Todos os dias nos deparamos com aumento de preços, com uma política que privilegia a máfia do transporte, os tubarões do ensino, os grandes empresários, o agronegócio internacional. Todos os dias trabalhadores e estudantes engalfinham-se em ônibus, trens e metrôs para trabalhar por salários que não acompanham a alta de preços e estudar em escolas sem condições de ensino. E adoecer, nem pensar, o mais provável é morrer numa fila de SUS. Este é o nosso Brasil sob o governo Dilma. Da violência crescente nas grandes cidades nem é preciso falar.
Só que a população está se cansando desta situação e os estudantes estão tomando a frente neste sentimento coletivo de indignação. Cerca de 4 mil pessoas ocuparam as ruas de São Paulo na noite desta quinta-feira num ato que começou no Anhangabaú – centro de cidade, às 17h, e tomou as ruas e avenidas da cidade. Era uma manifestação contra o aumento das passagens de R$ 3,00 para R$ 3,20. Só para se ter uma ideia do preço exorbitante da passagem, de acordo com o sindicato dos Metroviários SP, em 1995, a passagem do metrô em São Paulo custava R$ 0,80. Se fosse corrigida pela inflação do período, teria de ser hoje de R$ 1,97. O mesmo ocorre com as tarifas de ônibus que em 1994 eram de R$ 0,50 e deveriam custar R$ 1,71 hoje.
E era contra este abuso no preço das passagens que o protesto seguia, pacífico e animado, por cerca de três horas, com palavras de ordem entoadas em coro: “Pula, sai do chão contra o aumento do busão” ou ainda “Vem, vem, vem contra o aumento da passagem”. Por várias lojas e outros pontos comerciais que passavam era perceptível a aceitação da população.
Mas quando as lutas tomam as ruas, a Polícia Militar recebe ordens taxativas: repressão! E, assim, com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e prisões, os estudantes se depararam quando chegaram na Avenida Paulista, centro financeiro da capital paulista. A truculência e repressão expressas pela PM e Prefeitura de São Paulo foram dignas do período de ditadura militar. Quinze estudantes foram presos na confusão e dois continuam detidos.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino Prazeres, que também é dirigente da CSP-Conlutas, o tumulto começou quando a manifestação já estava no fim. “Cerca de 500 manifestantes ainda estavam na praça. O protesto estava quase no fim quando a polícia, sem motivo aparente, começou a disparar bomba de gás lacrimogêneo contra os manifestantes”, disse.
Segundo o dirigente, as pessoas que estavam no local foram o para o shopping Paulista, para se proteger. Altino foi perguntar para a PM se as pessoas que ali estavam podiam sair com segurança e sem motivo algum, foi levado para a delegacia “de forma irregular e estranha”. “Eu não participei de nenhum ato de vandalismo. Só saí de lá às três da madrugada. Não fui detido, pois não havia nenhuma acusação contra mim”, explicou.
Para Altino, a PM agiu com truculência e mais uma vez imperou o braço de ferro do estado. “Jogar bomba de gás e balas de borracha numa Praça que tem forte concentração de pessoas, causa mais confusão do que ajuda. A PM perdeu o controle agiu com repressão e mostra mais uma vez, que não está preparada para trabalhar com manifestações sociais”, frisou.
O protesto contra o aumento foi convocado pelo Fórum em Defesa do Transporte Público do qual participam o Movimento Passe Livre, CSP-Conlutas, Anel, Sindicato dos Metroviários de São Paulo, DCE da USP, e os partidos políticos PSTU e PSOL, entre outras organizações.
Manifestação em outros estados – Os protestos contra o aumento de preços não aconteceu somente em São Paulo. Ainda ontem no Rio de Janeiro e Natal, também houve manifestações. Se lembrarmos recentemente também ocorreram em em Florianópolis, Vitória, Teresina, Aracajú e Taboão da Serra (SP). Em Porto Alegre conseguiram barrar o aumento.
Novo ato em SP hoje – E, em São Paulo, o tiro saiu pela culatra. O repúdio à repressão impulsionou uma nova mobilização nesta sexta-feira (7), às 17h, que sairá do Lago da Batata, em Pinheiros.
Repúdio - A CSP-Conlutas repudia a atitude arbitrária da PM que agiu de forma truculenta e criminosa contra os manifestantes que estavam protestando contra o aumento abusivo da passagem.
Para a Central mais uma vez o estado, que está a serviço da máfia das empresas de transporte público, cumpre seu papel nefasto ao atuar com truculência contra a população que luta legitimamente. A CSP-Conlutas reitera essa denuncia e segue apoiando a luta contra o aumento da passagem.
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