sexta-feira, 21 de junho de 2013

Em Belo Monte, um muro de pedras foi construído para evitar ocupações

(ISA)
 
Na cidade paraense de Altamira, as passagens de ônibus não subiram no mês de junho. Custam R$3 reais e o transporte público é feito por 10 ônibus que buscam atender os 150 mil moradores, segundo o Departamento Municipal de Trânsito (Demutran). Pelas ruas reinam os táxis sem taxímetro, mototáxis e as bicicletas. Nesta segunda-feira (17/6) não houve protestos em Altamira. Ao contrário do que aconteceu em muitas cidades e capitais brasileiras.
 
O último grande protesto na região aconteceu na vizinha Vitória do Xingu, a 55 km de Altamira, onde fica o Sítio Belo Monte, principal canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, ocupado duas vezes, por 17 dias, durante o mês de maio.
 
Liderados pelo povo Munduruku, mais de 100 indígenas de várias etnias ocuparam o canteiro para pedir a suspensão de obras e estudos de barragens em Terras Indígenas e a garantia do direito da consulta prévia, livre e informada previsto na Convenção 169 da OIT.
 
Neste mês de junho, as obras completam dois anos e até agora o plano de ações principal das condicionantes indígenas da obra ainda não começou a ser executado. Para se proteger de novas ocupações a empresa responsável pela construção da obra, a Norte Energia, ergueu um muro de pedra na entrada principal além de uma cerca de arame e reforçou o policiamento.
 
Em Altamira, onde a maior hidrelétrica do país esta sendo construída também há interrupções diárias de energia, não existe saneamento básico nem distribuição de água potável, os moradores são obrigados a construir poços com a água sempre poluída. Casas em ruas esburacadas e com esgoto na porta são facilmente alugadas a R$ 5 mil reais.
 
Detentora de um dos maiores crescimentos populacionais do país a cidade, de acordo com a prefeitura, ganhou mais de 50 mil habitantes desde o início da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, em 2011. Mais da metade deste número são de trabalhadores, que até o fim deste ano serão 28 mil.
 
Bicicletas e motos são o principal meio de transporte da população. A frota de motos já ultrapassou 30 mil e a média em 2013 é de 800 novos registros por mês. Até o mês de maio foram registrados 250 acidentes com vítimas envolvendo motos na cidade, representando 70% das ocorrências do Demutran neste ano.
 
No dia em que diversas capitais e cidades brasileiras eram tomadas por manifestações de protesto a partir das 17h, especialmente contra o aumento nas tarifas de transporte, mas também contra a corrupção, contra os estádios construídos para a Copa do Mundo e até mesmo contra a construção da UHE de Belo Monte, em Altamira as ruas estavam engarrafadas de carros, motos e bicicletas, como de costume neste horário.
 
E os índios, que desocuparam o canteiro de obras há poucos dias, terão que enfrentar um muro de pedras caso resolvam voltar a cobrar seus direitos por lá.
 
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