores e movimento popular, com candidaturas classistas e socialistas. Sem dinheiro dos patrões e sem alianças com os partidos da burguesia. Que seja uma candidatura que tenha sustentação nas lutas e mobilizações.

Feliz fim de 2013 e um 2014 com muita luta e mobilizações!

*Joaquim Aristeu ‘Boca’ da Silva - Militante do Bloco de Resistencia Socialista, membro da direção estadual da CSP Conlutas de SP, militante da LSR – tendência interna do PSOL.

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