Na Copa vai ter luta! Os protestos contra os gastos com a Copa do Mundo que tomaram as ruas de diversas capitais do país neste final de semana mostraram que a disposição de ir às ruas permanece. Em pelo menos dez importantes capitais houve manifestações, entre elas, Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Curitiba (PR), Goiânia (GO), Fortaleza (CE), Natal (RN) e Manaus (AM). Os manifestantes exigiram mais investimento em saúde, educação, transporte e serviços públicos “padrão FIFA”.
“Fomos às ruas por saúde digna e tratamento humano; por transporte público, passe livre e sem sufoco; por educação pública, gratuita e de qualidade; moradia para todos. O que significa que também fomos às ruas por salários dignos. Por emprego. Por Reforma Agrária. Pelo respeito às terras indígenas e quilombolas. E também protestamos contra o racismo, o machismo e a homofobia”, diz o membro do Quilombo Raça e Classe, Wilson Silva, que participou da manifestação em São Paulo.
Em São Paulo, cujo protesto foi o maior realizado entre as cidades, com a participação de cerca de 1.500 pessoas, a organização foi do coletivo “Se não tiver direitos, não vai ter Copa” composto por diversas entidades. Apesar de seu caráter pacifico, a atividade foi marcada pela repressão policial. Na ação, ao menos 137 pessoas foram detidas (liberadas em seguida), e um jovem de 22 anos foi baleado por PMs e se encontra em estado grave no hospital. CSP-Conlutas na rua
A manifestação em São Paulo teve a participação de militantes da CSP-Conlutas, entidades filiadas como Sindsef-SP, Sintrajud, Quilombo Raça e Classe, Movimento Nacional de Oposição Bancária, estudantes da Anel, além de entidades dos movimentos sociais, que levantaram a bandeira “Na Copa vai ter luta”. Repressão Os manifestantes se concentraram no Vão Livre do Masp e saíram em passeata pelas ruas da capital. A atividade seguia pacifica até chegar ao centro da cidade, quando policiais fizeram um cerco e junto com o Batalhão de Choque começaram a lançar bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes. Após a ação, a manifestação de dispersou.
Entre os diversos excessos cometidos pela polícia, que encurralou e usou bombas contra um grupo de manifestantes que tentava se proteger num Hotel da Avenida Augusta, no centro da cidade, e levou presa outras centenas pessoas, a cena mais estarrecedora foi a imagem veiculada pela imprensa no domingo (26). Nela, um jovem aparece correndo de três policiais. Esse adolescente foi alvejado com dois tiros, um no peito e outro na genitália, e encontra-se em estado grave. Governador de SP aprova atuação da PM Vergonhosamente, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin parabenizou a ação da polícia cuja atuação, em sua opinião, “evitou uma tragédia”. O mesmo governador foi incapaz de proferir qualquer declaração sobre o jovem baleado pela polícia enaltecida por ele.
Presidente Dilma teme retomada das manifestações Preocupada com retomada das manifestações, a presidente Dilma Rousseff marcou uma reunião com ministros para buscar ações que neutralizem uma possível revolta da população após a truculência policial registrada em SP, a exemplo do que ocorreu nas manifestações de junho. Lutar é direito, lutar não é crime! Para o membro da CSP-Conlutas Nacional Atnágoras Lopes, é preciso lutar pela liberdade de manifestação e contra a repressão, neste sentido, a Campanha Contra a Criminalização lançada pela Central em conjunto com outras entidades se faz urgente e necessária. “Não podemos permitir que casos como o do jovem baleado em São Paulo se repitam, temos que denunciar e repudiar ações desse tipo”, denuncia Atnágoras. O dirigente resgata ainda a onda de repressão que vem ocorrendo aos movimentos sociais e criminalização das lutas que tenderá a aumentar com a Lei ‘antiterror’, se for aprovada a lei da Copa. “Por isso, vamos à luta contra a criminalização, contra os gastos excessivos com a Copa, vamos exigir mais investimento nos serviços públicos, afinal, o transporte continua um caos e o mesmo segue ocorrendo com a saúde, a educação e a falta moradia, enquanto o governo federal continua refém da exigência da FIFA que organiza um megaevento em que o povo trabalhador não terá sequer acesso às partidas de futebol”, frisa.
Atnágoras ressalta a importância da unidade das bandeiras e organizações nesse movimento. “A unidade de todas essas bandeiras, o envolvimento das organizações de nossa classe é o caminho que deve ser trilhado, como ocorreram nas manifestações de junho do ano passado”.
Foto: Wilson Honório
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