Junho de 2013 não terminou! E não terminou mesmo! Até o final do ano, as manifestações não pararam.
O início de 2014 deu sequência a esse processo de luta. Logo no começo, tivemos a luta dos metalúrgicos de São José dos Campos contra as demissões da GM, mobilização dos estudantes contra o fechamento de duas universidades no Rio de Janeiro e dez mil sem teto exigindo o direito à moradia de Alckmin e Haddad.
Em São Paulo, houve diversas manifestações contra as consequências das enchentes e, neste momento, a falta de água também está provocando mobilizações que podem se intensificar. Haddad foi obrigado a anunciar que não aumentará a tarifa do ônibus. Entretanto, os sucessivos problemas no metrô de São Paulo tem provocado a ira da população.
Houve diversas manifestações denunciando os gastos, remoções e mortes da Copa. Essas manifestações têm sido brutalmente reprimidas. No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes reajustou a tarifa do ônibus, o que já provocou a retomada dos atos, mesmo com toda a manipulação da mídia em torno da trágica morte do cinegrafista Santiago Andrade.
Acompanhamos, também, a continuidade dos “rolezinhos” da juventude da periferia e a greve heroica dos rodoviários de Porto Alegre. Os professores estaduais do Rio Grande do Norte, os trabalhadores do Comperj e dos Correios continuam em greve.
As lutas, provavelmente, aumentarão no próximo período. Os atos do 8 de março em vários estados, tendo como eixo a luta contra a violência contra a mulher e por direitos, darão a largada nas lutas mais gerais que teremos este ano.
Há o indicativo de greve dos trabalhadores do setor público federal para a segunda quinzena de março. A Fasubra, entidade que representa os funcionários das universidades públicas, aprovou greve a partir de 17 de março. O Andes aprovou em seu último Congresso um calendário que pode desembocar também em greve a partir do mês de abril. A CNTE está convocando uma greve nacional para 17, 18 e 19 de março.
Os atos denunciando os gastos da Copa em detrimento dos investimentos nos setores sociais continuarão. O dia 15 de maio está sendo convocado pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP) como um Dia Nacional de Luta.
Entretanto, o grande desafio que está colocado é o de evitar, como em anos anteriores, que todas essas lutas ocorram de forma fragmentada. Em vista disso, ganha importância o Encontro Nacional do Espaço Unidade de Ação que será realizado no dia 22 de março em São Paulo.
Em virtude do adiamento da cúpula dos BRICS para depois da Copa do Mundo, quando estava previsto a realização de uma anti-cúpula por parte dos movimentos sociais, este Encontro será um espaço decisivo para unificar todos os lutadores da cidade e do campo e para aprovar uma plataforma e calendário de luta comum.
Entretanto, para que este Encontro tenha sucesso, é necessário que ele seja o mais amplo possível, sem restrições de qualquer ordem, e que não haja o hegemonismo de qualquer movimento ou corrente política. É necessário que este espaço debata o que faltou em 2013: a construção pela base, de uma greve de 24 horas no país. Além disso, é fundamental que construamos um Encontro Nacional não só das entidades que fazem parte do Espaço Unidade de Ação, mas de todos os Movimentos Sociais em Luta.
Este Encontro Nacional dos Movimentos Sociais em Luta deverá ser organizado pela base, pelos comitês e fóruns unitários de luta que já existem ou que forem construídos durante as mobilizações. Este Encontro será decisivo para organizar a nossa tropa para combater os duros ataques que devem aprofundar-se.
Os indicadores econômicos do país são os piores dos últimos dez anos. O corte de 44 bilhões de reais no orçamento anunciado pelo governo Dilma dá um sinal dos ataques que estão sendo implementados. Se Dilma reeleger-se, assim como qualquer dos candidatos burgueses, tentarão implementar em 2015 um ajuste fiscal ainda maior para atender os interesses dos credores nacionais e internacionais. Tanto Dilma como a oposição de direita deverão retomar com mais força, as privatizações e as contrarreformas neoliberais, como é caso da trabalhista e previdenciária.
Mas para implementar todos esses ataques, o governo Dilma em unidade com os patrões e a grande mídia, tenta esvaziar as manifestações de rua com a criminalização dos movimentos sociais. Para evitar que as pessoas saiam de casa e participem dos atos contra a copa, Dilma já avisou: vai utilizar as forças armadas nas manifestações.
Para esvaziar as manifestações, Dilma não conta somente com a repressão. Ela precisa também do apoio das centrais e movimentos sociais governistas. E é exatamente este o papel que vem cumprindo, lamentavelmente, João Pedro Stédile do MST, ao dizer que não tem sentido as manifestações, pois segundo ele o “povo quer a copa”.
Mesmo com toda essa ofensiva, combinada com a farsa montada contra o PSOL, a partir da triste morte do cinegrafista Santiago Andrade, a maioria da população continua apoiando as manifestações de rua.
Isso mostra que as eleições gerais deste ano são muito importantes. É fundamental que a unidade, tão necessária nas ruas, se dê também nas urnas. A juventude e os trabalhadores que estão lutando e que estiveram presentes nas jornadas de junho, precisam também expressar-se no processo eleitoral. Eduardo Campos, Marina Silva e Aécio Neves representam o mesmo projeto e são todos farinha do mesmo saco.
Para nós da LSR, esta alternativa passa pela formação de um frente de esquerda com PSOL, PSTU e PCB e tendo como programa inicial as reivindicações que estiveram presentes nas jornadas de junho, que devem estar vinculadas a uma alternativa anticapitalista e socialista.
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