Mais uma vez a população da região serrana no Rio de Janeiro sofre com as fortes chuvas que assolam a região. Lamentavelmente, o descaso dos governos faz com que tragédias, que poderiam ser evitadas, se repitam ano após ano.
Ocorreram deslizamentos de terras e enchentes nas cidades de Angra, Belford Roxo, Duque de Caxias e Região Serrana. Até o momento são registrados cerca de 4.800 desabrigados, duas morta e oito desaparecidas, segundo informações oficiais.
Esse ano os rios Saracuruna, Inhomirim e Capivari, que cercam as regiões atingidas, transbordaram com a chegada das chuvas.
Em Xerém, cidade mais castigada, casas foram destruídas, ruas sumiram, há pessoas desaparecidas e até o momento uma pessoa morreu.
Outra morte registrada foi a de um homem de 49 anos na manhã desta sexta-feira (4) ao ser atingido por uma árvore durante deslizamento de terra na Estrada da Paz, no Alto da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro. Infelizmente, esses números tendem a ser maiores.
As autoridades afirmam que a tragédia em Duque de Caxias foi fruto de uma “cabeça d’água”: acúmulo de água que aumenta o nível dos rios e desce em forma de enxurrada arrastando tudo que vê pela frente, incontrolável. Entretanto, para variar, os governantes buscam esconder os problemas de fundo responsáveis por “uma cabeça d’água” causar tamanho desastre.
Há décadas que os rios da região sofrem assoreamento, ocasionado pelo acúmulo de lixo, entulho e outros detritos no fundo dos rios. Isso é provocado pela falta de limpeza e manutenção, por parte das autoridades competentes além da inexistência de campanhas de conscientização junto à população.
Há outro fato que agravou a situação: o lixo não é recolhido de forma correta há meses em Duque de Caxias, ficando entulhado pelos bairros. Isso dificultou o escoamento da água e junto com a lama formada invadiu ruas, destruiu casas e matou pessoas.
Nos últimos anos foram registrados deslizamentos nos morros da cidade maravilhosa, do Bumba em Niterói, na Região Serrana, todos com o mesmo saldo: pessoas mortas, desaparecidas, desalojadas, perdendo muitas vezes tudo que tinham.
No verão passado a Baixada Fluminense ficou embaixo d’água. Só que os prefeitos, o governador, e a presidência da República não se mexeram para evitar novo drama.
O governo Cabral chega ao seu sexto ano batendo todos os recordes quando o assunto é descaso com os riscos das chuvas de verão. A tragédia de Xerém se junta a tantas outras com o mesmo desfecho: morrem centenas de pessoas, famílias perdem tudo e não se faz nada. As verbas para prevenção, quando liberadas, somem em esquemas de corrupção.
Solidariedade - A CSP-Conlutas RJ juntamente com o Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, Comerciários de Nova Iguaçu entre outros sindicatos e organizações iniciaram uma campanha de recolhimento de alimentos e produtos de higiene pessoal destinado à população atingida. Nesta sexta-feira (4), um grupo de pessoas ligadas à estadual da Central e sindicatos irá até o local para levar solidariedade e saber das próprias vítimas o que é necessário para ser coletado.
Nós, da CSP-Conlutas, somos solidários a população das áreas atingidas e convocamos os trabalhadores a organizarem-se para garantir seus direitos. Xerém não pode ser uma nova Região Serrana, onde mais de um ano depois das enchentes nenhuma casa foi entregue aos desabrigados.
Exigimos que todas as informações sejam divulgadas, as famílias e a população têm o direito de saber o que está ocorrendo. Correm boatos que represas da região podem ter estourado. Isto precisa ser investigado, divulgado à população e, se de fato ocorreu ou há riscos de ocorrer, medidas urgentes serem tomadas.
Exigimos do governo Federal, estadual e municipais que o mais amplo esquema de resgate e socorro às vítimas seja montado. É inadmissível que ainda não haja dezenas de helicópteros e outros recursos no socorro às vítimas. Os hospitais da região precisam ser rapidamente equipados.
Exigimos também desses governantes que indenizem financeiramente e construam casas para as pessoas que foram atingidas pelas chuvas. Os políticos responsáveis pela aplicação das verbas na prevenção de acidentes naturais, coletas de lixo e saneamento básico, que não o fizeram, devem ser responsabilizados pela tragédia e presos.
Com informações da CSP-Conlutas RJ
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