*Por
Josivaldo Moreira e Pedro Ferreira
Com muito esforço e dedicação, bem como
contrariando a vontade de boa parte da sociedade temos acompanhado em Campos
Belos a educação de jovens e adultos que se encontram detidos no presidio da
cidade. Sabemos que não é um trabalho fácil, sobretudo por que predomina uma
consciência conservadora na sociedade de que quem já foi preso, não importa o
crime que cometeu não merecem uma segunda chance.
Partindo do relato da experiência de
educadores, educandos bem como de demais pessoas envolvidas com o projeto
podemos afirmar que o resultado tem sido bastante positivo. Não só por garantir
o direito de todos, acesso a educação, mas, sobretudo por dar a oportunidade
desses seres humanos construírem uma nova história.
Os educandos com muita disciplina e respeito
aos educadores têm conseguido desenvolver o aprendizado bem rapidamente,
sobretudo em relação a aprender ler e escrever, bem como também melhora o seu
comportamento na unidade prisional com vista a sua reinserção na sociedade.
Aquele que consegue a liberdade à primeira coisa que tem feito é continuar os
estudos na escola regular.
Só quem já esteve em uma prisão mesmo que só
visitando pode imaginar minimamente a condição de vida daqueles que ali vivem. E
o que temos percebido é que a sala de aula tem sido um espaço de construção de sonhos
e esperança de uma nova vida daqueles que ali foram condenados a viver.
Os desafios da educação de jovens e adultos
seja em que espaço for não é fácil, falta recursos, material pedagógico,
profissionais preparados para atuar nessa modalidade de ensino, burocracia bem
como a falta de prioridade por parte dos gestores públicos. No espaço prisional
essas dificuldades triplicam.
Mas o grande desafio é superar a consciência
conservadora de que aqueles sujeitos que estão presos não devem ter direitos,
que lutar pelos direitos humanos é coisa de bandido, de que bandido bom é
bandido morto (dês de que seja preto, pobre e da periferia).
Enquanto educadores populares cumprimos a
missão de levar a formação não importando em qual espaço for, dês de um
acampamento de sem terras nas margens das rodovias a uma unidade prisional.
Pois acreditamos na educação como um instrumento de transformação, não apenas
do individuo, mas, sobretudo desse sistema que nos é imposto.
É comum ouvirmos dos educandos o
agradecimento através de cartas entre outros meios por estarmos os tratando como
seres humanos e por lhes estarem dando uma segunda chance, entendemos isso,
sobretudo, por que muitas vezes são abandonados pelas próprias famílias. Mas também
não deixamos de ressaltar que não estamos fazendo caridade, pois educação é um
direito de todos e dever do estado.
Por fim o que nos move acima de tudo é saber
que estamos indo contra uma estrutura conservadora, exploradora e
criminalizadora. E se estamos incomodando e trazendo mais gente consciente para
o nosso lado é por que então estamos no caminho certo.
*Josilvado
Moreira – Educador Popular e Gestor do Programa de Extensão de EJA da Unidade Prisional
de Campos Belos.
Pedro
Ferreira – Educador Popular e responsável por acompanhar os processos de
articulação política e formação no nordeste goiano pela RECID-GO.
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