No último dia 17, três indígenas foram hospitalizados, sob suspeita de envenenamento proposital. Os casos estão sendo apurados pela Polícia Federal. "Arrombaram a porta, levaram dois computadores. Tentaram levar uma L200, mas não conseguiram tirar, só levaram a chave”, relata um servidor da Funai que prefere não ser identificado.
“É muito estranha a situação”, conta. "Levaram os computadores que tinham todos os documentos da Funai. Todos os registros de projetos das aldeias, de atendimentos, todos os dados dos indígenas, agendamentos de INSS, todos os dados sobre as famílias, maternidades. Todos os dados sistematizados pela Funai estão lá dentro”.
A mesma CTL também atende à comunidade Guarani Kaiowá de Pyelito Kue, que foi atacada a tiros recentemente durante a retomada de uma fazenda, no último dia 12. Servidores da Funai foram ameaçados por produtores rurais.
Suspeita de envenenamento
No último dia 17, três Guarani da terra indígena Yvy Katu, foco do maior conflito na região do último período, foram hospitalizados com diarreia aguda, após terem ingerido aguardente de carotes dados a indígenas por uma pessoa não identificada pelos membros da comunidade. A suspeita dos Guarani é de que a bebida contida dos frascos estaria envenenada.
Para o servidor da Funai, não há dúvidas de que a intoxicação teria sido proposital. “O envenenamento foi um ataque contra a comunidadade Yvy Katu”, explica. “Aproveitaram a situação [de vulnerabilidade ao uso de álcool] pra largar vários corotes de pinga envenenados, a gente acha que com chumbinho dentro. Três beberam só um pouco e passaram mal quase na hora”, diz. “Foram direto pro hospital, ficaram dois dias internados com dor de barriga aguda e vômito”.
Os três frascos da aguardente supostamente adulterada foram entregues à Polícia Federal. Outras garrafas que também teriam sido espalhadas por pessoas não identificadas a outros membros da aldeia também serão entregues para a PF.
“Isso alguém mandou fazer, com certeza. Alguém mandou essas pessoas distribuírem pinga com veneno dentro. Só pode ser alguém que tem interesse em fazer isso com os índios”, conclui o agente indigenista.
Yvy Katu
Há cinco meses, mais de cinco mil Guarani Ñandeva estão acampados nos 7,5 mil hectares da Terra Indígena Yvy Katu que estavam na posse de fazendeiros criadores de gado. A terra estava com processo de demarcação paralizado desde 2005.
Considerado o maior movimento indígena de retomada territorial dos Guarani Ñandeva que se tem registro, a ocupação levou a uma série de ações de reintegração de posse contra a comunidade - todas derrotadas pelos indígenas, que permanecem até hoje na área, mas vem sofrendo uma série de ataques, intimidações e ameaças.
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