sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Reforma Agrária quando...? Ou radicalizamos a luta por uma reforma agrária de fato ou abandonamos de vez essa bandeira!



"Quero ver do Sul ao Norte
O nosso caboclo forte
Trocar a casa de palha
Por confortável guarida
Quero a terra dividida
Para quem nela trabalha." 
                                             (Patativa do Assaré)


*Por Pedro Ferreira

Terminaremos 2012 novamente como um dos piores anos das ultimas décadas no processo da política de assentamento de novas famílias por parte do governo federal. Por outro lado vemos um crescimento do agronegócio não apenas através do apoio econômico do governo federal como também através de leis que flexibilizam as leis trabalhista no campo, que afrouxou na punição de crimes ambientais, que possibilita a usurpação dos territórios indígenas entre outros. Pois foi nesse sentido que foi aprovado o novo código florestal e a portaria 303 que permite a remarcação das terras indígenas e outras tantas derrotas que sofremos no congresso nacional por parte da bancada ruralista e do governo Dilma. Militantes dos movimentos de luta pela terra afirmam que vivemos em um período de reformas de base em favorecimento ao agronegócio.

Nos últimos anos tenho participado ativamente de ocupações, marchas entre outras mobilizações dos movimentos campesinos de luta pela terra em Goiás e no Brasil, bem como participando dos espaços de articulação política. Há alguns anos temos feito a analise do abandono por parte do PT e dos governos liderado por esse partido, do abandono da reforma agrária. Nesse sentido construímos varias ações conjuntas no sentido de fortalecer a luta pela terra, ou no mínimo manter a chama acesa.

O fato da maioria dos movimentos camponeses terem uma relação histórica com o PT fez com que nos últimos anos suas direções (cooptadas) recuassem nas ocupações e pressões mais aguda ao governo federal. Por outro lado sem vitórias concretas, formação e trabalho de base os movimentos perderam boa parte de suas bases que preferiram irem para as cidades atraídas pelo crescimento da oferta de trabalho (precarizado), políticas compensatórias e o mercado de consumo (endividamento).

O encontro unitário dos povos do campo realizado no mês de agosto em Brasília foi um avanço no processo de construção de unidade das organizações que atuam no campo, não só camponesa, como também os indígenas, quilombolas e ribeirinhos. E um exemplo do potencial revolucionário que a questão agrária tem no país. No entanto também mostrou as vacilações por parte das direções dos movimentos em relação a ações mais radicais de ruptura com o governo (o discurso do mal menor acaba definindo nossas ações).

Já o governo federal profundamente aliado com a burguesia agrária não vacila um instante em coordenar um processo de anti-reforma agrária profundo, de ataques ao que a luta camponesa conquistou sob o sangue de muitos camaradas que tombaram ao longo do caminho.

Os movimentos de luta pela terra encontram se numa encruzilhada - radicalizar ou não a luta por reforma agrária no Brasil. Romper ou não com o governo petista (o mal menor para muitos). Um dilema que pode ser facilmente resolvido, precisamos apenas resgatar o papel do movimento popular combativo. Ora não devemos nos aliar com nenhum governo que não defende e nem representa os nossos interesses. O papel do movimento popular é pressionar através da luta os nossos direitos negados e usurpados.

É inegável a necessidade de uma reforma agrária de fato no Brasil, bem como das organizações de luta da classe trabalhadora assumir e tocar essa luta nunca de forma isolada, mas conjunta com as lutas por uma transformação econômica e social no país.

Se as ações de articulação e mobilização desencadeadas, sobretudo depois do encontro unitário dos povos do campo não se tornarem em ações concretas como ocupações conjuntas de latifúndios e órgãos públicos, paralisação de rodovias, marchas e o acampamento permanente em Brasília. Devemos decretar o fim da luta pela reforma agrária no Brasil, sobretudo para ás milhares de famílias que ainda resistem nas margens das rodovias em baixo de barracas de lona em situação degradante na esperança de um dia ter um pedacinho de terra para produzir e sobreviver.

Mas se a opção é continuar levando adiante essa bandeira devemos parar de fazer discursos e lamentos sobre a traição do governo do PT. Façamos de fato de 2013 um ano de luta camponesa incessante no campo e na cidade, juntamente com o conjunto das organizações de luta da classe trabalhadora. Pois afinal de conta a nossa luta não é apenas por reforma agrária e sim pela superação do sistema capitalista e construção do socialismo.

*Pedro Ferreira é educador e militante dos movimentos populares de Goiás e do Bloco de Resistência Socialista. 

Mais uma liderança camponesa assassinada na luta pela terra


*Do site da CPT Nacional


No dia 29 de novembro, morreu atingido por três disparos Orlando Pereira Sales, o Paraíba, liderança do Acampamento Paulo Freire 3 de Seringueiras. Segundo as informações recebidas pela CPT RO, ele morreu depois de ser atingido por dois disparos de rifle e um projetil de calibre 22 na cabeça. Os agressores fugiram do local em uma moto escura. O fato aconteceu no Assentamento Chico Mendes, em Presidente Médici, onde o Paraíba tinha sido assentado pela reforma agrária. 

 
Paraíba havia voltado para o assentamento após o grupo de famílias de Seringueiras que liderava ter sido despejado judicialmente pelo fazendeiro Sebastião de Peder, titular da fazenda Riacho Doce.
 
A área, uma terra pública sem documentação, vem sendo reivindicada pelo Incra. Um grupo de 82 famílias tinham permanecido morando e trabalhando por dois anos no local, sendo despejados em 13 de setembro de 2012. Esta é a sexta morte violenta por causa de conflitos agrários registrada este ano no estado de Rondônia. 
 
O delegado Agrário da região, Dr Ícaro, confirmou o fato e informou que polícia civil e militar de Rolim de Moura já haviam se deslocando até o local onde ele foi atingido para realização da perícia criminal.
 
Paraíba já fez parte do Movimento Sem Terra (MST) e após sair do movimento liderou a criação de acampamentos independentes de sem terra, sendo uma liderança controvertida.
 
No Paulo Freire 3, em Seringueiras, o dia 1º de agosto de 2011, Paraíba e outra liderança foram atingidos por tiros nas pernas após um confronto no acampamento Paulo Freire, onde os dirigentes tentavam evitar a venda de demarcações por alguns elementos do grupo. Os suposto atiradores, dois irmãos, foram detidos e entregues a polícia, porém permaneciam soltos até agora.
 
Após o acampamento sofrer impunemente diversos atos de pistolagem, no começo do ano Paraíba passou a sofrer graves ameaças e tentativas de assassinato, devendo fugir do local no dia 14 de março. No mesmo dia registrou queixa na Delegacia de Seringueiras e no dia 15 no MP em São Miguel do Guaporé. Na noite do dia 15 de março, outro agricultor de Seringueiras, José Barbosa da Silva, foi assassinado na rodoviária de Seringueiras após ser confundido com o Paraíba. Um pistoleiro conhecido como Martimar Pereira Miranda, é um dos suspeitos desta morte e está preso por porte ilegal de armas em São Miguel do Guaporé. Ele teria sido solto há poucos dias. 
 
Já a companheira de Paraíba, Teolídes Viana dos Santos, de 43 anos de idade, está recuperando dos golpes de foice que recebeu na cabeça em uma tentativa de homicídio no dia 4 de agosto. Teolídes foi ferida mesmo após o grupo de 45 famílias liderado pelo Paraíba ter aceito acordo pacífico em Audiência Pública da Ouvidoria Agrária realizada no dia 01/08/1
 
As famílias continuam acampadas nas proximidades da fazenda Riacho Doce e denunciam que têm sofrido intimidações por parte de jagunços armados.

DIREITO DE GREVE E PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS NÃO SE NEGOCIA

ABRIR MÃO DO DIREITO DE GREVE E ACEITAR O BANCO DE HORAS É AS PROPOSTAS QUE ESTÃO POR TRÁS DO RECONHECIMENTO DO PEF COMO PLR NA AMBEV DE JACAREI

*Por Joaquim Aristeu (Boca)
Foto: ABRIR MÃO DO DIREITO DE GREVE E ACEITAR O BANCO DE HORAS É AS PROPOSTAS QUE ESTÃO POR TRÁS DO RECONHECIMENTO DO PEF COMO PLR NA AMBEV DE JACAREI 
Desde junho de 2012 que a gerencia da AmBev de Jacareí, uma das maiores unidades em produção da companhia vem tentando a todo custo enfiar uma proposta para fechamento da campanha salarial que impõe uma aceitação de um programa de remuneração variável chamado PEF ( de Excelência Fabril).
Por trás deste nome bonito esta o atrelamento de varias metas absurdas, metas estas que são impostas pela direção coorporativa da companhia sem que a direção do Sindicato e os trabalhadores possam interferir participando da elaboração das mesmas. 
E que metas são estas
Não poderá existir greve durante a vigência do
 mesmo, se ocorrer a unidade será desclassificada.
Para que seja comprido a politica de custo da mesma, chamado OBZ, não pode pagar horas extras durante a vigência do mesmo, então tem que existir o banco de horas.
Precisa ser reduzido a zero os acidentes graves na fabrica e não pode ocorrer nenhum tipo de acidente fatal, se isso vier ocorrer a unidade estará fora da premiação
As metas de produção são altíssimas e nelas estão embutidas as famosas avaliações individuais que obriga os trabalhadores a uma burocracia de preencher diversas planilhas e participar de reuniões nos finais de turno de trabalho sem receber horas extras.
Nos meses de outubro a março e em especial no natal e carnaval enquanto todos estão festando os trabalhadores da AmBev estão trabalhando, nesta época chegam a trabalhar até 60 dias sem folgas.
Com isso o assédio moral e os acidentes do trabalho são uma constante,
 fazendo da AmBev uma das empresas com maior índice de acidentes e doenças do trabalho na Região, inclusive com um acidente fatal em março deste ano. 
É bom dizer que este programa de remuneração variável chamado PEF, NÃO GARANTE ANTECIPADO NENHUM VALOR, depende daquilo que a empresa faturar durante o ano de vigência e a premiação é destinada as 10 melhores colocadas entre as mais de trinta unidades da companhia, ou seja o trabalhador pode se matar de trabalhar e depois ser desclassificada por um acidente fatal como ocorreu em Jacarei neste ano, ou uma greve por salários na data base.
O QUE ELA DA EM TROCA DESTE SACO DE MALDADE
7,5% DE AUMENTO EM UMA DATA BASE QUE SE ARRASTA DESDE O MÊS DE JULHO
800 REAIS DE ABONO
40% DE UM SALARIO COMO PLR EM MARÇO, HAJA VISTO QUE OS TRABALHADORES JÁ ESTÃO DECLASSIFICADO DEVIDO AO ACIDENTE FATAL QUE OCORREU EM MARÇO
Esta correto a direção do
 sindicato em não ter aceitado a levar para assembleia este saco de maldade, aceitar um índice que chega a ser até menor que a concorrente e um abono de apenas 800 reais e uma garantia de PLR, PEF de menos de meio salario, em troca do reconhecimento deste programa de metas abusivo seria aceitar que não vai fazer mais greve, vai acatar este banco de horas que diga se de passagem não é reconhecido pelo sindicato e aceitar que a culpa pelos acidentes são dos trabalhadores.
Nós como parte da diretoria executiva da CSP CONLUTAS ESTADUAL SÃO PAULO, apoiamos a posição dos diretores do sindicato que são contra esta proposta e temos levado a todos os fóruns de discussão sindical onde participamos a denuncia desta politica ante sindical da maior cervejaria do mundo, a exemplo do que ocorreu no ultimo dia 28 de novembro em Brasília em uma plenária com centenas de sindicatos, centrais e confederações onde fizemos uso da palavra para
 denunciar esta pratica da AmBev de Jacareí.
JOAQUIM ARISTEU BENEDITO DA SILVA
MEMBRO DA DIRETORIA EXECUTIVA DA CSP CONLUTAS ESTADUAL SÃO PAULODesde junho de 2012 que a gerencia da AmBev de Jacareí, uma das maiores unidades em produção da companhia vem tentando a todo custo enfiar uma proposta para fechamento da campanha salarial que impõe uma aceitação de um programa de remuneração variável chamado PEF ( de Excelência Fabril).

Por trás deste nome bonito esta o atrelamento de varias metas absurdas, metas estas que são impostas pela direção coorporativa da companhia sem que a direção do Sindicato e os trabalhadores possam interferir participando da elaboração das mesmas.

E que metas são estas

Não poderá existir greve durante a vigência do mesmo, se ocorrer a unidade será desclassificada.
Para que seja comprido a politica de custo da mesma, chamado OBZ, não pode pagar horas extras durante a vigência do mesmo, então tem que existir o banco de horas.

Precisa ser reduzido a zero os acidentes graves na fabrica e não pode ocorrer nenhum tipo de acidente fatal, se isso vier ocorrer a unidade estará fora da premiação.

As metas de produção são altíssimas e nelas estão embutidas as famosas avaliações individuais que obriga os trabalhadores a uma burocracia de preencher diversas planilhas e participar de reuniões nos finais de turno de trabalho sem receber horas extras.

Nos meses de outubro a março e em especial no natal e carnaval enquanto todos estão festando os trabalhadores da AmBev estão trabalhando, nesta época chegam a trabalhar até 60 dias sem folgas.
Com isso o assédio moral e os acidentes do trabalho são uma constante, fazendo da AmBev uma das empresas com maior índice de acidentes e doenças do trabalho na Região, inclusive com um acidente fatal em março deste ano.

É bom dizer que este programa de remuneração variável chamado PEF, NÃO GARANTE ANTECIPADO NENHUM VALOR, depende daquilo que a empresa faturar durante o ano de vigência e a premiação é destinada as 10 melhores colocadas entre as mais de trinta unidades da companhia, ou seja o trabalhador pode se matar de trabalhar e depois ser desclassificada por um acidente fatal como ocorreu em Jacarei neste ano, ou uma greve por salários na data base.

O QUE ELA DA EM TROCA DESTE SACO DE MALDADE

7,5% DE AUMENTO EM UMA DATA BASE QUE SE ARRASTA DESDE O MÊS DE JULHO 800 REAIS DE ABONO

40% DE UM SALARIO COMO PLR EM MARÇO, HAJA VISTO QUE OS TRABALHADORES JÁ ESTÃO DESCLASSIFICADO DEVIDO AO ACIDENTE FATAL QUE OCORREU EM MARÇO

Esta correto a direção do sindicato em não ter aceitado a levar para assembleia este saco de maldade, aceitar um índice que chega a ser até menor que a concorrente e um abono de apenas 800 reais e uma garantia de PLR, PEF de menos de meio salario, em troca do reconhecimento deste programa de metas abusivo seria aceitar que não vai fazer mais greve, vai acatar este banco de horas que diga se de passagem não é reconhecido pelo sindicato e aceitar que a culpa pelos acidentes são dos trabalhadores.

Nós como parte da diretoria executiva da CSP CONLUTAS ESTADUAL SÃO PAULO, apoiamos a posição dos diretores do sindicato que são contra esta proposta e temos levado a todos os fóruns de discussão sindical onde participamos a denuncia desta politica ante sindical da maior cervejaria do mundo, a exemplo do que ocorreu no ultimo dia 28 de novembro em Brasília em uma plenária com centenas de sindicatos, centrais e confederações onde fizemos uso da palavra para denunciar esta pratica da AmBev de Jacareí.

*JOAQUIM ARISTEU BENEDITO DA SILVA  É MEMBRO DO BLOCO DE RESISTÊNCIA SOCIALISTA E DA DIRETORIA EXECUTIVA DA CSP CONLUTAS ESTADUAL SÃO PAULO

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Delegado da PF é acusado de matar indígena no Mato Grosso


*Por Ruy Sposati
7 de novembro
Na manhã daquele dia, 400 botas pularam de três helicópteros camuflados e de voadeiras alugadas de ribeirinhos, espalhando-se estrategicamente pelo território indígena, amassando as formigas da aldeia Teles Pires.
Era a Polícia Federal (PF) e a Força Nacional de Segurança, acompanhados da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), executando manobras da Operação Eldorado, uma mega ação de desmantelamento de esquemas de garimpagem ilegal nos estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia, Amazonas, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Chegaram 244 anos depois do vigário José Monteiro de Noronha ter anotado pela primeira vez em seu caderninho, em 1768, a presença dos primeiros Munduruku – chamados por ele de de “Maturucu” – às margens do rio Maués, no hoje estado do Amazonas.
Depois do pouso, E. M. e um grupo de lideranças saíram à procura de representantes da Funai e do chefe da operação para conversar. Só encontraram o delegado da Polícia Federal, Antônio Carlos Moriel Sanches, que, segundo as lideranças, reponsável pela intervenção. "O delegado falou que não tinha conversa com autoridade, com indígena, tinha que fazer o que foram fazer", conta E. M.. "Uma liderança [indígena] telefonou para Brasília, e de lá falaram que era pra avisar o delegado que não fizesse nada até que alguém de Brasília chegasse lá".
"Nessa hora, só estava a Polícia Federal. O pessoal da Funai e do Ibama estavam juntos com os policiais, sobrevoando em dois helicópteros e deixando os policiais em locais estratégicos para invadir a aldeia", assinala E. M..
"O delegado começou a empurrar as lideranças. Eu também fui empurrado. O delegado disse que não tinha conversa com ninguém, nem com cacique nem com liderança". Nesse momento, segundo E. M., estavam presentes as lideranças, caciques, seguranças de caciques, mulheres e crianças.
"Foi quando o delegado tirou o revólver para atirar na liderança que ele empurrou. Foi nessa hora que o segurança do cacique empurrou o braço do delegado, que escorregou e caiu na água, porque ali era um declive e chão é liso", explica.
Foi então que a Polícia Federal abriu fogo contra os indígenas. "Os dois primeiros tiros contra a vítima foram dados pelo delegado, que ainda estava dentro d'água, com a água pela cintura. Vários policiais começaram a atirar contra os indígenas".
Segundo os relatos, três tiros acertaram as pernas da vítima Adenilson Kirixi, que perdeu o equilíbrio e caiu na água, sem conseguir se levantar novamente. "Nessa hora, o delegado deu um tiro na cabeça do Adenilson, que caiu morta e afundou no rio". Segundo os indígenas, o delegado foi resgatado pelos policiais e levado para cima da draga. "Aí os policiais jogaram uma bomba no Adenilson, quando o corpo já estava afundando no rio".
Quando os indígenas tentaram resgatar o corpo do parente, foram alvejados pelos policiais que estavam em terra. "Eles diziam que não era para pegarmos o corpo. Do helicóptero, a polícia atirava e jogava bombas de efeito moral na aldeia, no meio de todo mundo, com as mulheres, as crianças", relata.
Procurada pelo Blog do Amazônia, a Polícia Federal não quis se manifestar sobre as acusações. Segundo a assessoria de comunicação, talvez a PF e a Funai se manifestem conjuntamente sobre o caso nos próximos dias.
Meu irmão
G. K. era irmão de Adenilson. "Quando ouvi o tiroteio, fui correndo para a beira do rio. Estavam dizendo que meu tio tinha morrido. Eu queria saber se era verdade. Os policiais jogaram bomba e spray de pimenta. Meu olho ardeu e eu fiquei sem rumo". O indígena relata G. K. era irmão de Adenilson. "Quando ouvi o tiroteio, fui correndo para a beira do rio. Estavam dizendo que meu tio tinha morrido. Eu queria saber se era verdade. Os policiais jogaram bomba e spray de pimenta. Meu olho ardeu e eu fiquei sem rumo". O indígena relata que um terceiro helicóptero teria chegado nesse momento, com mais policiais. Foi quando ele saiu correndo em direção à mata, perseguido pela PF. "Me escondi embaixo das árvores, ouvindo o barulho das bombas, dos helicópteros e dos tiros. Tinha mais gente escondida lá também", relembra. Três horas depois, G. K. volta à aldeia e insiste em apurar informações sobre a morte do irmão.
"Os policiais me diziam que não tinha ninguém morto, que os feridos estavam no hospital. Meu irmão não estava lá". O Munduruku encontrou, então, o servidor da Funai, Paulão – os indígenas não sabem de onde veio -, que acompanhava a Operação. Ele também lhe negara ter havido alguma morte.
Segundo todos os relatos, Paulão teria sido o servidor da Funai responsável pelo acompanhamento da Operação.
O laudo cadavérico realizado pela Polícia Civil do Mato Grosso (veja) confirmou que Adenilson Kirixi levou três tiros na pernas e um tiro frontal na cabeça. Nao há informaçao se houve apreensão e perícia na arma que efetuou – ou nas armas que efetuaram – os tiros.
Parte dos indígenas fugiram para a mata, parte para as reisdências, imaginando que ali estariam seguros. Durante a fuga, dois indígenas foram gravemente feridos pelos policiais. E. M. e O. K. estão hospitalizados em Cuiabá. Outros indígenas também foram levados para o hospital. O pelotão, então, invadiu a aldeia, arrombando portas e janelas, jogando bombas dentro dos domilícios "Levaram tudo o que tinha dentro das casas, nossos facões, facas, espingarda de caça", atesta.
"Chutaram meu pai"
"Eu vi os tiros e saí correndo pra pedir socorro no rádio e na internet. "Quem estava no rádio comigo ouvia os tiros", conta I. W.. "O meu pai chegou onde eu estava, ferido. Tinha levado um tiro de bala de borracha. A gente saiu começou a gritar pra eles pararem de atirar, mas eles não pararam", relata I. W.. "Corriam atrás da gente e atiravam. Atiraram na mulher do meu irmão, que está grávida de 8 meses. Atiravam com bala de borracha e com bala de verdade também".
"Então entramos de novo em casa, com mais umas dez pessoas. A polícia arrombou a porta e entrou jogando bombas de gás lacrimogêneo na gente. Tinha uma mulher com um bebê de dois meses lá dentro". Segundo I.W., os policiais mandaram todos saírem da casa e colocarem as mãos na cabeça. "Chutaram o meu pai e agrediram todos os homens que estavam ali. Eu dizia pra eles que a gente não era bandido pra ser tratado daquele jeito".
Segundo I. W., aos homens – também idosos e crianças – foi ordenado que deitassem no chão com as mãos na cabeça, enquanto as mulheres e crianças foram mantidas como reféns, separadamente, no campo, com armas apontadas para elas. "As mulheres e crianças ficaram o dia inteiro debaixo do sol, com os policiais armados em volta. A gente pediu comida, mas não deram. Não deixavam a gente falar a nossa língua, só português". "Eu gritava, e o policial me perguntou se eu estava com raiva. Eu respondi que sim, porque estavam invadindo a aldeia e as casas. Os policiais disseram que tinham um mandado judicial e que só estavam cumprindo sua obrigação. Eu perguntei pra eles se o juíz também tinha autorizado que eles invadissem as casas e agredissem as pessoas".
"Arrombaram o posto de saúde, jogaram uma bomba de gás e apontaram uma arma para a cabeça da técnica de enfermagem, L. R.. Jogaram os remédios no chão e quebraram os medicamentos. Também atiraram na escola, jogaram bombas e quebraram as telhas", relata. I. W. chorou muito ao contar esta história.
"O tiroteio durou 30 minutos. Parecia filme de guerra. Quando pararam de atirar, um grupo de policiais saiu em busca do corpo que havia afundado no rio, enquanto outros recolhiam cascas de munição e bombas que encontravam pela frente", relembra E. M.. "A gente ficou cercado pelos policiais. Levaram o nosso rádio. Destruíram o motor que gerava energia para a aldeia".
Os índios feridos foram levados de helicóptero para atendimento no Hospital Regional de Alta Floresta, em estado grave. Segundo as lideranças indígenas, ainda estão internados. Os agentes da PF receberam atendimento no local.
E. M. relata as prisões posteriores ao ataque. "Eles levaram 17 pessoas para a fazenda Brascan, onde havia uma base da polícia", conta. O irmão de E. M. também havia sido preso. Uma indígena que acompanhava o irmão que havia sido preso, também foi levada. Eles foram enviados a Sinop, no Mato Grosso – a aldeia fica em Jacareacanga – e depuseram à polícia. Os depoimentos teriam sido acompanhados por um Procurador da Funai de Cuiabá cujo nome não souberam dizer. Posteriormente, foram levados de volta à aldeia pela polícia.
Foi no final da operação, ainda no dia 7, que as dragas e balsas foram destruídas. Segundo os indígenas, cada uma das onze embarcações destruídas no leito do rio tinham de 30 a 40 mil litros de combustível, além de baterias. Eles relatam que os peixes estão morrendo e que não podem usar o rio, agora contaminado pelos fluídos.
Segundo os indígenas, a polícia permaneceu nas proximidades por mais três dias.
Os professores e profissionais de saúde não-índios não querem voltar para a aldeia. Os alunos não querem ir às aulas. A comunidade possui cerca de 500 pessoas, contando com mais duas aglomerações, a dos Kayabi e a dos Apiaká, que também dependem da estrutura de Teles Pires.
Blitzkrieg bop
No dia 6, W. U. conta que indígenas Kayabi compartilharam pelo rádio a informação de que helicópteros estavam sobrevoando suas terras. "Achávamos que eles estavam vindo pra se reunir com a gente", relata. Contudo, segundo W. U., o que estava acontecendo ali era a construção das bases da Operação Eldorado. A primeira fora construída na Fazenda Brascan, localizada no Vale Ximari, em Apiacás (MT), a dez quilômetros da comunidade Kayabi. A segunda base da Operação foi montada a um quilômetro da aldeia, no igarapé Buretama. Foi neste local, "onde há apenas um morador", que um grupo de guerreiros Munduruku foi ter com os policiais para entender o que estava acontecendo.
Quando os indígenas encontraram os policiais, eles estavam evacuando uma das balsas que seria destruída. "Perguntamos o que eles iriam fazer. Eles disseram que não queriam conversa, que vieram fechar o garimpo e explodir as dragas, que tinham uma ordem judicial pra isso". Os indígenas pediram para ver o mandado que autorizava a Operação, e insistiram sobre a necessidade de uma reunião entre a polícia e as lideranças. "Explicamos que o garimpo era o nosso sustento, que não poderiam fechar assim. Trouxemos o documento do acordo com a Funai sobre o garimpo", explica. "Aí começou o desentendimento. Um policial quebrou uma flecha e deu um empurrão num cacique de uma aldeia próxima. Eles falaram pra gente tirar o que a gente quisesse da draga, porque a draga ia ser explodida, e assim foi feito". Segundo W. U., os indígenas retornaram à aldeia para contar ao cacique e outras lideranças que a polícia estava na área e havia destruído uma das embarcações. Os policiais suspenderiam a destruição e só voltariam no dia seguinte.
W. U. foi atingido por bombas e está com marcas de queimadura no corpo.
Segundo todos os relatos, a Força Nacional de Segurança não se envolveu nos momentos de violência da Operação. A Polícia Federal em Mato Grosso decidiu suspender temporariamente a Operação. O MPF do Mato Grosso e do Pará abriram investigação sobre o caso.
Por que mataram Adenilson Munduruku?
E a vida corria bem seu curso para os Munduruku, desde quando Karosakaybu (1) os criara, na aldeia Wakopadi, nas cabeceiras do rio Krepori. E então os pariwat (2) chegaram; para nós, era o século XVIII, com nossas frentes colonizadoras. As coisas nunca são as mesmas, e ali, definitivamente, nunca mais foram as mesmas para os Munduruku.
Os Munduruku, hoje, totalizam pouco mais de 11 mil pessoas, espalhadas em áreas indígenas reivindicadas, demarcadas ou homologadas. A difícil localização e situação de quase isolamento das comunidades – num cenário de pressão das espoliações para a exploração exógena de suas terras e riquezas – os colocaram, ao longo da história, em contextos complexos de conflito com a sociedade envolvente.
Um exemplo disso foi o episódio ocorrido em julho deste ano. Um Munduruku foi barbaramente assasinado com 21 facadas e pauladas que destruíram seu rosto. O corpo da vítima foi encontrado por um morador jogado em um terreno baldio, próximo à residência do pai.  À época, dois dos quatro suspeitos de serem autores do crime foram deixados em liberdade pela polícia civil. A falta de investigação e providências das autoridades foi o estopim para que, enfurecidos, os indígenas cercassem a delegacia da Polícia Civil de Jacareacanga exigindo que a polícia permitisse que eles fizessem justiça com as próprias mãos. A delegacia foi depedrada e incendiada pelos Munduruku – a cidade, sitiada.
Em 2002, a situação do garimpo nas terras indígenas estava calamitosa. Centenas de garimpeiros trabalhavam clandestinamente, viviam dentro das terras indígenas e traziam consigo toda uma cadeia extremamente perversa que orbitava a atividade. Exploração de mão de obra, dominação, drogas e prostituição eram algumas delas. Foi então que os Munduruku também tiveram de começar a resolver as coisas com as próprias mãos, e retiveram os garimpeiros e funcionários da Funai para pressionar o órgão a realizar um acordo que desaguasse numa operação de retirada dos mineradores da área.
"Sabemos perfeitamente que o garimpo, além de ilegal, é ruim para o nosso rio e para a nossa gente", explica V.. "Acontece que essa foi a única forma que encontramos para sobreviver nos últimos tempos", expõe. "Mas nós sempre quisemos acabar com os garimpos".
E então V. apresenta um documento ao qual ainda não foi dada nenhuma publicidade por parte do governo, e que confirma a vontade dos indígenas em terminar com os garimpos. Um ofício registrou uma reunião que ocorrera entre indígenas Munduruku, Kayabi e Apiaká e diversas coordenações da Funai regional e nacional, junto ao MPF-PA, em setembro de 2005, onde os indígenas apresentaram propostas para a substituição do garimpo por um projeto de desenvolvimento e geração de renda para a comunidade.  Como alternativa à extração do ouro, os indígenas exigiam suporte para implantar e consolidar projetos de "produção de artesanato, produção de mel de abelhas, piscicultura, avicultura, implatação de casa de farinha e agricultura (consórcio de culturas). Dentre essas propostas, a mais discutida e que os índios priorizaram foi a de produção de artesanato (…). Quando o índio vai caçar, pega sementes, cipó e vigia a área", relatava o ofício, protocolado nas quatro instituições.
"Façamos"
"Com esses projetos, gradativamente iríamos acabar com o garimpo. Só que esse eles nunca saíram do papel", expõe V.. Então, as comunidades começaram a interferir diretamente na extração ilegal, no sentido de reduzir os impactos causados pela atividade. "Morria muito branco, índio, tinha tráfico de drogas e a Funai não tomava nenhuma providência. E a gente continuava escravo do garimpo. Então nós mesmos tomamos providências". V. relata, então, que os próprios indígenas estabeleceram com os garimpeiros novas regras sobre como se daria o trabalho na área. Proibiram os garimpeiros de portarem armas, levarem bebidas e comercializarem drogas, entre outras coisas. Colocaram placas pela comunidade, para que todos que entrassem informassem o que iriam fazer ali. Em 2010, sob o conhecimento da Funai e do Ibama – e portanto dos ministérios da Justiça e Meio Ambiente – estas regras tornariam-se um "Acordo de parceria para atividade de mineração" entre indígenas Kayabi e os proprietários das balsas.
Com o dinheiro do garimpo, os Munduruku mantinham uma casa de apoio em Jacareacanga. Garantiam a geração de energia para a aldeia. "Os alunos que estudam fora eram mantidos com o dinheiro da mensalidade do garimpo, e tudo o que era comprado [com esse dinheiro] é de toda a comunidade. A manutenção de equipamentos das aldeias vem daí. Quem trabalha dentro da aldeia também recebia daí".
Além das comunidades receberem um pagamento mensal dos proprietários das balsas pela exploração do rio, alguns indígenas trabalham diretamente na mineração. Outros vendem produtos como farinha de puba, polvilho, tapioca, futas, pecados e artesanatos. "Hoje, depois do que aconteceu, nós simplesmente não temos condições de nos manter", lamenta V..
V. explica
Embora considere injusta, V. poderia ao menos compreender uma operação que se limitasse a destruir os instrumentos de extração do minério. Contudo, ele é taxativo ao apontar que "a ação policial não foi só no garimpo. Foi dentro da aldeia. E não existia garimpo dentro da aldeia. Por que atacaram a aldeia, então?"
É certo, então, que esta ação belicosa ofensiva não se explica por si só, levando em conta o acordo citado acima e o contraponto da narrativa dos indígenas à versão da Polícia Federal – ou seja, a retificação de que não houvera "emboscada" alguma dos indígenas contra a operação, conforme declarou a PF em nota pública, justificando publicamente o uso da violência e culpabilizando os indígenas pelo ocorrido. Por que, então, mataram aquele Munduruku? Por que invadiram e aterrorizaram de maneira brutal e desastrosa toda uma aldeia?
V. tem uma explicação. "Nós já dissemos [à Funai e ao governo] que não permitimos estudos de impacto ambiental  na nossa terra para hidrelétricas. A operação da Polícia Federal tem ligação com a nossa resistência à construção das barragens. Eles querem fragilizar as comunidades pra ficar mais fácil de construí-las. Mas nós nunca vamos aceitar trocar nossas terras por migalhas. O que eles fizeram só fortalece a nossa luta", diz.
I. W. concorda com V.. "Eles acham que, tirando o garimpo, ficamos sem dinheiro, e vamos ter que aceitar a barragem. Só que nós estamos firmes de não aceitar  barragem na nossa terra". Funcionários do órgão indigenista oficial que não podem se identificar concordam que a perseguição se dá por conta da total contrariedade dos Munduruku a empreendimentos hidrelétricos e hidroviários, e afirmam ser a aldeia Teles Pires o principal foco dessa resistência.
Os Munduruku se opõem frontalmente à construção de dois complexos de barragens do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. São os Complexos Hidrelétricos Tapajós e Teles Pires, conjunto de treze hidrelétricas previstas para a região.
Parte delas está sendo licenciada pelo órgão federal responsável, o Ibama; parte pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Mato Grosso. O complexo Tapajós está todo inventariado, mas apenas duas das sete usinas com processo de licenciamento abertos, em fase de estudos. No último dia 21, a Justiça Federal em Santarém proibiu a concessão de licença ambiental para uma delas, a pedido do MPF-PA, enquanto não forem realizadas consulta prévia aos índios afetados e avaliação ambiental integrada de todas as usinas planeadas para a bacia do rio Tapajós no Pará. 
Para viabilizar os licenciamentos das barragens do Tapajós -  e o início da operação das usonas Santo Antônio e Girau, no rio Madeira (RO) -, a presidenta Dilma Rousseff publicou, em janeiro, uma medida provisória (MPV) que reduzia sete unidades de conservação em áreas atingidas pelos empreendimentos. a MPV foi convertida em lei em junho, dois dias depois da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável na Rio +20. Tanto a medida quanto a lei foram contestadas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no Supremo Tribunal Federal.
Indígenas vão a Brasília denunciar ataque da PF
Quase duas semanas depois dos acontecimentos e sem nenhuma resposta, uma comissão de uma dúzia de Munduruku, Kayabi e Apiaká – entre eles, quatro testemunhas do ataque – veio a Brasília na última semana. Queriam reforçar as denúcias das violações diretamente ao Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso; à presidenta da Funai, Marta Azevedo; à Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; e exigir a apuração e a punição dos responsáveis, bem como traçar, por intermédio destas instituições, uma ação emergencial de reparação aos danos causados.
O grupo não foi recebido por nenhum deles.
Um grupo de assessores foi ter com a comissão. Durante o encontro, os indígenas narraram os acontecimentos, a partir do testemunho das vítimas e dos relatos das comunidades.
Ao que o secretário de articulação social da Secretaria Geral da Presidência, Paulo Maldos, respondeu: "Houve esse problema, vocês estão aqui trazendo informações pra gente, e a gente respeita, vai levar em consideração. Se houve problema de conduta errada, vai ser apurado."
Os indígenas questionaram quem realmente havia autorizado a PF a realizar aquela ação. Um assessor do Ministério da Justiça, Marcelo Veiga, disse não saber a qual processo judicial se vincula a Operação Eldorado, mas afirmou aos indígenas que eles estavam executando uma decisão da Justiça Federal.
"A gente não está jogando pra cima da Justiça Federal a responsabilidade. Há uma determinaçao da Justiça pra que aquela operação fosse realizada. Ninguém está fazendo jogo de cena aqui", disse Marcelo. "Não tem que ficar dúvida de vocês que a atuação e a parceria da Força Nacional e da Polícia Federal com a Funai [e os indígenas] é de muito sucesso. Esse foi um caso episódico, que pode ter havido abuso ou não. [Porque] A PF dialogou anteriormente com as lideranças indígenas [das aldeias atacadas durante a Operação]. A gente vai ter que apurar".
Funai
Expuseram detalhadamente que, sem os barcos, com o rio contaminado, sem os instrumentos de caça e pesca e sem a renda gerada a partir dos garimpos, os indígenas estão numa situação de urgência extrema.
"A Funai está atrasada com suas ações de promoção naquela região", argumentou a diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Maria Augusta Boulitreau Assirati. "E não dá pra fazer, esse ano, nenhuma ação concreta. Vou ser sincera com vocês. [Mas] cesta básica a Funai jamais vai se negar [a distribuir], se for constatada necessidade".
"Nós sabemos que o governo tem voltado um olhar pra toda a região ali do Tapajós e do Teles Pires", disse Maria Augusta. "Vocês nos disseram aqui diversas vezes que o governo diz que os índios são um empecilho ao desenvolvimento. Desenvolvimento nao pode ser incompatível com a vida e com as formas tradicionais de vida dos indígenas", explicou. "Como os empreendimentos hidrelétricos. Tem que ouvir o que as comunidades pensam. Da mesma forma que vocês tem que ouvir a visão do governo. Por que o governo acha importante fazer uma hidrelétrica? Por que o governo acha importante fazer uma barragem? O processo de licenciamento acontece nesse sentido e para isso. Que vantagens traz [um empreedimento], que desvantagens traz?"
Os indígenas perguntaram a eles quem era Paulão. Não souberam responder.
A reportagem não teve acesso à relação detalhada de todos os participantes da operação, sejam eles da PF, da FN, da Funai, do Ibama ou de outros órgãos que tenham participado da ação.
As fotos e vídeos utilizados na matéria foram registrados por indígenas Munduruku e Kayabi.
Clique aqui para conferir a galeria completa de fotografias e documentos do caso.
*Ruy Sposati, 28 anos, paulistano, é jornalista profissional. Trabalhou como produtor de televisão, repórter e assessor de imprensa de sindicatos e movimentos sociais. Assessorou o Movimento Xingu Vivo, em Altamira (PA), onde ocorre a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte. Trabalha como jornalista para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Mato Grosso do Sul. Também escreve como colaborador para publicações como Brasil de Fato, Caros Amigos e Otramerica, entre outras.

“Copa pra quem?” e “O Maraca é nosso!”: sábado é dia de manifestação em São Paulo e no Rio!


No próximo sábado, dia 1º de dezembro, acontecerá em São Paulo o sorteio das chaves da Copa das Confederações da FIFA. Esta será a primeira vez em que as regras aprovadas na Lei Geral da Copa vão valer, com áreas exclusivas e restrições de circulação e comércio. Aproveitando a ocasião, o Comitê Popular da Copa/SP, junto com mais de 50 organizações, movimentos populares, coletivos e moradores de comunidades ameaçadas de remoção realizarão o ato“Copa para Quem?”. A concentração será em frente à ocupação da Rua Mauá (nº 340), a partir das 13h.

“O Maraca é nosso!” – No mesmo dia, no Rio de Janeiro, o Comitê Popular da Copa/RJ realizará um ato contra a privatização do Maracanã e as demolições de seu complexo. A manifestação acontecerá na Praça Saens Peña, a partir das 9h30. De acordo com os organizadores, está em discussão um projeto proposto pelo empresário Eike Batista, que prevê demolir o Estádio de Atletismo Célio de Barros, o Parque Aquático Júlio Delamare, a Escola Municipal Arthur Friedenreich e o prédio histórico do antigo Museu do Índio. No lugar, o projeto prevê a construção de estacionamentos e shoppings.

“Vamos pra rua mostrar o Maraca que queremos: um parque PÚBLICO que sirva ao esporte, à saúde, ao lazer, à cultura e à educação da população, e não a interesses de grupos empresariais”, dizem os organizadores. Por sinal, a causa ganhou nos últimos dias um grande aliado, o cantor e compositor Chico Buarque, que gravou um depoimento em vídeo apoiando as mobilizações.

Aproveito para compartilhar aqui o pdf do folheto sobre megaeventos e direito à moradia, que produzimos no âmbito da Relatoria da ONU para o Direito à Moradia Adequada e que acabou de ficar pronto. Com esse material, pretendemos contribuir com as mobilizações dos comitês populares e de todos que desejam que a realização de megaeventos esportivos no Brasil se dê com base no mais absoluto respeito aos direitos humanos.

Clique aqui para ler o folheto.

Ato político em Brasília denuncia ACE e prepara e marcha nacional em 2013 contra os ataques aos trabalhadores


O seminário nacional em Brasília, realizado numa grande tenda, armada na Esplanada dos Ministérios, esteve lotado com a presença de cerca de 800 trabalhadores vindos de 17 estados para ato político contra o ACE (Acordo Coletivo Especial) e os ataques às aposentadorias. 

Entre as iniciativas indicadas está uma marcha nacional que será convocada para a primeira quinzena de abril de 2013 em defesa dos direitos dos trabalhadores.

A mesa do debate foi composta pelo membro da Secretaria Executiva Nacional Zé Maria de Almeida, pelo representante de A CUT Pode Mais Alberto Ledur, o Beto, e pelo presidente da CTNA (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação), Artur Bueno. Esteve presente também o secretário-geral da Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal), José Milton.

O ato foi iniciado com uma saudação da militante da Resistência Síria, Sara Al Suri, que disse a todos que aquele encontro servia de exemplo para ser seguido em seu país. Sara disse ter orgulho da liberdade de organização dos trabalhadores aqui do Brasil, já que na Síria esse direito é negado pelo regime ditatorial imposto. Falou da importância do papel de atuação da CSP-Conlutas para a internacionalização das lutas, pois os ataques aos trabalhadores são os mesmos.

Zé Maria ressaltou no ato que tanto o ACE quanto a proposta de substituição do Fator Previdenciário, em tramite no Congresso, o Fator 85/95, são apresentados como propostas da classe trabalhadora, mas não é verdade. “Esse ato comprova o oposto, pois aqui está boa parte da classe trabalhadora contrária a esses projetos”, disse ele.

O dirigente da CSP-Conlutas informou aos presentes que o ato também reivindica uma campanha pela anulação da Reforma da Previdência, aprovada sob o uso do mensalão. “Se no STF (Supremo Tribunal Federal), eles consideram que quem rouba tem que ir para a cadeia, pois compra de votos, também é crime e foi através da compra de votos que se deu a reforma previdenciária”, frisou.

Destacou ainda que estes ataques ocorrem no contexto de uma crise internacional e num momento que as grandes empresas, para manter seus lucros, impõem a redução de direitos dos trabalhadores. “Ou seja, a essência desses projetos é ajudar empresas e não trabalhadores”, denunciou.

Por isso, fez um chamado a ampliação da campanha nacional contra os ataques aos direitos. “É preciso que consigamos avançar a unidade para impedir que os ataques continuem. Esse evento é um primeiro passo, mas a jornada continua e precisamos levar essa discussão estados para construção da luta em todo pais e derrotar esses projetos em Brasília”, orientou Zé Maria.

Alberto Ledur, da corrente A CUT Pode Mais, destacou a necessidade de unir a classe trabalhadora. “Estamos junto com as demais centrais nessa luta contra ACE por entender que a CUT não tem direito de entregar as conquistas dos trabalhadores e de negar toda a história de luta e construção que fizemos juntos até hoje, principalmente nos anos 90 contra a flexibilização que se impunha naquele período”, disse.

A presidente do Andes-SN, Marinalva Oliveira, fez uma avaliação positiva do ato, que em sua na opinião, comprovou a força da unidade da classe trabalhadora. “A unidade representada aqui é de extrema importância para resistirmos contra o ataque do governo aos trabalhadores, tendo como braço do governo a CUT, que apoia ACE”, destacou.

Segundo a dirigente, a unidade chamada por várias entidades presentes será também importante para a marcha que está sendo convocada para 2013 contra  a retirada de direitos trabalhistas. “Só com a luta e união dos trabalhadores podemos combater esses ataques”, ressaltou.

Agora à tarde uma comissão de trabalhadores está visitando os parlamentares no Congresso nacional com materiais da campanha e parte dos presentes ao seminário nacional está fazendo panfletagem na rodoviária de Brasília.

CSP-Conlutas faz pressão no Congresso contra votação do Fator 85/95

Após ato político contra o ACE, cerca de 200 pessoas foram até o Congresso Nacional para fazer a panfletagem. O objetivo foi de pressionar os deputados para não votarem o Fator 85/85 previsto para entrar na pauta nesta quarta-feira (28).

Segundo o membro da Secretaria Executiva da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, os deputados ainda não decidiram se o projeto vai entrar na pauta do dia. “Estão impedindo a entrada da galeria, mas estamos nos corredores fazendo a panfletagem e pressão para que o projeto não entre em pauta”, disse.

Um grupo também fez panfletagem na rodoviária de Brasil cujo material foi bem aceito pela população.

Também foi realizada, uma audiência pública, na Comissão de Direitos Humanos,  sobre as aposentadorias entre outros temas relacionados. 

Foto Créditos: Renata Maffezoli / ANDES-SN