Era por volta das 18h do dia 1º de Janeiro de
2013, quando começou a se ouvir o barulho das portas sendo arrebentada. Inicialmente
observando pensávamos que era uma ação de vândalos, mas logo vimos que era uma
ocupação. Foi de forma espontânea, sem organização, sem planejamento. Cerca de
600 famílias, foram chegando de carro, moto a pé e foram ocupando as casas
desocupadas. Já por volta das 20h30 todas as casas que estavam vazias estavam
tomadas.
As casas ocupadas ficam no residencial Escala
no município de Trindade e foram construída com recursos do programa Minha
Casa, minha vida do governo federal. As 1.200 casas foram entregues em uma cerimônia
no dia 04 de dezembro para as famílias contempladas que deveriam mudar no máximo
até 30 dias após o recebimento da chave. No entanto até o momento estimasse que
apenas metade das famílias contemplada havia mudado para o residencial.
Conversamos com algumas pessoas que estavam
fazendo parte do movimento às quais nos confirmou o que já avaliávamos que de
fato era uma ação espontânea, espalhou se a informação de que as famílias
contempladas com uma casa no residencial deveriam mudar até aquela data, após os
30 dias estipulados as famílias perderiam o direito. Foi, portanto segundo os
ocupantes essa informação que estimulou a ação.
O confronto
entre trabalhador x trabalhador
Um dos problemas que devem ser evitado é a
briga das famílias que foram contempladas com uma casa no Jardim Escala e as famílias
que ocuparam. Para tanto o governo municipal deve intervir de forma a superar o
problema estabelecido, e a solução é uma apenas, garantir o direito constitucional
de moradia a todos.
Devemos parar de cair na armadilha que os governos sempre tentam que é jogar trabalhador contra trabalhador.
Policia
ameaça despejar as famílias ocupantes
Na manhã desta quarta-feira (02/13) o
residencial Jardim Escala amanheceu com a presença de vários carros de polícia,
segundo alguns moradores os mesmos pretendem despejar as famílias ocupantes das
casas.
Fazemos um chamamento às organizações de
defesa dos direitos humanos a acompanharem esse processo para que não aja por
parte do estado nenhuma ação violenta contra essas famílias que legitimamente lutam
pelos seus direitos.
O governo deve procurar resolver essa
situação com política e não com policia. Devemos nos organizar e nos mobilizar
contra qualquer violência por parte do estado contra as famílias que ocuparam
as casas.
A retomada
da luta por moradia em Goiânia e região metropolitana
Essa ação mostra que a questão da falta de moradia
ainda é uma das grandes necessidades do povo trabalhador e que infelizmente os
programas habitacionais dos governos muito pouco tem conseguido mudar essa
realidade.
Em Goiânia e região metropolitana essa
realidade foi maquiada no ultimo período com programas habitacional que
contempla uma porcentagem pequena das famílias que não tem casa própria. Após o
caso emblemático da ação de desocupação criminosa da ocupação Sonho Real
(Parque Oeste Industrial), a luta por moradia resumiu se a preencher cadastro e
esperar que em algum momento fosse contemplado pelos programas dos governos.
Recentemente a ocupação Pedro Nascimento no
residencial JK mostrou que o déficit habitacional em Goiânia e região
metropolitana esta longe de ser superado, bem como é o exemplo de que cada vez
mais as famílias estão cansando de esperar de braços cruzados e com disposição
de luta para conquistar a sua moradia. A ação das famílias do residencial
Escala nas casas do programa Minha casa, minha vida também reflete a agudez do
problema por moradia em Goiás e a disposição de lutar dos sem teto.
No entanto é necessário superarmos o espontâneismo
e a falta de organização para luta. Precisamos de organizações de luta por
moradia e reforma urbana em Goiânia e região metropolitana que organize ás
milhares de famílias que sonham com uma casa própria para lutar pelos seus
direitos.
*Por moradia digna a todas e todos!
*Pedro
Ferreira é educador popular, bacharel em Serviço Social e militante do Bloco de
Resistência Socialista.
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