Segundo os movimentos sociais, área localizada em Planaltina foi grilada em nome de um alemão que nunca morou no Brasil
Cerca de 300 famílias de trabalhadores rurais sem-terra ocuparam, no final da tarde desta sexta-feira (03/05), a Fazenda Lagoa Bonita, em Planaltina, cidade-satélite do Distrito Federal. A ocupação foi organizada por nove movimentos sociais com atuação no entorno de Brasília, como forma de protesto contra a política de reforma agrária dos governos federal, do DF, de Goiás e de Minas Gerais. As famílias reivindicam a transformação da área em assentamento para que possa servir à produção agrícola, gerando emprego e renda.
“Este é um ato de reivindicação que os movimentos sociais de reforma agrária estão fazendo. O Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) já atestou que esta terra é pública e não tem registro, e a gente quer que ela seja destinada para assentar as famílias de agricultores que não tem como produzir”, disse o membro da Conafer (Confederação Nacional da Agricultura Familiar e Empreendedores Familiares Rurais), Carlos Lopes, uma das nove organizações que ocupam a fazenda.
Ainda de acordo com os nove movimentos sociais, a área da Lagoa Bonita é pública e foi grilada há mais de 20 anos em nome Wilfried Karl Stoli, um alemão que nunca morou no Brasil. As terras do entorno de Brasília, dizem os líderes das entidades, foram ocupadas por grileiros e não há ação alguma para que retornem ao Estado e sejam destinadas à reforma agrária, conforme enfatizou José Rainha, dirigente do MST um dos movimentos que participa da ocupação: “Primeiro, que a fazenda é publica. Levantamos no INCRA. É uma área do GDF [Governo do Distrito Federa]. Segundo, ela está na posse de um grileiro, um alemão. Então a área é publica e sendo pública pode ser destinada para a reforma agrária. Nós queremos que o governador tome uma posição não só com respeito a essa área, mas com respeito a todas as áreas do entorno porque é um vasto grilo de terras.”
Na avaliação dos movimentos sociais, é tímido o programa de reforma agrária dos governos federal, do DF, de Goiás e Minas e não se propõe a combater o latifúndio e nem a rever as concessões fraudulentas das administrações anteriores. “As terras do entorno de Brasília são públicas. Por isso, não poderiam estar nas mãos dos latifundiários, muito menos estrangeiros, para especulação imobiliária.”
As lideranças dos movimentos sociais cobram uma ação do poder público em relação às áreas griladas no entorno do DF. “Os governos devem cumprir a Constituição Federal e destinar as terras públicas griladas à reforma agrária, a fim de que as famílias de agricultores carentes e miseráveis, que há anos vivem embaixo de lonas no entorno do DF, tenham condições de produzir”, avaliaram os líderes da ocupação da Lagoa Bonita, localizada perto do campus II da Faculdade UPIS (União Pioneira de Integração Social Faculdades Integradas) .
Os nove movimentos sociais reivindicam que o poder público inicie uma ação discriminatória para provar a origem das terras do DF e do entorno, que anule as concessões de áreas públicas aos grileiros brasileiros e estrangeiros e destine as terras para as famílias de agricultores sem-terra.
Eles também denunciam o sucateamento do INCRA, responsável por promover a reforma agrária no país, e a indiferença do Judiciário, que não executa as leis de desapropriações. Segundo eles, a situação de quase 300 áreas destinadas à reforma agrária está pendente há anos por falta de julgamento.
O DF e o entorno têm cerca de seis mil famílias cadastradas pelo INCRA e acampadas em 20 áreas, de acordo com os movimentos sociais. Há ainda 12 mil famílias assentadas em mais de 40 projetos em situação irregular. Eles cobram medidas do governo para legalizar essas famílias assentadas.
Com informações da CONAFER e da Agencia Brasil de Notícias
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