segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Construção Civil de Belém (PA) indica greve para 4 de setembro

No último dia 23 de agosto os trabalhadores da C. Civil de Belém tomaram as ruas da capital paraense. A passeata começou em frente à sede do sindicato, na TV. 9 de Janeiro, e seguiu até a sede do SINDUSCON-PA (sindicato dos empresários).  Lá, eles realizaram uma assembleia e votaram o indicativo de greve da categoria com previsão de início para o próximo dia 4 de setembro.

Eram aproximadamente 5 mil operários e operárias que em marcha gritavam “te cuida, te cuida, te cuida patronal, ou muda essa proposta ou vai ter greve geral!”. O grito permeado de um misto de indignação e disposição de luta fazia referência à recusa da proposta dos patrões que até agora insistem um reajuste de apenas 5%, propõe a retirada de uma cláusula que obriga os empresários a pagar o valor do “beneficio previdenciário” em caso de atraso por parte do INSS e, ainda, tenta impor restrições duríssimas ao acesso do sindicato aos canteiros de obra.

Os trabalhadores pedem um reajuste geral de 16% e aumentos específicos nos pisos salariais da categoria. Para os profissionais, que hoje ganham R$ 900,00, a entidade reivindica um novo piso no valor de R$ 1.120,00. Para os ajudantes a proposta é que sejam elevados dos atuais R$ 650,00 para R$ 780,00, por exemplo. O direito a cesta básica é outro ponto decisivo nesse impasse, assim como o direito a eleição de delegados sindicais de base e uma pauta específica pras mulheres da Construção Civil que, entre outras reivindicações, exigem qualificação e classificação profissional. “Em Belém, a mulher entra servente e morre servente na obra, chega!”, indigna-se a coordenadora geral do sindicato, Deusarina de Almeida, a Deuzinha.

Para sindicato dos trabalhadores patrões podem evitar greve – Ainda que a recepção à marcha dos operários tenha sido a presença de homens do Batalhão de Choque na porta do SINDUSCON-PA, uma comissão dos empresários recebeu uma representação dos trabalhadores e se comprometeu em “pensar” em uma nova proposta até o dia 3 de setembro, véspera da greve.

Para o coordenador do Sindicato da Construção Civil de Belém e membro da Sec. Exec. Nac. da CSP-Conlutas, Atnágoras Lopes, não é possível sair dessa campanha sem que os trabalhadores passem a ter o direito à cesta básica, coisa que já existe na maioria das capitais brasileiras. De acordo com ele, a categoria também não pode continuar com o atraso no que se refere à pauta das companheiras mulheres, e essa situação, inclusive, é uma vergonha para Belém.

Segundo o Lopes, o tema dos delegados sindicais pode sim evoluir nesse acordo, é o que orienta o MPT (Ministério Público do Trabalho), bem como esse é um tema que já está sendo tratado nacionalmente por representantes dos trabalhadores, do Governo e da CBIC (Câmara Brasil da Indústria da Construção).

“Quanto aos pisos da categoria é evidente, para qualquer simples mortal, o quanto o setor da construção tem lucrado e quanto temos demonstrado disposição em encontrar uma equação para esse item. Vamos aguardar a nova proposta, mas se não houver evolução vamos à greve”, afirma Lopes.

O também coordenador geral da entidade, Ailson Cunha, que ao lado de Cléber Rabelo (diretor licenciado da entidade) conduziu o protesto, ressalta que os trabalhadores não vão aceitar o retrocesso. “Além do reajuste, da Cesta, da pauta das mulheres é bom que os patrões saibam que nós não vamos aceitar nenhum retrocesso nas cláusulas já conquistadas e muito menos qualquer ataque ao direto do exercício de nossa ação sindical como eles estão propondo. Se insistirem, só por este último tema vamos à greve”, finaliza o dirigente.

Uma nova assembleia da categoria está marcada para o próximo dia 3 de setembro.

* Fonte: CSP-Conlutas

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