Diante da forte greve dos servidores federais que vem se alastrando
por todo o país, o governo Dilma mudou o discurso. De uma postura
anterior em que se recusava a negociar com os grevistas, agora passou a
afirmar que o governo não pode atender aos grevistas porque precisa
priorizar a utilização dos recursos públicos para garantir o emprego dos
trabalhadores da iniciativa privada – leia-se, canalizar mais recursos
públicos para as grandes empresas privadas.
Há duas falácias aí. A primeira é que destinar recursos públicos ao
setor privado garante emprego dos trabalhadores. As demissões seguem
ocorrendo em todo o país apesar da adoção do Plano Brasil Maior pelo
governo em agosto do ano passado, e que destinou mais de 50 bilhões de
reais para grandes empresas. Só a GM do Brasil demitiu mais de 1400
trabalhadores no último ano e ameaça demitir mais 2000 até o final de
2012, com a benção do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Recursos
públicos para as empresas têm como conseqüência tão somente o aumento
dos lucros destas companhias e um maior sucateamento da saúde, da
educação, dos serviços públicos de maneira geral (que é de onde saem os
recursos destinados às empresas).
A segunda falácia da afirmação presidencial é que ela esconde que 47%
– cerca de 1 trilhão de reais - do orçamento de 2012 está destinado ao
pagamento de juros e amortização da dívida externa e interna, os seja,
mais dinheiro público para bancos e grandes especuladores. É uma
combinação destes dois fatores que dificulta o atendimento das
reivindicações dos servidores em greve. A prioridade do governo Dilma
não é investir no serviço público, valorizar os servidores, para melhor
atender a população. Tampouco é garantir o emprego no setor privado. A
prioridade do governo é atender aos interesses dos bancos e das grandes
empresas.
Se a presidente está preocupada, de fato, com o emprego dos
trabalhadores do setor privado, ao invés de destinar recursos públicos
para as empresas, deve baixar medida provisória imediatamente,
concedendo estabilidade no emprego para os trabalhadores, concretizando a
adoção pelo nosso país da Convenção 158 da OIT. Isto sim seria uma
medida concreta contra as demissões.
Se a presidente está preocupada, de fato, com a prestação de um
serviço público de qualidade para a população, deveria parar com a
enrolação, determinar uma negociação séria com os servidores, e atender
as suas reivindicações.
CSP-CONLUTAS
CENTRAL SINDICAL E POPULAR
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