Nós, trabalhadores, sem-tetos, mulheres, jovens, pobres e negros moradores da periferia da Grande São Paulo, estamos reunidos hoje aqui em frente ao shopping center Campo Limpo/Jardim Sul, em protesto contra a discriminação e a violência despendida por este e por outros shoppings de SãoPaulo aos jovens, pobres e negros da periferia de São Paulo.
Muitos de nós já nos sentimos diariamente discriminados por essa sociedade que não nos permite acessar os meios de consumo básicos para uma vida digna. Assim como nos relegam o acesso aos serviços públicos de qualidade como saúde, educação, moradia, saneamento básico e transporte, que se encontram a cada dia mais precários e decadentes.
Agora nos discriminam impedindo nosso acesso aos centros comerciais, estigmatizando a juventude por sua aparência, por sua cor e pela roupa que usa. Tudo isso utilizando-se da violência por parte dos seguranças e da policial militar.
Não podemos aceitar que passados mais de um século do fim da escravidão e de décadas do fim da ditadura militar, o povo pobre da periferia continue sendo obrigado a conviver com a discriminação e com a violência.
O Brasil vive um verdadeiro apartheid social, onde uns poucos tem acesso a todos os bens de consumo, enquanto a grande maioria mal consegue satisfazer suas necessidades básicas. As liminares impedindo o livre trânsito dos jovens pelos shoppings trás à vista de todos o quão hipócrita e racista é a sociedade do consumo.
Por isso nós estamos aqui para deixar claro aos donos dos shoppings que não aceitaremos ser barrados e estigmatizados pela nossa condição social, pela nossa cor, pelas nossas vestes ou por nosso local de moradia.
MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto)
Periferia Ativa – Comunidades em Luta
Resistência Urbana - Frente Nacional de Lutas
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