No dia 13 de fevereiro, a polícia conseguiu libertar 17 mulheres e uma travesti em regime de escravidão e cárcere privado. A libertação ocorreu após denúncia de uma menina de 16 anos que conseguiu fugir de uma casa de prostituição localizada em uma área próxima a um canteiro de obras da usina de Belo Monte.
A operação só foi possível através da denúncia da menina. Ela procurou o Conselho Tutelar, que em seguida acionou a polícia. De acordo com o delegado da Polícia Civil, Rodrigo Spessato, as mulheres eram confinadas em pequenos quartos sem janela e ventilação, apenas com uma cama de casal e com cadeados do lado de fora. Os lugares de origens das jovens eram o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
No Brasil, há 240 rotas de tráfico de mulheres, travestis, transexuais e homens que são levados para a exploração sexual. As áreas mais afetadas são aquelas que ficam em Estados limites com outros países.
Em 2005, o termo tráfico de mulheres foi substituído por tráfico de pessoas, analisando o aumento de outros gêneros que eram traficados. Porém, não há dúvida de que as mulheres seguem sendo as principais vítimas dessa violência.
Desde 2012 e início de 2013, 12 rotas estão sendo investigadas pela Polícia Federal. Pará e Amapá são os Estados onde há o maior número de pessoas traficadas para seguirem para as Guianas e Suriname, em áreas de garimpo.
No Pará, há, segundo o delegado da PF, Walace Machado, duas rotas de tráfico de pessoas. Uma é na região do Marajó, que leva pessoas para as Guianas e Suriname, e a outra, que leva pessoas da Região Metropolitana de Belém e do sul do Pará para a Europa.
Não é de se espantar que a região mais pobre do estado, o Marajó, seja rota desse tipo de mercado. Quanto maior a miséria e a falta de perspectiva, mais fácil é para atrair pessoas para a mercantilização de seu próprio corpo.
O mesmo ocorre hoje na região do Xingú, onde os povos nativos estão sendo despejados, o custo de vida na cidade aumentou de maneira alarmante e a construtora de Belo Monte não se responsabiliza pelas mazelas e pelo caos social instalado na cidade.
Nós, do Movimento Mulheres em Luta, da CSP- Conlutas e da Anel, exigimos do governo Dilma e do governador do Pará, Simão Jatene, uma posição acerca dessa situação, uma vez que são esses governos, junto com a empresa Rede Energia – uma das maiores empresas privadas do setor de distribuição de energia, e se beneficiará da construção de Belo Monte -, os responsáveis por todos os problemas advindos da construção da usina.
Exigimos ainda a paralisação completa dessa obra que mais uma vez deixa claro que não vem atender os interesses dos trabalhadores e da população local, pelo contrário, a qualquer custo se impõe para garantir o lucro de meia dúzia de empresários.
Movimento Mulheres em Luta, CSP-Conlutas, Anel
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