terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Manifestação é violentamente reprimida pela PM de SP; diga não à criminalização das lutas!



No último sábado (22), cerca de 2.000 pessoas voltaram às ruas de São Paulo em protesto aos gastos do governo Dilma com a Copa do Mundo. A criminalização e a brutalidade da Polícia Militar (PM), que contou com um operativo de 2.300 policiais, foi pior que a manifestação anterior, onde uma pessoa foi baleada pela polícia. Ao todo foram mais de 200 detidos.   Os manifestantes se concentraram da Praça da República e saíram em passeata pelas ruas do centro de São Paulo. Contudo, ao chegar na rua Xavier de Toledo, a polícia foi para cima dos manifestantes, isolando parte deles; cerca de 150, “escolhidos” aleatoriamente.   Confira o vídeo que está circulando nas redes sociais, as imagens são impressionantes e comprovam que a PM agiu de maneira truculenta.       

Veja outros vídeos com o mesmo teor: https://www.youtube.com/watch?v=y-BzdbQ1FWc https://www.youtube.com/watch?v=2tR6VTUrqUk   

O integrante da Anel (Assembleia Nacional de Estudantes- Livre) Lucas Brito, presente no ato, disse que  a passeata seguia pacifica. “Eu estava na linha de frente da manifestação. A rua estava cercada dos dois lados por policiais, que, do nada, começaram a bater em manifestantes que estavam atrás de mim”, recorda o estudante.   “Uma turma retornou, próximo ao Teatro Municipal, e como forma de resistência sentou no chão e a partir daí a policia começou a prender as pessoas. Separando os que chamavam de vândalos do restante dos manifestantes, sem qualquer critério”, relatou.   Nas palavras do coronel responsável pela operação, Celso Luiz Pinheiro, o objetivo do cerco foi neutralizar manifestantes para evitar possíveis ações de violência. Foi uma violência tão indiscriminada que no interior do cordão foram cercados estudantes, professores, e, inclusive, profissionais da imprensa.   

O advogado André Zarnardo, integrante do Grupo Advogados Ativistas, que presta serviços gratuitos aos manifestantes presos, em entrevista ao UOL Esporte, relatou que a PM agiu de maneira truculenta. “(…) A intenção de fazer alguma coisa não pode fazer alguém ser detido”, declarou o advogado.  “A polícia não pode pegar as pessoas aleatoriamente. A Constituição diz que alguém não pode nem ser revistado se não houver uma fundada suspeita”, completou.   A polícia usou cassetetes, bombas de efeito moral e estreou seu operativo “pelotão ninja”, especializado em artes marciais, que desferiu golpes de “mata leão” (chave de braço) contra manifestantes assustados e acuados; 262 pessoas foram presas, entre os detidos havia pessoas da imprensa. Todos foram fichados e liberados em seguida.   

Para o representante da ANEL, “essa criminalização e intimidação por parte do governo é uma tentativa de destruir as mobilizações e tirar o povo das ruas; estão querendo desmoralizar um movimento que está indo para rua por causas justas e legitimas. É um absurdo que, ao invés de o governo atender nossas pautas contra os gastos com a Copa e a exigência de mais investimento em transporte, saúde e educação, ataque dessa forma as manifestações de estudantes e trabalhadores”, disse.   “Estamos completando 50 anos do golpe militar e vendo as mesmas técnicas utilizadas naquele período; que liberdade é essa na qual não conseguimos fazer com que uma manifestação legítima chegue ao seu destino final?”, questionou o estudante.   Criminalização das lutas   Após a morte do cinegrafista da Band, Santiago Andrade, o estado tem utilizado esse fato para aumentar a criminalização aos movimentos sociais e isso pôde ser observado no ato do último sábado.   

O Senado está para votar uma lei “antiterror”, a PLS 499 /2013 que tipifica o crime de “terrorismo” no Brasil. O artigo 2º do projeto enquadra como terrorismo o ato de “provocar ou infundir pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de ofensa à vida, à integridade física ou à saúde ou à privação de liberdade de pessoa”. Esse artigo  é considerado subjetivo e genérico e pode abrir precedentes para movimentos sociais e até mesmo oposições políticas serem enquadradas como terroristas.   A própria presidenta Dilma Rousseff deu declarações de que defende o endurecimento das penas aplicadas aos condenados por crimes cometidos durante manifestações públicas.   

A Coordenação Nacional da nossa Central já se posicionou sobre esses desmandos da Copa e a repressão desferida pelos governos e suas polícias. “A CSP-Conlutas que, desde junho e julho do ano passado, esteve nas manifestações exigindo o ‘Padrão Fifa’ para o transporte, Saúde e Educação, seguirá integrada nas lutas durante esse ano. Prevíamos a truculência que viria dos governos neste ano de Copa do Mundo,  por isso, em conjunto com outras entidades, lançamos a Campanha Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais. Repudiamos os que tentam impedir os trabalhadores e a juventude do seu livre direito à manifestação. Nesse ano de copa e eleições nosso lugar é nas ruas, engrossando as manifestações”, afirma resolução da reunião da coordenação realizada em novembro passado.   

Da redação 

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