Desta vez, como corrido nos atos anteriores, a polícia não conseguiu esconder e empurrar o ônus da violência para os manifestantes que protestavam contra o aumento das tarifas do transporte público nesta quinta-feira (13). Os atos realizados em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, se enfrentaram com a política do estado em reprimir quem se opõe às suas políticas. Os governos desses estados usaram seu braço de ferro, a polícia, contra trabalhadores e estudantes que estão tomando as ruas em protesto, direito legitimo!
São Paulo – Em São Paulo, antes do início do ato, marcado para começar às 17h, em frente ao Theatro Municipal, organizadores da manifestação tentaram o diálogo com a PM para discutir um roteiro que não causasse nenhum conflito e seguisse pacificamente. A passeata tinha previsão de encerrar na praça Roosevelt ou no Parque do Ibirapuera. Entretanto a PM não deu nenhuma resposta. Com isso, pela falta de diálogo e organização por parte da PM, a manifestação decidiu saiu sem ter chegado a nenhum acordo.
Cerca de 20 mil pessoas, de acordo com os organizadores da manifestação, tomaram as ruas do centro de São Paulo pacificamente.
Início da truculência –Entretanto, quando a manifestação chegou a praça Roosevelt, a PM começou a fazer o cerco. “Os manifestantes tentaram prosseguir com a manifestação rumo ao Parque do Ibirapuera, mas a PM foi para cima e não deixou. Jogou bombas de gás lacrimogêneo, gás de pimenta e dispersou os manifestantes”, disse o dirigente da CSP-Conlutas São Paulo, Wilson Ribeiro, que participava do ato.
Para Wilson a PM teve uma postura agressiva que já mostrava sua truculência antes mesmo de o ato começar. “A polícia já estava prendendo pessoas, quem estivessem com algo suspeito, como por exemplo, vinagre, usado para amenizar os efeitos do gás lacrimogêneo ela levado”, argumentou.
“Nossa ideia era de continuar a manifestação e seguir em passeata até o Ibirapuera, que é um lugar maior em que as pessoas poderiam ficar e fazer o ato. Mas encontramos em nosso caminho a PM e quando os manifestantes tentaram passar a barreira, a polícia foi para cima”, explicou.
Após a truculência, a manifestação foi dispersa. Mas os manifestantes conseguiram se reorganizar e seguiram com ato pela rua Augusta. “Queríamos atravessar a Av. Paulista e seguir rumo à Assembleia Legislativa que fica próximo ao Parque do Ibirapuera, mas a PM apareceu e novamente atacou os manifestantes”, lembrou Wilson.
De acordo com Wilson, a Tropa de Choque chegou a atirar Bombas perto de posto de gasolina. “Fiquei pensando no perigo que corríamos, pois aquilo tudo poderia explodir. A PM mais uma vez agiu de maneira irresponsável”, avaliou.
Para ele, “a culpa é do governo que não negocia. O Ministério Público tentou mediar uma solução para a redução das tarifas, mas a prefeitura e o governo do Estado mantêm sua postura dura”, disse.
Prisões políticas – De acordo com o Wilson, as prisões feitas nas manifestações anteriores estão sendo tratadas como crimes de formação de quadrilha e depredação de patrimônio público. Alguns estudantes foram encaminhados para penitenciária, inclusive. Para Wilson essas prisões são políticas e as pessoas devem ser soltas imediatamente.
As mais de 100 pessoas que foram levadas pela polícia, no ato de quinta-feira, antes mesmo do seu início, foram fichadas e liberadas em seguida.
Na opinião de Wilson, “a ação de violência da PM é que gerou todo conflito e a pancadaria que houve. Tinha um grupo de jovens pedindo de joelhos para não ser atacado e outro enfrentava a polícia. Isso desorganizou a manifestação que seguia pacifica. A política da PM para o movimento é de reprimir para acabar com o protesto”.
Protesto contra o aumento da passagem é estopim de revolta maior - A intensificação das mobilizações, segundo o dirigente é causada pela “miséria no país e o descontentamento. Não se trata somente do aumento da passagem e sim de todo o descontentamento que está vindo à tona”, acrescentou.
É preciso apoiar - Para Wilson os sindicatos filiados à Central devem fazer a discussão explicar o que está acontecendo, qual é o verdadeiro papel do governo. “A manifestação é legitima, nós derrubamos a ditadura para ter direito a fazer essa manifestação”, destacou.
O dirigente orienta que os trabalhadores organizados nos sindicatos devem se fazer presentes nas manifestações. “Não podemos permitir que as passagens aumentem para dar lucro para as empresas.Por isso, precisamos fortalecer o movimento”.
Uma nova manifestação foi convocada para segunda-feira (17), no Largo da Batata, em Pinheiros, às 17h.
Rio de janeiro – A passeata contra o aumento da tarifa de ônibus nesta quinta-feira reuniu cerca de 10 mil trabalhadores e estudantes. Cruzou a Avenida Rio Branco no tradicional trajeto entre a Igreja da Candelária e a Cinelândia. Depois, seguiu até as escadarias da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ).
A manifestação saiu da Candelária por volta das 19 horas. Chegou à Cinelândia 30 minutos depois, sendo saudada durante o caminho, por papel picado lançado das janelas. A Polícia Militar apenas acompanhava o protesto, com homens a pé e veículos, na parte da frente do protesto, e soldados com escudos, na parte de trás. Não houve intervenção policial contra a passeata. Da Cinelândia, os manifestantes seguiram até a ALERJ, onde chegaram das 20 horas. Após meia hora, o movimento começou a esvaziar.
O que a mídia não mostra - De acordo com o dirigente da CSP-Conlutas Rio de Janeiro Guadalberto Tinoco, o Pitéu, um grupo seguiu na direção da Central do Brasil, em uma mini-passeata que foi covardemente atacada pela polícia. “A PM cercou estas pessoas, e começou a jogar bombas de gás. São as imagens desta truculência desnecessária e covarde que a mídia mostrou nesta manifestação. Não mostrou a força da passeata, a juventude e os trabalhadores outra vez tomando pacificamente as ruas do centro. Não mostrou os cartazes e faixas, nem os carros de som, ou as paródias que tiveram como alvos a política do prefeito Eduardo Paes (PMDB), do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) e da presidente Dilma Roussef (PT)”, ressaltou o dirigente.
Indignação generalizada – Segundo Pitéu, mesmo com muito entusiasmo e irreverência o que primou na manifestação foi à indignação contra os abusos dos governos. “Cada dia a vida fica mais cara. Nas ruas e bairros, há um brutal crescimento da violência. Com a justificativa da realização da Copa e dos Jogos Olímpicos os trabalhadores e povo são retirados de suas residências através de arbitrárias remoções. Para piorar o sofrimento de milhões e garantir o lucro das multinacionais, o transporte coletivo é ineficiente, insuficiente e caro”, destacou.
A CSP-Conlutas Rio de Janeiro também convoca a todas as entidades e movimentos para a próxima manifestação que ocorrerá na quinta feira, dia 20 de junho.
POA (Porto Alegre) – Em Porto Alegre, os manifestantes protestavam contra a iminência de o aumento da tarifa voltar. A manifestação conseguiu revogar o aumento das passagens, mas isso foi conquistado por meio de liminar que pode ser contesta a qualquer momento.
Nesta nova manifestação realizada nesta quinta, mais de 2 mil participaram. Durante a o ato que também foi reprimido pela polícia 23 pessoas foram presas, mas já foram liberadas.
Os estudantes de Porto Alegre conquistaram a revogação do aumento da passagem com muita luta. A população abraçou a causa e participou massivamente dos protestos que novamente ganham as ruas.
Vamos fortalecer essa luta - A CSP-Conlutas repudia a atitude arbitrária da polícia que vem agindo de forma truculenta e criminosa contra os manifestantes que estão protestando contra o aumento abusivo da passagem pelo país.
Os vinte centavos de aumento nas tarifas do transporte coletivo foi a gota d’água que despertou a consciência em milhares de jovens trabalhadores e estudantes.
Nossa unidade, seguindo o exemplo dos trabalhadores do Norte da África, da Turquia e da Europa, pode derrotar os planos dos governos em nosso país, na América Latina e no mundo.
A CSP-Conlutas reitera essa denuncia e segue apoiando a luta contra o aumento da passagem nos transportes públicos. Exigimos de Dilma dos governos estaduais e municipais mais empregos, melhores salários, saúde, educação, terra e moradia. Exigimos o fim da criminalização da pobreza, dos movimentos sociais e o fim da privatização do estado.
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