segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Polícia mata cinco por dia no Brasil e 70% das pessoas não confiam na instituição

Cinco pessoas morreram por dia nas mãos de policiais, em 2012, de acordo com levantamento feito pelo 7° Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O próprio relatório aponta esse índice como “uma inaceitável atuação das polícias brasileiras”. 

  Isso sem considerar os casos de civis que são mortos por policiais fora de serviço nos conhecidos “bicos” de trabalho feito por muitos deles, o que elevaria ainda mais esse percentual. 

    Não entraram nesta estatística, os dados de 2013, com as recentes mortes do pedreiro Amarildo que foi torturado e morto na favela da Rocinha por policiais da Polícia Pacificadora do Rio de Janeiro (UPP).  

 Os jovens Douglas e Jean mortos por policiais na zona norte de São Paulo também não. 

   Para a integrante do Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe Maristela de Farias, a situação de insegurança que sente a população e a morte de inocentes segue como a regra e é urgente a discussão sobre a desmilitarização da polícia. “Amarildo, Douglas, Jean e Severinos, homens, pobres e negros são reflexo desse confronto. É inadiável a discussão da desmilitarização da PM. As forças de segurança nacional refletem em seu treinamento, em especial a polícia militar e grupos como a Rota, Tropa de Choque, e UPP´s, a mesma concepção utilizada pelas forças armadas, que têm como finalidade dentro do Estado burguês a proteção do país contra inimigos externos”, frisa.  

  De acordo com Maristela, a pesquisa só reforça o que o povo pobre e negro da periferia já sabia: “a atual política de segurança pública é completamente incapaz de resolver o problema da violência. Isso evidentemente não causa espanto para quem vive nas periferias do Brasil que cotidianamente observam seus jovens sendo vitimados pela ausência completa de políticas públicas na educação, saúde, lazer, cultura, trabalho”, salienta.  

  Número alarmante – Ainda de acordo com o anuário, o número, se comparado com dados dos Estados Unidos, país cujo porte de armas é liberado, e com população 60% maior que a brasileira, é mais alarmante. O número total de civis mortos por polícias em todo o ano nos EUA em 2012 foi de 410, segundo dados do Criminal Justice Information Services Division do FBI.   Com isso, outro dado da mesma pesquisa se justifica: mais de 70% da população brasileira não confia na polícia.    

De acordo com o Índice de Confiança na Justiça Brasileira (ICJBrasil), da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (Direito GV/SP),  70,1% da população ouvida declara não confiar na polícia. Esse percentual cresceu 14% entre os primeiros semestres de 2012 e 2013, de acordo com o estudo.  

   Ainda segundo a pesquisa, a taxa de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) no Brasil cresceu 7,8% entre 2011 e 2012. As capitais que registraram o maior índice de crescimento foram Ceará com 32%, Goiás 28,4%, Acre 24,2% e Sergipe 18,5%.    

Crescimento de estupros no país - A pesquisa também apontou o aumento de estupros no país com 26,1 ocorrências por 100 mil habitantes. Segundo a pesquisa, são 50.617 estupros cometidos no Brasil. A taxa ultrapassou a de homicídios que registrou 24,3 por 100 mil habitantes.    Em São Paulo, esse índice subiu 23%. No Rio de Janeiro 24%, no estado da Bahia, por sua de 20,8%.  

    Maristela destaca que a situação de violência se agrava e se torna alarmante ano após ano. “Especialmente se mostrarmos os recortes de raça/classe/gênero, que só comprovariam o extermínio da juventude negra e pobre aliado aos altos índices de violência machista contra as mulheres”.

    Investimento cresce junto com a violência - O aumento dessa violência, contudo, não se justifica se comparado com maior investimento no setor de segurança que, no ano 2012, teve um aumento de 16% em relação ao ano de 2011.   

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