Patrões e governos jogam conta da crise sobre
trabalhadores, que resistem
Para o trabalhador, hoje
a realidade nas fábricas é uma superexploração cada vez maior: ritmo de
trabalho acelerado, aumento das doenças e acidentes de trabalho, pressão da
chefia e ataques aos direitos.
Essa
situação tem uma explicação: diante da crise que segue afetando a economia
mundial, principalmente a Europa, a receita dos patrões e governos para
garantir seus lucros tem sido fazer ataques brutais aos direitos e condições de
vida da classe trabalhadora.
Até mesmo no Brasil, onde
a crise ainda não atingiu com força a economia, o governo Dilma e os patrões
tentam se antecipar e têm atacado os direitos.
Luta e unidade para
defender direitos
Diante dessa
situação, a classe trabalhadora tem
organizado importantes lutas. Na Grécia, greves gerais tem agitado o país. Na
Espanha e Portugal, os trabalhadores e a população tem ocupado as ruas com
manifestações massivas.
Aqui no Brasil, diversas
categorias estão realizando fortes mobilizações. É o caso da greve das
universidades federais, que unificou professores, funcionários e estudantes, e
já atingiu mais de 50 instituições em todo o país.
Trabalhadores da
construção civil, a maioria em grandes obras do governo federal, também protagonizaram
fortes paralisações, assim como metroviários, ferroviários e metalúrgicos de
Niterói/RJ, para citar recentes mobilizações que se espalharam pelo país.
Esse é o caminho: só com unidade
e luta podemos garantir a defesa dos nossos direitos e enfrentar os ataques dos
governos e patrões.
sindicato não pode dividir. tem
de unificar e lutar
Em nossa categoria a
situação não é diferente. Apesar do setor de alimentação, principalmente de
bebidas, estar garantindo seus lucros, os patrões estão endurecendo o jogo, ao
enrolar nas negociações de PLR, ao aumentar a exploração e pressão sobre os
trabalhadores etc.
É assim, por exemplo, nas
duas maiores fábricas da base, a Ambev e a Heinneken, onde hoje os
trabalhadores enfrentam vários problemas.
Na Ambev, onde existe uma
política extremamente repressiva, há um brutal assédio moral sobre os
trabalhadores, por exemplo, as reuniões de resultados fora do horário. Sem
contar o banco de horas ilegal mantido pela empresa.
Já na Heinneken, a falta
de funcionários na linha de produção impõe um ritmo forçado aos trabalhadores.
Não existe um Plano de Cargos e Salários e o Programa de PLR premia de forma
privilegiada apenas a chefia. Não bastasse, a empresa quer agora implantar a
jornada ininterrupta.
Por tudo isso, o caminho
para nossa categoria não é diferente do que ocorre hoje no cenário nacional e
internacional: o momento é de luta e unidade!
O
Sindicato deve fortalecer a organização no local de trabalho e estar à frente
das mobilizações e da resistência em defesa dos trabalhadores.
Os recentes ataques à
CSP-Conlutas e a um ex-cipeiro da Ambev, feitos pela maioria da diretoria do
Sindicato, ligada à Unidos para Lutar - CST, não ajudam em nada os
trabalhadores. Ao contrário, divide e enfraquece a luta da classe trabalhadora.
Portanto, o importante é o
Sindicato organizar a luta pelo fim do assédio moral, melhores condições de
trabalho, PLR que atenda aos trabalhadores, e uma forte Campanha Salarial em
toda a categoria.
demissão do boca: sindicato tem
de defender e não atacar ativista
A última edição do jornal
do Sindicato usou uma página inteira para atacar um acordo fechado pelo
ex-cipeiro da Ambev, Joaquim Aristeu, o Boca, e também a CSP-Conlutas.
Porém, as informações
estão distorcidas e não estão baseadas nos fatos reais que envolveram o acordo
do Boca, conhecido ativista da categoria.
A Ambev é uma das
fábricas mais repressoras da região e em mais um ataque à organização dos
trabalhadores demitiu o Joaquim, que denunciou a morte de um trabalhador na
fábrica. O fato, inclusive, foi publicado no site da CSP-Conlutas, motivo pelo
qual a Ambev baseou a demissão.
Uma ampla campanha pela
reintegração foi realizada. Diante da repercussão negativa e pressão dos
trabalhadores, a empresa foi obrigada a recuar.
Apesar de não reintegrar
Joaquim, a Ambev teve de indenizar o companheiro, numa vitória parcial da
mobilização.
O acordo nada mais foi do
que o reconhecimento do direito do Joaquim, após mais de 25 anos de trabalho na
empresa.
Democracia operária
Um fato que mostra a
transparência e seriedade com que o caso foi tratado por Joaquim e pela
CSP-Conlutas é que o acordo foi discutido com os trabalhadores da Ambev. Em
assembleia, os trabalhadores aprovaram a assinatura do acordo.
Além disso, quatro
diretores do Sindicato também foram a favor do acordo: Valter Gildo e Paquinha,
da Ambev; Valter Patury, da Heinneken; e João Gouveia, da J.Macedo.
Portanto, acusar a
CSP-Conlutas e Joaquim de “vender” o
mandato não condiz com a verdade.
No fundo, trata-se de uma
política da maioria da diretoria de desmoralizar o ativista, numa postura que
prejudica a luta dos trabalhadores e fortalece a política repressora da Ambev.
Para nós, o que fica
claro nesse caso é a necessidade do Sindicato ter uma política de defesa dos
cipeiros e ativistas da categoria. Inclusive, como já houve no passado, quando
o Sindicato chegou a custear o salário de cipeiros demitidos.
Diante do cenário atual
de ataques da patronal, de ser necessário aumentar cada vez mais a organização
nos locais de trabalho e, portanto, o trabalho da CIPA nas fábricas, o apoio
aos ativistas é fundamental.
É preciso que se crie um Fundo
de Apoio, para que o Sindicato possa, de fato, dar suporte as lutas e ativistas
da categoria.
csp-conlutas: à frente das lutas dos trabalhadores
O jornal do Sindicato
acusa a CSP-Conlutas de “esquecer o trabalhador”. É mais uma acusação sem
qualquer fundamento, assim como é a crítica ao próprio acordo do Joaquim.
A CSP-Conlutas, à qual o
nosso Sindicato já foi filiado, tem estado à frente das principais lutas em
defesa dos trabalhadores em todo o país. Reúne, em uma única central, o
movimento sindical, popular, estudantil e contra as opressões. É hoje o
principal pólo de atração para entidades que querem estar na luta em defesa dos
trabalhadores, com perfil classista e de esquerda.
Para nós, foi uma decisão
precipitada dos companheiros da Unidos-CST desfiliar o Sindicato, sem uma
discussão clara com a categoria. E, pior, praticar atualmente, desde a ruptura
do Conclat, em 2010, uma política de ataques à central. Novamente, uma postura
que divide os trabalhadores.
Sindicatos importantes integram
a central, tais como o ANDES-SN que dirige a greve nacional das universidades
federais; os servidores públicos federais, e o Sindicato dos Metalúrgicos de
São José dos Campos e região, entre outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário