quarta-feira, 9 de abril de 2014

Encontro Nacional do Espaço Unidade de Ação - “Na Copa vai ter luta!”

Por Luciano Barboza. LSR-RJ

Cerca de 2 mil pessoas de todo o Brasil, de diferentes entidades sindicais, estudantis e de movimentos sociais, estiveram presentes no dia 22 de março, no Encontro Nacional do Espaço Unidade de Ação, que aconteceu na sede do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. O evento buscou a construção da unidade para o fortalecimento das lutas que estão em curso e também das lutas que virão, com o objetivo de contribuir para as grandes manifestações que tomarão as ruas no período da Copa.
O encontro ocorreria na quadra da escola de samba Mancha Verde. Entretanto, devido a falsas denúncias, espalhadas pelo Governo do Estado de São Paulo, pela revista Veja e Rede Record, de que no encontro se planejariam atos de violência contra a Copa do Mundo, o evento foi desmarcado pela Mancha Verde, que não mais alugaria o espaço. Outros espaços particulares, misteriosamente também recusaram a oferta de aluguel para a realização do evento.
Suspeitamos que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo tenha espalhado a ideia de que nenhum espaço público ou mesmo privado deveria ser alugado para os organizadores do evento. Mas, apesar deste boicote, o evento ocorreu, transferido para outro local. Essa situação despertou ainda mais vontade para lutar por investimentos em serviços públicos de qualidade, em detrimento de investimentos na Copa do Mundo.
A primeira fase do evento foi marcada por falas de vários movimentos e organizações. A fala de abertura do encontro foi da Rejane da CUT Pode Mais-RS, que afirmou que a burguesia teme a unidade dos setores combativos da classe trabalhadora - por isso, o ataque da imprensa burguesa ao evento.
Garis e Comperj
O gari Apa, do Rio de Janeiro, afirmou que os garis acabaram com o carnaval porque estavam sendo superexplorados e o prefeito tentou criminalizar o movimento grevista. Afirmou ainda que o sindicato traiu a categoria. Segundo ele, os garis perceberam, ao longo da greve, que a luta por melhores condições de trabalho reprersentava a luta de toda a classe trabalhadora no Brasil por dignidade.
Rasta, trabalhador da Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), falou sobre a violência contra a greve da categoria, que ocorreu em março: “Há dois dias atrás, o Caveirão invadiu o canteiro de obras e nós trabalhadores tivemos que protestar. Depois do protesto, duas pessoas de moto entraram no canteiro de obras e feriram a bala dois dos nossos companheiros. Estamos aqui pela necessidade de unificar as lutas contra esse governo, e nosso sindicato e a CUT não nos representam”.
Atnagoras, da CSP-Conlutas, afirmou em sua fala no plenário: “cinquenta anos depois do golpe militar de 1964, estamos aqui enfrentando resquicios da ditadura militar, pois tentaram impedir nosso encontro, porque aqui estão aqueles que ainda sonham com o socialismo, mesmo sonho dos jovens da década de 1960”.
Afonso, pela oposição de esquerda do sindicato dos rodoviários de Porto Alegre, afirmou que a luta dos rodoviários não era só por salário e aumento do vale-refeição, mas era por dignidade no trabalho. A luta enfrentou o poder judiciário, a prefeitura, os barões do transporte e a direção pelega da CUT.
“Construir uma greve geral pela base”
O estudante Felipe Alencar, membro da LSR, fez uma fala pelo Coletivo Construção: “Para nós, a tarefa que está colocada é de construirmos uma grande greve geral pela base! Uma grande greve geral que paralise a produção de forma radical! Para nós, a radicalidade não é quebrar banco. A radicalidade é construir uma grande paralização da produção! Queremos também construir um outro Encontro Nacional como este, ainda este ano, para convocarmos mais pessoas para lutar”.
Após a mesa de abertura, os participantes do encontro fizeram uma manifestação de uma hora, marchando pela avenida Radial Leste. A principal palavra de ordem gritada pelos manifestantes foi “Dilma, escuta, na Copa vai ter luta”.
A plenária final após a manifestação aprovou o manifesto “Carta de São Paulo: Vamos voltar às ruas – Na Copa vai ter luta” e o calendário de mobilizações. A abertura da Copa do Mundo será acompanhada de grandes manifestações populares em diversas cidades do país, pois o dia 12 de junho foi escolhido como a data de início da Jornada de Mobilizações “NA COPA VAI TER LUTA”.
Calendário de lutas aprovado no Encontro:
  • Abril e Maio: Realização dos encontros e plenárias nos estados para organizar o calendário de lutas.
  • Abril: Realização de um ato nacional contra a criminalização das lutas, dirigentes e ativistas, da população pobre e de periferia, vinculando ao aniversário dos 50 anos do golpe militar de 1964. Ampliar essa iniciativa para além dos movimentos sociais, procurando outras entidades como a OAB, ABI, Comissão Justiça e Paz, Comissões de Direitos Humanos etc.
  • 28 de abril: Dia de luta e denúncia dos acidentes de trabalho.
  • Abril e maio: Jornada de lutas convocada por vários segmentos do movimento popular para defender o direito à cidade (moradia, transporte e mobilidade, saneamento etc.).
  • 1º de maio: O Dia Internacional do Trabalhador/a contará com a organização e participação em atos classistas.
  • 1º a 3 de maio: I Encontro de Atingidos por Megaeventos e Megaempreendimentos (Belo Horizonte – MG).
  • 15 de maio: Dia Nacional contra as Remoções da Copa.
  • 12 de junho: Abertura da Jornada de Mobilizações “NA COPA VAI TER LUTA”, com grandes mobilizações populares em todas as grandes cidades do país.
  • Período dos jogos da Copa: realização de manifestações nos estados conforme definição dos encontros e plenárias estaduais
  • 15 e 16 de julho: Mobilizações contra a Cúpula dos BRICS (Fortaleza).
  • 1º a 7 de setembro: Semana da Pátria e Grito dos/as Excluídos/as, com o lema: “Ocupar ruas e praças por liberdade e direitos”.

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