No último dia 23 de agosto os trabalhadores da C. Civil de Belém 
tomaram as ruas da capital paraense. A passeata começou em frente à sede
 do sindicato, na TV. 9 de Janeiro, e seguiu até a sede do SINDUSCON-PA 
(sindicato dos empresários).  Lá, eles realizaram uma assembleia e 
votaram o indicativo de greve da categoria com previsão de início para o
 próximo dia 4 de setembro.
Eram aproximadamente 5 mil operários e operárias que em marcha 
gritavam “te cuida, te cuida, te cuida patronal, ou muda essa proposta 
ou vai ter greve geral!”. O grito permeado de um misto de indignação e 
disposição de luta fazia referência à recusa da proposta dos patrões que
 até agora insistem um reajuste de apenas 5%, propõe a retirada de uma 
cláusula que obriga os empresários a pagar o valor do “beneficio 
previdenciário” em caso de atraso por parte do INSS e, ainda, tenta 
impor restrições duríssimas ao acesso do sindicato aos canteiros de 
obra.
Os trabalhadores pedem um reajuste geral de 16% e aumentos 
específicos nos pisos salariais da categoria. Para os profissionais, que
 hoje ganham R$ 900,00, a entidade reivindica um novo piso no valor de 
R$ 1.120,00. Para os ajudantes a proposta é que sejam elevados dos 
atuais R$ 650,00 para R$ 780,00, por exemplo. O direito a cesta básica é
 outro ponto decisivo nesse impasse, assim como o direito a eleição de 
delegados sindicais de base e uma pauta específica pras mulheres da 
Construção Civil que, entre outras reivindicações, exigem qualificação e
 classificação profissional. “Em Belém, a mulher entra servente e morre 
servente na obra, chega!”, indigna-se a coordenadora geral do sindicato,
 Deusarina de Almeida, a Deuzinha.
Para sindicato dos trabalhadores patrões podem evitar greve – Ainda
 que a recepção à marcha dos operários tenha sido a presença de homens 
do Batalhão de Choque na porta do SINDUSCON-PA, uma comissão dos 
empresários recebeu uma representação dos trabalhadores e se comprometeu
 em “pensar” em uma nova proposta até o dia 3 de setembro, véspera da 
greve.
Para o coordenador do Sindicato da Construção Civil de Belém e membro
 da Sec. Exec. Nac. da CSP-Conlutas, Atnágoras Lopes, não é possível 
sair dessa campanha sem que os trabalhadores passem a ter o direito à 
cesta básica, coisa que já existe na maioria das capitais brasileiras. 
De acordo com ele, a categoria também não pode continuar com o atraso no
 que se refere à pauta das companheiras mulheres, e essa situação, 
inclusive, é uma vergonha para Belém.
Segundo o Lopes, o tema dos delegados sindicais pode sim evoluir 
nesse acordo, é o que orienta o MPT (Ministério Público do Trabalho), 
bem como esse é um tema que já está sendo tratado nacionalmente por 
representantes dos trabalhadores, do Governo e da CBIC (Câmara Brasil da
 Indústria da Construção).
“Quanto aos pisos da categoria é evidente, para qualquer simples 
mortal, o quanto o setor da construção tem lucrado e quanto temos 
demonstrado disposição em encontrar uma equação para esse item. Vamos 
aguardar a nova proposta, mas se não houver evolução vamos à greve”, 
afirma Lopes.
O também coordenador geral da entidade, Ailson Cunha, que ao lado de 
Cléber Rabelo (diretor licenciado da entidade) conduziu o protesto, 
ressalta que os trabalhadores não vão aceitar o retrocesso. “Além do 
reajuste, da Cesta, da pauta das mulheres é bom que os patrões saibam 
que nós não vamos aceitar nenhum retrocesso nas cláusulas já 
conquistadas e muito menos qualquer ataque ao direto do exercício de 
nossa ação sindical como eles estão propondo. Se insistirem, só por este
 último tema vamos à greve”, finaliza o dirigente.
Uma nova assembleia da categoria está marcada para o próximo dia 3 de setembro.
* Fonte: CSP-Conlutas 

 
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