quarta-feira, 4 de julho de 2012

Boletim da CSP-Conlutas - Central Sindical e Popular do Vale do Paraíba


Patrões e governos jogam conta da crise sobre trabalhadores, que resistem

Para o trabalhador, hoje a realidade nas fábricas é uma superexploração cada vez maior: ritmo de trabalho acelerado, aumento das doenças e acidentes de trabalho, pressão da chefia e ataques aos direitos.

Essa situação tem uma explicação: diante da crise que segue afetando a economia mundial, principalmente a Europa, a receita dos patrões e governos para garantir seus lucros tem sido fazer ataques brutais aos direitos e condições de vida da classe trabalhadora.

Até mesmo no Brasil, onde a crise ainda não atingiu com força a economia, o governo Dilma e os patrões tentam se antecipar e têm atacado os direitos.

Luta e unidade para defender direitos

Diante dessa situação,  a classe trabalhadora tem organizado importantes lutas. Na Grécia, greves gerais tem agitado o país. Na Espanha e Portugal, os trabalhadores e a população tem ocupado as ruas com manifestações massivas.

Aqui no Brasil, diversas categorias estão realizando fortes mobilizações. É o caso da greve das universidades federais, que unificou professores, funcionários e estudantes, e já atingiu mais de 50 instituições em todo o país. 

Trabalhadores da construção civil, a maioria em grandes obras do governo federal, também protagonizaram fortes paralisações, assim como metroviários, ferroviários e metalúrgicos de Niterói/RJ, para citar recentes mobilizações que se espalharam pelo país.

Esse é o caminho: só com unidade e luta podemos garantir a defesa dos nossos direitos e enfrentar os ataques dos governos e patrões.


sindicato não pode dividir. tem de unificar e lutar

Em nossa categoria a situação não é diferente. Apesar do setor de alimentação, principalmente de bebidas, estar garantindo seus lucros, os patrões estão endurecendo o jogo, ao enrolar nas negociações de PLR, ao aumentar a exploração e pressão sobre os trabalhadores etc.

É assim, por exemplo, nas duas maiores fábricas da base, a Ambev e a Heinneken, onde hoje os trabalhadores enfrentam vários problemas.

Na Ambev, onde existe uma política extremamente repressiva, há um brutal assédio moral sobre os trabalhadores, por exemplo, as reuniões de resultados fora do horário. Sem contar o banco de horas ilegal mantido pela empresa.

Já na Heinneken, a falta de funcionários na linha de produção impõe um ritmo forçado aos trabalhadores. Não existe um Plano de Cargos e Salários e o Programa de PLR premia de forma privilegiada apenas a chefia. Não bastasse, a empresa quer agora implantar a jornada ininterrupta.

Por tudo isso, o caminho para nossa categoria não é diferente do que ocorre hoje no cenário nacional e internacional: o momento é de luta e unidade!

O Sindicato deve fortalecer a organização no local de trabalho e estar à frente das mobilizações e da resistência em defesa dos trabalhadores.

Os recentes ataques à CSP-Conlutas e a um ex-cipeiro da Ambev, feitos pela maioria da diretoria do Sindicato, ligada à Unidos para Lutar - CST, não ajudam em nada os trabalhadores. Ao contrário, divide e enfraquece a luta da classe trabalhadora.

Portanto, o importante é o Sindicato organizar a luta pelo fim do assédio moral, melhores condições de trabalho, PLR que atenda aos trabalhadores, e uma forte Campanha Salarial em toda a categoria.


demissão do boca: sindicato tem de defender e não atacar ativista

A última edição do jornal do Sindicato usou uma página inteira para atacar um acordo fechado pelo ex-cipeiro da Ambev, Joaquim Aristeu, o Boca, e também a CSP-Conlutas.

Porém, as informações estão distorcidas e não estão baseadas nos fatos reais que envolveram o acordo do Boca, conhecido ativista da categoria.

A Ambev é uma das fábricas mais repressoras da região e em mais um ataque à organização dos trabalhadores demitiu o Joaquim, que denunciou a morte de um trabalhador na fábrica. O fato, inclusive, foi publicado no site da CSP-Conlutas, motivo pelo qual a Ambev baseou a demissão.

Uma ampla campanha pela reintegração foi realizada. Diante da repercussão negativa e pressão dos trabalhadores, a empresa foi obrigada a recuar.

Apesar de não reintegrar Joaquim, a Ambev teve de indenizar o companheiro, numa vitória parcial da mobilização.

O acordo nada mais foi do que o reconhecimento do direito do Joaquim, após mais de 25 anos de trabalho na empresa.

Democracia operária

Um fato que mostra a transparência e seriedade com que o caso foi tratado por Joaquim e pela CSP-Conlutas é que o acordo foi discutido com os trabalhadores da Ambev. Em assembleia, os trabalhadores aprovaram a assinatura do acordo.

Além disso, quatro diretores do Sindicato também foram a favor do acordo: Valter Gildo e Paquinha, da Ambev; Valter Patury, da Heinneken; e João Gouveia, da J.Macedo.

Portanto, acusar a CSP-Conlutas e  Joaquim de “vender” o mandato não condiz com a verdade.

No fundo, trata-se de uma política da maioria da diretoria de desmoralizar o ativista, numa postura que prejudica a luta dos trabalhadores e fortalece a política repressora da Ambev.
Para nós, o que fica claro nesse caso é a necessidade do Sindicato ter uma política de defesa dos cipeiros e ativistas da categoria. Inclusive, como já houve no passado, quando o Sindicato chegou a custear o salário de cipeiros demitidos.

Diante do cenário atual de ataques da patronal, de ser necessário aumentar cada vez mais a organização nos locais de trabalho e, portanto, o trabalho da CIPA nas fábricas, o apoio aos ativistas é fundamental.

É preciso que se crie um Fundo de Apoio, para que o Sindicato possa, de fato, dar suporte as lutas e ativistas da categoria.

csp-conlutas: à frente das lutas dos trabalhadores

O jornal do Sindicato acusa a CSP-Conlutas de “esquecer o trabalhador”. É mais uma acusação sem qualquer fundamento, assim como é a crítica ao próprio acordo do Joaquim.

A CSP-Conlutas, à qual o nosso Sindicato já foi filiado, tem estado à frente das principais lutas em defesa dos trabalhadores em todo o país. Reúne, em uma única central, o movimento sindical, popular, estudantil e contra as opressões. É hoje o principal pólo de atração para entidades que querem estar na luta em defesa dos trabalhadores, com perfil classista e de esquerda.

Para nós, foi uma decisão precipitada dos companheiros da Unidos-CST desfiliar o Sindicato, sem uma discussão clara com a categoria. E, pior, praticar atualmente, desde a ruptura do Conclat, em 2010, uma política de ataques à central. Novamente, uma postura que divide os trabalhadores.

Sindicatos importantes integram a central, tais como o ANDES-SN que dirige a greve nacional das universidades federais; os servidores públicos federais, e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, entre outros.

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