Mesmo com luta e resistência o acordo na GM flexibiliza a jornada e reduz direitos.
É necessário ampliar as lutas para garantia dos empregos! Toda a solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras da GM!
Desde os anos 90 a GM tem investido em modernizar cada vez mais o processo produtivo utilizando novas tecnologias e implementando mudanças via polivalência, exigência de alta qualificação de seus empregados (as) com exploração de seus conhecimentos via projetos de qualidade total, aumento no ritmo de produção e redução de postos de trabalho.
A modernização tecnológica permitiu que milhares de empregos fossem retirados e que um só trabalhador fosse responsabilizado por uma infinidade de tarefas no dia-a-dia da produção, gerando a polivalência. Para que os trabalhadores respondessem às novas exigências do processo produtivo, foi preciso que buscassem formação técnica e acadêmica. Essa qualificação ao invés de libertá-los, permite que sejam mais explorados, participando de grupos de trabalho ou células de produção, onde são solicitados a não só executar, mas também pensar o aumento da produção e da qualidade dos seus produtos.
Todo esse processo de mudanças fez parte dos últimos anos dos trabalhadores e trabalhadoras da GM em SJC e nas demais unidades no país, a diferença é que na planta de SJC a empresa foi obrigada a enfrentar a luta dos trabalhadores e trabalhadoras pela manutenção de direitos, encontrando legítima resistência para implementação de seus projetos da tal modernização e reestruturação produtiva.
Em outras unidades da GM, o projeto foi implantado e se aprofunda cada vez mais. A politica de parceria com as demais direções sindicais, gerando a ausência de lutas dos trabalhadores(as) se contrapôs à postura de enfrentamento e lutas em SJC, onde as conquistas seguiram sendo superiores às obtidas nas demais unidades da GM e de outras montadoras.
As campanhas de PLR na GM de SJC nestes anos foram as melhores da região, sendo superadas apenas pela PETROBRÁS. As lutas fizeram com que os salários na GM de SJC sejam de R$ 3.100,00 na contratação, enquanto nas outras plantas da GM chegam a R$ 1.800,00. Não há banco de horas, sendo remuneradas todas as horas extras.
Isso tudo teve um preço: a direção da GM apostou todas suas fichas na disputa ideológica nos últimos cinco anos, precisava ganhar a mente dos trabalhadores, aprofundar a reestruturação produtiva, enxugar o quadro de trabalhadores, reduzir salários e flexibilizar direitos, para isso precisava de aliados, assim cooptou uma parcela da direção dos trabalhadores, que passou a fazer o jogo da GM e defender a flexibilização da jornada e de direitos em nome de manter os empregos em SJC.
Em 2008 a GM conseguiu mobilizar várias forças políticas na cidade: igreja, imprensa, empresariado, prefeitura do PSDB, câmara de vereadores, e as centrais sindicais CUT\CTB, em defesa da redução de salários e flexibilização da jornada, banco de horas, em nome da manutenção dos empregos.
Com posição firme, a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de SJC, mobilizou trabalhadores e trabalhadoras e essa política da GM foi derrotada. Trabalhadores e trabalhadoras reprovaram em assembléia o pacote de maldades da empresa e a consequências foi a transferência de investimentos para SÃO CAETANO e GRAVATAI, e abertura de um PDV demitindo centenas de trabalhadores.
Passadas essas turbulências as lutas voltaram na GM de SJC, em 2009, 2010 e 2011 ocorreram mobilizações e greves na unidade, por salários, PLR e mais direitos, tendo sido alcançadas grandes vitórias.
O ano de 2012 vem com a retomada da investida da empresa contra trabalhadores e sua representação sindical. Era momento de eleições do sindicato e havia disputa de uma chapa da CUT\CTB contra a chapa da CSP CONLUTAS. A direção da GM declarava abertamente na empresa que a vitória da chapa da CSP CONLUTAS resultaria em fechamento da fábrica, em franca intromissão e ameaça ao direito de organização dos trabalhadores (as). CUT\CTB assumiam o discurso propagando que “a CSP CONLUTAS é radical e não sabe negociar”. A pressão dos patrões e seus aliados fez com que a direção sindical que levava os trabalhadores às lutas e conquistas de grandes vitórias econômicas, perdesse as eleições na GM, só ganhando o pleito porque no restante da categoria tiveram expressiva votação.
Enfurecida por não ter conseguido influenciar no resultado das eleições, a direção da GM anunciou o fechamento do MVA, maior setor da fábrica e com isso a demissão de 1840 trabalhadores, com extinção dos postos de trabalho, o que representaria a perda de mais de 7.000 empregos indiretos na cidade.
Neste momento CTB e CUT saem a campo, defendendo que o sindicato tem que negociar, aceitando a implantação de banco de horas e redução de salários e direitos.
É implantado o ”LAYOFF” e 800 trabalhadores têm seus contratos suspensos por dois meses. A força da mobilização dos trabalhadores consegue o adiamento das demissões, porém através de PDV mais 300 trabalhadores são desligados da empresa. A GM fixa o prazo para as demissões em 26 de janeiro e avança o processo de mobilização dos trabalhadores com atrasos, assembleias, passeatas, greve de dois dias e uma paralização da Via Dutra.
A empresa, assistida pelos governos municipal, estadual e federal, negocia com o sindicato e impõem o ”acordo” que prevê BANCO DE HORAS, apesar de limitadas a 12 dias por ano, DUAS HORAS EXTRAS OBRIGATÓRIAS POR DIA, elevando a jornada para 10 horas diárias , REDUÇÃO DO SALÁRIO DE CONTRATAÇÃO DE R$ 3.100,00 para R$1.800,00, NÃO RECLAMAR EM PROCESSO TRABALHISTA ATÉ 20 MINUTOS TRABALHADOS NO INÍCIO OU FINAL DA JORNADA, GARANTIA DE MANUTENÇÃO DE 800 EMPREGOS POR UM ANO e DOIS MESES DE ESTABILIDADE PARA 650 TRABALHADORES QUE DEVERÃO AINDA SER DEMITIDOS.
Certamente é um ACORDO RUIM, entretanto, foi o que se construiu com o processo de mobilização.
Não se pode afastar a responsabilidade dos governos estadual (PSDB), municipal (PT) e federal (PT), pois enquanto este último liberava milhões em recursos públicos com a isenção de IPI para montadoras como a GM, sem qualquer contrapartida, inclusive de garantia de empregos, todos se omitiram e se limitaram a participar das mesas de negociação como observadores.
Nós do Bloco de Resistência Socialista-Sindical e Popular, há três Coordenações da CSP CONLUTAS Nacional já tínhamos levantado a necessidade de construir um foro amplo de discussão, como um encontro nacional entre nós da CSP CONLUTAS e os demais setores combativos e classistas e entidades de luta em defesa dos direitos e dos empregos na GM e também contra os ataques do governo e patrões como reforma da previdência, fator previdenciário e investidas contra os movimentos populares.
Infelizmente a força majoritária de nossa central, a mesma que dirige o sindicato dos metalúrgicos de SJC, foi contra a nossa proposta, negando unidade com outros setores, inclusive os que se aproximam da nossa central na luta contra o ACE como CUT PODE MAIS, FENASP, setores da Fasubra entre outros.
Construído esse encontro nacional e consolidada a unidade entre os setores mais combativos, nossa correlação de forças poderia ter sido maior e evitado as demissões e a aceitação deste mau acordo.
Insistimos na necessidade da unidade da classe trabalhadora para enfrentar os ataques dos patrões e dos governos, entendemos que a luta dos metalúrgicos da GM de São José dos Campos não está concluída e que devemos seguir juntos na resistência contra as demissões.
Estaremos solidários na luta contra os ataques futuros da GM, da patronal em geral e do governo DILMA aos direitos de trabalhadores e trabalhadoras, reafirmando nossa posição contra o ACE (ACORDO COLETIVO ESPECIAL), reforma da previdência, etc, bem como nossa proposta de criação de um fórum amplo para somarmos forças contra esses e ataques e os que estão por vir, avançando na reorganização da classe trabalhadora neste momento tão difícil!
BLOCO DE RESISTENCIA SOCIALISTA SINDICAL E POPULAR - 16 DE FEVEREIRO DE 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário