Metalúrgicos, bancários, petroleiros,
trabalhadores do Correios, químicos, gráficos, trabalhadores da
construção civil do Pará, entre outras categorias, já deram o ponta pé
inicial em suas campanhas salariais. Os trabalhadores dessas categorias
já começam a se mobilizar, alguns com indicativo de greve para os
próximos dias, outros já estão paralisados, e todos com objetivos comuns
de brigar por aumento real de salários e melhores condições de
trabalho.
As greves não serão fáceis. “Serão
longas e radicalizadas”, afirma o especialista do Ilaese (Instituto
Latino Americano de Estudos Sócios Econômicos), Nazareno Godeiro. Na
última reunião da Secretaria Executiva Nacional ampliada, realizada no
último dia 5, Godeiro abordou a situação mundial e do Brasil e apontou a
perspectiva da desaceleração da economia para o próximo período no
Brasil. “Por isso, o maior argumento dos empresários e do governo para
não dar os aumentos será a perspectiva da crise”, reforçou.
Entretanto, o especialista chamou a
atenção para a alta lucratividade das grandes empresas nos últimos anos.
“Com essa alta lucratividade, eles tem condições de atender as
revindicações”, frisou Godeiro, defendendo que é possível que haja
vitórias nas campanhas.
Além disso, o balanço das campanhas
salariais do primeiro semestre feito pelo Dieese, que apontou para os
maiores reajustes desde 2006, deve servir como exemplo para as
categorias que estão em luta agora. Das 370 categorias analisadas pelo
Dieese, 97% conquistaram, além do reajuste, aumento real de salários. Em
média, segundo o estudo do Dieese as categorias analisadas conquistaram
aumento de 2,5%. O destaque ficou para o setor da construção e
mobiliário que enfrentou diversas lutas duras e radicalizadas e
conquistou aumento real de 3,27%.
O membro da Secretaria Executiva
Nacional, Paulo Barela, também da Oposição Nacional da ASSIBGE, lembrou
que o funcionalismo conseguiu quebrar 10 anos de congelamento salarial,
apesar de não ter obtido o resultado que estava buscando. “Foi uma
vitória política importante, a força da greve obrigou o governo a abrir
negociação”, disse reforçando a necessidade de unificação das campanhas
salariais do segundo semestre, assim como fizeram os servidores públicos
federais. Segundo ele, o resultado dessa greve, além da forte
disposição de luta dos servidores, foi a unidade construída entre as
várias organizações que possibilitou a unificação da greve, em que
pesasse as diferentes pautas de cada setor.
Por isso, a CSP-Conlutas reforça que
todas as categorias em campanha salarial neste semestre unifiquem suas
lutas, com datas únicas e bandeiras políticas comuns. Entre elas, como a
denúncia do governo Dilma e dos governos estaduais, que dão dinheiro
para as empresas por meio de isenções de impostos (IPI), desoneração da
folha de pagamento, etc. Denunciar a nova reforma da previdência que
quer acabar com a aposentadoria por contribuição e instituir a idade
mínima de 65 anos para os homens e 60 para as mulheres, para a
aposentadoria, assim como o fator 85/95 e defender o fim do fator
previdenciário. Denunciar a tentativa de flexibilização das leis
trabalhistas através do projeto de lei do Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC (CUT) que estabelece o ACE (Acordo Coletivo Especial) e exigir
regulamentação do direito de greve e contra a criminalização dos
movimentos.
Além disso, é necessário fortalecer as
campanhas salariais com reivindicações referentes às demandas
específicas dos setores mais oprimidos de nossa classe, como as
mulheres, negro e negras e LGBT. Materializar a campanha “Salário Igual,
para Trabalho Igual” com reivindicações relacionadas a esses
segmentos.
Veja o quadro, até o momento, das campanhas salariais:
Bancários de
todo país já apresentam indicativo de greve para o dia 18 de setembro,
com assembleias marcadas para os dias 12 e 17 do mesmo mês. Esses
trabalhadores realizaram um dia de luta em 3 de setembro que marcou o
início da campanha. No Pará, os bancários do Banpará já decretaram greve e desde o dia 4 de setembro seguem mobilizados.
Os bancários organizados pelo MNOB
(Movimento Nacional de Oposição Bancária), que integra a CSP-Conlutas,
reivindicam jornada de seis horas sem redução salarial e isonomia para
todos; mesmo direitos para antigos, novos e bancários de bancos
incorporados; reposição das perdas salariais e ratificação da convenção
158 da OIT (que proíbe a demissão imotivada). A pauta nacional da
categoria reivindica 10,25% de reajuste, PLR e piso de R$ 2,4 mil. Já
houve quatro rodadas de negociação, mas a proposta de 6%, apresentada
pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), foi recusada.
Os metalúrgicos de São José dos Campos e região estão na Campanha Salarial Unificada com Campinas, Limeira e Santos. Os metalúrgicos da General Motors, em São José dos Campos,
conquistaram 8,24% de reajuste salarial, a partir de 1º de outubro,
mais R$ 3.250 de abono. O acordo foi aprovado em assembleia, nesta
terça-feira ( 11) entre os trabalhadores de todos os turnos. O índice
representa 5,39% de inflação mais 2,7% de aumento real. Os Trabalhadores
da TI Automotive, também em São José dos Campos, e da Schrader, em
Jacareí, rejeitaram, nesta terça-feira, a proposta de reajuste salarial
apresentada pelo grupo de setor de autopeças. O Sindipeças (sindicato
patronal do setor) quer aplicar apenas a inflação do período (setembro
de 2011 a agosto de 2012). Em quase todos os setores,
as empresas se recusam a conceder aumento real aos trabalhadores. A
exceção é o setor de Fundição, que propôs 1,5% além da inflação. A
proposta também foi rejeitada na mesa de negociação.
Os trabalhadores dos Correios,
em assembleias realizadas nesta segunda-feira (10), rejeitaram a
proposta apresentada pela empresa de reajuste de 5,2%. A categoria
encaminhou uma nova assembleia para o dia 18 de setembro com indicativo
de greve para a zero hora do dia 19. Dos 35 sindicatos que representam
os trabalhadores ao menos 15 realizaram assembleias e rejeitaram a
proposta, os demais ainda irão realizar assembleias nesta terça-feira
(11) e um setor minoritário fará assembleia somente no dia 25 de
setembro. A categoria reivindica 33% de reajuste, referentes às perdas
salariais dos últimos 12 anos, 10% de aumento real, R$ 200 de aumento
linear para todos, entre outras demandas.
Os petroleiros organizados
pela FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) também estão em luta para
que sejam contempladas as clausulas sociais e econômicas em sua pauta
de reivindicações. Segundo informações da FNP, foi reafirmado na
primeira reunião com a Petrobrás, realizada no dia 5 de setembro, que os
responsáveis por determinar os limites da negociação são os
trabalhadores que querem que sejam contempladas as pautas sociais e
econômicas. Além disso, a FNP reivindica o ICV-DIEESE e 10% de
produtividade, o que totaliza 16% de antecipação, incorporada ao salário
básico da categoria.
Os operários da construção civil do Pará
estão em greve e em pé de guerra com os patrões por aumento real. Com a
unificação das campanhas dos trabalhadores cidades de Belém, Ananindeua
e Marituba, a mobilização ganha peso com manifestações que reúnem mais
de 5 mil operários. Os trabalhadores pedem um reajuste geral de 16% e
aumentos específicos nos pisos salariais da categoria. O direito à cesta
básica é outro ponto decisivo nesse impasse, assim como o direito a
eleição de delegados sindicais de base, entre outras reivindicações.
Outro diferencial dessa campanha é pauta especifica das mulheres que
estão na luta por creche e licença maternidade de seis meses, entre
outras reivindicações.
* http://cspconlutas.org.br
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