(Maria Carolina Abreu é da equipe da CPT de Campos dos Goyatacazes)
Salve salve sensacionalismo... é barato, mas dá lucro.
Secretamente sempre guardei para mim, um medo que trago desde pequenina. Em datas festivas, quando escutava barulho de fogos, sentia meu coração disparar. Sempre tinha uma leve certeza que poderia ser acertada por um deles. Cresci, e neste sentido nada mudou. Só que agora as mesmas sensações vêm ao escutar o barulho das bombas nas manifestações. Em meio à correria sempre elevo a mão até a cabeça e dou uma leve abaixada, tenho sempre o pressentimento que ela (minha cabeça) funciona como uma espécie de imã. Pois bem, indo aos fatos...
Por este histórico, fiquei um tanto chocada com o que houve, mas tenho uma grande sorte de não ter TV em casa, assim me poupo das repetições exaustivas das imagens (isso quando não vêm acompanhadas daqueles comentários de pastores atuando como jornalistas). Imaginem só, precisaria de uma caixa de “RIVOTRIL”, no mínimo. Não ter tal aparelho em casa me ajuda a refletir se meu medo é construído por fatos ou pela mídia...
Para acompanhar o acontecido, leio jornal impresso e vejam só que curioso... Em meio a uma página inteira sobre as investigações, culpas, comentários, suposições e conspirações, abaixo havia uma NOTA, falando de um policial “A PAISANA” que matou um homem suspeito com cinco tiros... Vejam, era SÓ uma nota, não tinha apuração, nem explicações, nem “porra” nenhuma... Só ao fim, um comentário leviano falando que a família estava chocada, pois o “assassinado” era um rapaz calmo. É claro, choca mais a uma mãe, ter um filho “assaltante” que um filho morto com cinco tiros, não é mesmo?
Não estou querendo banalizar a morte do jornalista em detrimento de outras, acho que morte nenhuma deveria ser banal, no entanto, qual a quantidade de jovens pobres que morrem diariamente, e sequer são notas de jornais? Porque não uma entrevista comovente com pai, mãe, amigos, de cada jovem morto, porque não, o questionamento da opinião pública? Horas e mais horas nos telejornais. Intensas investigações sobre cada policial envolvido em cada ocorrido. Porque não, né? Cadê as páginas falando sobre a chacina da maré? As internações compulsórias desastrosas? Os conflitos no campo? As remoções forçadas? Os conflitos dos quilombos com a marinha? Com fazendeiros? Com grandes empresas? Nos exemplos citados morrem muita gente, sabe? Diminui o IBOBE? É preciso apagar a violência do Estado junto aos grandes empreendimentos?
Violência “do Estado” versus Violência “da Revolta”. Não ouso a defesa de nenhuma das duas. Em relação a segunda, apesar de que, ainda que de saco cheio, defendo os “jovens quebra-quebra” da tática BB, nós sabemos que foi a partir de muita porrada que exercemos grande parte de nossos direitos hoje. Em relação à primeira, sou intolerante, é preciso lembrar ao Senhor prefeito, que ocorridos como esse acontecem pela "violência estatal" cotidiana, a violência que é o aumento para R$ 3 reais. Paciência agora, é a forma como alguns grupos entendem como revide.
Termino, indo a quase outro extremo, exercendo meu direito de “resposta do absurdo” e tiro duas conclusões.
Primeira: Talvez eu tenha muita sorte apenas pelo risco de minha cabeça explodir, enquanto uma grande parcela dos jovens, que são pobres, negros de áreas periféricas, podem andar por ai e receber, sei lá, cinco tiros?! ("Negros têm oito vezes mais risco de serem vítimas de homicídio... A cada três assassinatos, dois são de negros. A pesquisa aponta que negros são maiores vítimas de agressões por parte de policiais que brancos." - Bapi).
Segunda: Se traçarmos um histórico, sobre tragédias inusitadas vinculadas aos transportes, se liga: você pode começar por levar chicotada no trem, ou perder literalmente a cabeça passando de baixo de um viaduto, com um bonde que sai dos trilhos, ou com um desses ônibus que costumam virar pela cidade. Analisando estatisticamente, a partir de fatos e números, chegamos a conclusão que você corre mais riscos utilizando os transportes públicos que indo às manifestações.
“Ahhhh, mas queria ver se fosse conhecido seu”. Não se enganem, sofri de forma egoísta, pois também estava no ato e podia ter sido a cabeça de QUALQUER um, inclusive a minha ou dos meus amigos presentes. Sofreria a morte dele, como sofreria com a morte... Quantos mesmos estão sendo exterminados agora na baixada, na favela, no interior? Ah, chega por aqui, por que senão... JÁ É SENSACIONALISMO DEMAIS!
Por este histórico, fiquei um tanto chocada com o que houve, mas tenho uma grande sorte de não ter TV em casa, assim me poupo das repetições exaustivas das imagens (isso quando não vêm acompanhadas daqueles comentários de pastores atuando como jornalistas). Imaginem só, precisaria de uma caixa de “RIVOTRIL”, no mínimo. Não ter tal aparelho em casa me ajuda a refletir se meu medo é construído por fatos ou pela mídia...
Para acompanhar o acontecido, leio jornal impresso e vejam só que curioso... Em meio a uma página inteira sobre as investigações, culpas, comentários, suposições e conspirações, abaixo havia uma NOTA, falando de um policial “A PAISANA” que matou um homem suspeito com cinco tiros... Vejam, era SÓ uma nota, não tinha apuração, nem explicações, nem “porra” nenhuma... Só ao fim, um comentário leviano falando que a família estava chocada, pois o “assassinado” era um rapaz calmo. É claro, choca mais a uma mãe, ter um filho “assaltante” que um filho morto com cinco tiros, não é mesmo?
Não estou querendo banalizar a morte do jornalista em detrimento de outras, acho que morte nenhuma deveria ser banal, no entanto, qual a quantidade de jovens pobres que morrem diariamente, e sequer são notas de jornais? Porque não uma entrevista comovente com pai, mãe, amigos, de cada jovem morto, porque não, o questionamento da opinião pública? Horas e mais horas nos telejornais. Intensas investigações sobre cada policial envolvido em cada ocorrido. Porque não, né? Cadê as páginas falando sobre a chacina da maré? As internações compulsórias desastrosas? Os conflitos no campo? As remoções forçadas? Os conflitos dos quilombos com a marinha? Com fazendeiros? Com grandes empresas? Nos exemplos citados morrem muita gente, sabe? Diminui o IBOBE? É preciso apagar a violência do Estado junto aos grandes empreendimentos?
Violência “do Estado” versus Violência “da Revolta”. Não ouso a defesa de nenhuma das duas. Em relação a segunda, apesar de que, ainda que de saco cheio, defendo os “jovens quebra-quebra” da tática BB, nós sabemos que foi a partir de muita porrada que exercemos grande parte de nossos direitos hoje. Em relação à primeira, sou intolerante, é preciso lembrar ao Senhor prefeito, que ocorridos como esse acontecem pela "violência estatal" cotidiana, a violência que é o aumento para R$ 3 reais. Paciência agora, é a forma como alguns grupos entendem como revide.
Termino, indo a quase outro extremo, exercendo meu direito de “resposta do absurdo” e tiro duas conclusões.
Primeira: Talvez eu tenha muita sorte apenas pelo risco de minha cabeça explodir, enquanto uma grande parcela dos jovens, que são pobres, negros de áreas periféricas, podem andar por ai e receber, sei lá, cinco tiros?! ("Negros têm oito vezes mais risco de serem vítimas de homicídio... A cada três assassinatos, dois são de negros. A pesquisa aponta que negros são maiores vítimas de agressões por parte de policiais que brancos." - Bapi).
Segunda: Se traçarmos um histórico, sobre tragédias inusitadas vinculadas aos transportes, se liga: você pode começar por levar chicotada no trem, ou perder literalmente a cabeça passando de baixo de um viaduto, com um bonde que sai dos trilhos, ou com um desses ônibus que costumam virar pela cidade. Analisando estatisticamente, a partir de fatos e números, chegamos a conclusão que você corre mais riscos utilizando os transportes públicos que indo às manifestações.
“Ahhhh, mas queria ver se fosse conhecido seu”. Não se enganem, sofri de forma egoísta, pois também estava no ato e podia ter sido a cabeça de QUALQUER um, inclusive a minha ou dos meus amigos presentes. Sofreria a morte dele, como sofreria com a morte... Quantos mesmos estão sendo exterminados agora na baixada, na favela, no interior? Ah, chega por aqui, por que senão... JÁ É SENSACIONALISMO DEMAIS!
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