Hoje
(10), pela manhã, uma ação truculenta da polícia militar de Goiás
deixou várias pessoas feridas, entre elas uma mulher grávida de seis
meses. A ação da polícia aconteceu quando centenas de pessoas realizavam
uma caminhada pacífica, pelas ruas de Catalão (GO). Os manifestantes
foram surpreendidos pela violência da polícia do governador Marconi
Perillo.
A
manifestação denunciava a tentativa do banco Itaú em despejar uma
família camponesa pobre do município. Camponeses, camponesas, militantes
do Movimento Camponês Popular (MCP), alunos e professores da
Universidade Federal de Goiás (UFG), sindicalistas e simpatizantes da
causa iniciaram, por volta das nove horas da manha de hoje, uma
caminhada pela cidade, durante o 15º dia de mobilizações para evitar a
ação de despejo. Em momento de discurso, quando foram citados os
desdobramentos da operação Monte Carlo, e envolvimento de políticos
goianos, as agressões começaram.
A
ação truculenta da polícia militar feriu dezenas de manifestantes. O
caso mais grave é do camponês Alan Kardek, que está hospitalizado com
vários cortes na cabeça, provocados pelos cassetetes da PM. O professor
do curso de geografia da UFG, Gabriel de Mello, e outros alunos da
universidade foram, gravemente, feridos(as) ao tentar argumentar sobre a
legitimidade da mobilização. Os alunos, de geografia, Paulo Mota e
Marcelo Rosa, permanecem detidos. Taísa Kézia Monteiro de Melo, do
movimento estudantil, que está grávida, também foi feriada pelos
policiais.
A
polícia impede a cobertura da imprensa. Os manifestantes agredidos
aguardam realização do exame de corpo de delito. Mas, a polícia civil se
recusou em pedir os exames e, neste momento, eles aguardam providências
no Ministério Público. As Comissões de Direitos Humanos da Assembleia
Legislativa de Goiás e da Câmara dos Deputados, em Brasília, já foram
acionadas e acompanham o caso.
A
atitude da polícia de Catalão envergonha toda a sociedade goiana,
principalmente ao ficarmos sabendo que pessoas do alto comando da
polícia militar de Goiás batiam continência para um criminoso (Carlinhos
Cachoeira), que está preso acusado de liderar um esquema de jogos
ilegais e propinas. Enquanto isso, trabalhadores e trabalhadoras,
pessoas honestas, são tratadas com absoluto desrespeito pela polícia do
estado.
Entenda o caso
Em 1997, o camponês João fez financiamento com o Banco do Estado de Goiás (BEG) para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Com a aquisição do BEG pelo Itaú, em 2001, a dívida migrou de banco.
Devido a problemas de saúde de um dos filhos, o camponês não conseguiu
pagar a dívida.
A
propriedade foi comprada, em leilão, por menos da metade do valor. A
pequena área é o local que a família, com muito trabalho, tira sua
sobrevivência. No final do ano passado, João foi informado sobre o
andamento do processo e que logo seria emitido mandado de reintegração
de posse e seria despejado.
A
família, ao ser informada sobre o andamento do caso, propôs negociação
com o banco para garantir sua permanência na terra. Mas, o Itaú insiste
em não dialogar com João e Elvira que não têm para onde ir e tampouco
para onde levar sua pequena criação de animais e uma pequena
agroindústria caseira que mantêm no local. O grupo de advogados Cerrado
assumiu o caso.
Brasília, 10 de abril de 2012.
Movimento Camponês Popular
Por soberania alimentar e poder popular!
--
Comunicação MCP
Marina Muniz Mendes
62 32259674 / 62 99263572
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