terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

“Olhar o passado, refletir o presente e tecer o futuro”


 Encontro de Planejamento da RECID-GO

*Por Pedro Ferreira

Foi com esse lema que a RECID – GO realizou neste final de semana (24,25, e 26), o seu encontro de avaliação do ano de 2011 e de planejamento para o ano de 2012. Movimentos Sociais do campo e da cidade, pastorais sociais, associações, entre outras organizações participaram do encontro onde coletivamente construímos nossas opções político, pedagógicas e organizativas para o ano corrente.

O encontro teve inicio na sexta-feira (26/02), onde as educadoras e educadores populares foram recepcionados sendo convidados a tecer no tecido seus nomes assim como tecemos nossos nomes na luta cotidiana da classe trabalhadora. Em grupos fomos tecendo os nossos nomes e partilhando nossas expectativas para o encontro.

Após a apresentação da programação e da construção das equipes de trabalho foi apresentado um vídeo clipe com uma sistematização dos processos realizados pela Rede no ano de 2011. Em seguida em grupos as educadoras e educadores deram inicio ao processo de avaliação. Trabalho que só seria finalizado no dia seguinte.

No Sábado (25/02), continuamos tecendo nossos nomes como também concluímos a avaliação no ano de 2011, após muita conversa nos grupos, depois partilhando na plenária – Fizemos mais do que o planejado, no entanto algumas coisas ainda continuam por serem feitas.

Novamente partimos para os grupos para dialogar sobre a conjuntural atual para a luta da classe trabalhadora (avanços e desafios): Retomada das lutas mesmo que de forma pontual, conquistas no campo de políticas públicas importantes, por outro lado intensificação do processo de criminalização da pobreza e da luta dos movimentos sociais.

É hora de aprofundar a analise de conjuntura com a colaboração dos companheiros Ruberval e Joseleno. Vivemos em uma conjuntura difícil, o governo que ai esta, apenas administra o capital. Temos uma esquerda conservadora que administra o capital, uma esquerda sectária que não dialoga com a população e a esquerda romântica. Precisamos de unidade, temos que nos reorganizar, lutar para superar essas velhas direções sindicais e dos movimentos populares que tem se institucionalizado e deixado a base e a luta de lado. Cada o movimento estudantil outrora tão revolucionário?
Após muita reflexão sobre a conjuntura atual para as lutas da classe trabalhadora, fomos em grupos novamente discutir e apontar os principais desafios para a RECID-GO no campo político, pedagógico, organizativo e de sustentabilidade. Após esse momento em plenária fizemos uma sistematização coletiva de todas as discussões apresentadas.

No domingo (26/02), voltamos novamente para os grupos onde planejamos ações para as questões prioritárias que a RECID-GO assumirá no ano de 2012, quatro grupos – Campo Político, pedagógico, organizativo e de sustentabilidade. Após as ações elaboradas fizemos a dinâmica do carrossel onde todos puderam ver e contribuir com os outros campos.

Em plenária mais uma vez foi apresentado às ações discutidas em cada grupo e as contribuições surgidas na dinâmica do carrossel, agora é hora de sistematizar tudo isso. Muitas tarefas: Combater o processo de privatização do governo Marconi Perillo, fortalecer a luta dos movimentos contra o latifúndio, agronegócio e os agrotóxico, a violência contra a juventude e a criminalização dos movimentos sociais, acima de tudo chamar a unidade das organizações de luta da classe trabalhadora em Goiás. Continuar o nosso processo de formação de base, denunciar o projeto em disputa nas eleições, e tantas outras ações que devemos desencadear em 2012.

O Companheiro Paulo Matoso da Coordenação Nacional da RECID dá um informe da situação financeira da rede. Depois fomos fazer uma avaliação da coordenação da RECID-GO assim como da equipe de educadores contratados, avaliação intensa e profunda, aprovamos uma nova composição da coordenação, a qual será encaminhada posteriormente. Já sobre a equipe de educadores, uma boa avaliação.

É hora de levantarmos as ações das organizações presentes para os meses de março, abril e maio. Muita coisa, quanta coisa. Mais com o engajamento e envolvimento de todos será possível desencadear todos esses processos.

Enfim é hora da avaliação do encontro, poderia ter vindo mais organizações, mais as que vieram deram uma grande contribuição, um encontro como há muito não fazíamos onde todos contribuíram intensamente, ótima metodologia, coordenação ativa entre outros. Em suma foi bom mais sempre podemos e devemos fazer melhor.

Encerramos o nosso encontro finalizando a nossa mística do bordado dos nossos nomes no tecido que se juntaram com os nomes de educadores e educadoras de todo o Brasil. E dançando e cantando “Essa ciranda não é minha não, ela é de todos nós...” Certos de que se muito vale o já feito, mais vale o que será.

*Pedro Ferreira – É Educador Popular pela RECID-GO e militante do Bloco de Resistência Socialista.

OBS’ - Participaram do nosso encontro, educadoras e educadores das seguintes organizações: MST, PJR, CAJU, Assembléia Popular, Fórum Goiano de EJA, COSTURART, ANEPS, PJMP, Coletivo Jovem pelo Meio Ambiente, Associação das Mulheres e Jovens do Real Conquista, Fórum de Economia Solidaria, CONESAN, Preá – Anápolis, Faz Arte, Bloco de Resistência Socialista, RECID-DF, Comissão Nacional da RECID e Talher Nacional.

http://youtu.be/m_I_8gn6FfM

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Oposição dos Rodoviários do Distrito Federal “URDF” disputam as eleições para o Sindicato dos trabalhadores rodoviários do DF.



A União dos Rodoviários do Distrito Federal (URDF), oposição dos trabalhadores rodoviários do DF, disputaram as próximas eleições para o Sindicato da categoria que acontecerá nos dias 1, 2 e 3 de março. Duas chapas disputaram as eleições: A chapa 1 da CUT e a Chapa 2 da Oposição que é composta em sua maioria por companheiros da URDF, que fazem parte da CSP-Conlutas e do Bloco de Resistência Socialista.

 A URDF atua há vários anos na categoria lutando verdadeiramente pelos direitos dos trabalhadores rodoviários ao contrario da direção do sindicato, sendo responsável pelas principais lutas da categoria, por isso conseguiu o respeito e o apoio dos trabalhadores rodoviários.

Após varias discussões e articulações a atual chapa da oposição foi formada articulando um amplo grupo de oposição, que reúnem dezenas de trabalhadores que não concordam com a linha política da atual direção do sindicato.

A Categoria esta cansada de baixos salários, pagamento de avarias, assédio moral, demissões, acidentes, assaltos e assassinatos durante o trabalho. Os trabalhadores rodoviários estão esperançosos em retomar o sindicato para a luta, um sindicato independente dos patrões e do governo. Agora com o governo petista de Agnelo Queiros no DF vemos ainda mais de que lado a direção atual do sindicato esta, e não é do lado dos trabalhadores.

A Inscrição da chapa 2 foi comemorada por muitos companheiros nos terminais e garagens. Agora os rodoviários têm uma alternativa de luta para votar. Neste sentido a União dos Rodoviários do Distrito Federal (URDF), solicita o apoio de todas as organizações de luta da classe trabalhadora para o enfrentamento dessa grande batalha.

Nos últimos anos temos visto a cooptação de sindicatos e centrais sindicais pelos patrões e governos, por tanto é importante para luta da classe trabalhadora retomarmos esses sindicatos para uma direção de luta.



Dia 28 de Fevereiro – Dia Mundial de luta contra a LER/DORT em todo o mundo


*Por Joaquim Aristeu Benedito da Silva

“As organizações sindicais de luta, combativa e classista não podem ficar só nas denuncias, têm que ir para luta contra ás milhares de vitimas mutiladas e aleijadas pelo capital em nosso país”.

As centrais sindicais governistas; CTB, CUT, FORÇA SINDICAL que fazem parte do governo Dilma, pouco tem feito com relação às denúncias das péssimas condições de trabalho. Aliás, são os mesmos que hoje desfilam em convenções patronais junto com o presidente da federação das indústrias do estado de São Paulo (FIESP) Paulo Skaf recém filiado ao PMDB, partido aliado do PT, PDT e PC do B. Discutindo as reformas pra enfrentar a crise que com certeza vem com mais demissões e política de aumentar à exploração e os ataques a saúde dos trabalhadores.

Por dentro das fabricas a reestruturação da produção com o aumento da polivalência e dos ritmos da produção, as avaliações individuais, o sucateamento dos maquinários e a pressão da chefia por cada vez mais produção, junto com os programas de qualidade total tem levado os trabalhadores a uma verdadeira epidemia de doenças esqueléticas (LER/DOT), contraídas por muitos esforços repetitivos na linha de produção.

Junta a isso as doenças psíquicas devido ao assédio moral que tem levado ao stress, loucura e até ao suicídio de trabalhadores e trabalhadoras, para não falar dos acidentes do trabalho, muitas vezes com morte como o ocorrido no ultimo ano quando tivemos várias mortes só dentro das categorias onde existem militantes da CSP-Conlutas envolvidos, como ocorreu no dia 1º de fevereiro na AMBEV de Jacareí quando um trabalhador de 25 anos perdeu a vida.

Esta situação é agravada ainda mais quando sabemos que o INSS que deveria estar do lado dos trabalhadores na hora das pericias médicas viram as costas, muitas das vezes ficando do lado dos patrões, não concedendo o beneficio destas doenças como doença do trabalho, e os postos do Ministério do Trabalho que é dirigido pela Força Sindical, CUT e CTB. Órgão do governo federal nada faz para impedir que as empresas continuem realizando estes ataques contra a saúde do trabalhador e da trabalhadora.

Aliás, o INSS é atrelado ao ministério da previdência social que é dirigido pelo PMDB, o mesmo partido do presidente da FIESP que é aliado da CTB, CUT e Força Sindical, ou seja, o ministério do trabalho e da previdência social esta na mão dos patrões e seus aliados.

Neste sentido o dia 28 de fevereiro torna se para nós da CSP-Conlutas e das demais forças aliadas como a INTERSINDICAL, a Unidos pra Lutar e demais forças combativas e de luta que não tem o rabo preso com patrões e governos, essencial para denunciarmos e nos organizarmos para lutar contra as doenças do capital.

Vamos organizar atos e assembléias nas portas das fabricas e ocupar órgãos públicos como o INSS, Ministério do Trabalho e Ministério Público exigindo o fim dos abusos nas empresas que tem levado esta situação. Vamos a porta dos órgãos públicos exigir o reconhecimento da LER/DOT como B 91(Doença do Trabalho) e exigir que as demissões feitas pelas empresas de trabalhadores estáveis a exemplo do que ocorreu na GM de São José dos Campos e outras empresas sejam anuladas já.

Essas devem ser as nossas ações no próximo dia 28 de fevereiro, vamos lembrar a memória das vitimas da LER/DOT com luta e mobilização nesta data mundial.

*Joaquim Aristeu Benedito da Silva - É Um dos coordenadores do setorial de saúde do Trabalhador da CSP-Conlutas e militante do Bloco de Resistência Socialista.

Pinheirinho: A luta continua.


União investiga origem da escritura de Pinheirinho

A dúvida quanto à idoneidade da escritura surgiu a partir de uma entrevista com Benedito Bento Filho, empresário que vendeu o terreno à Selecta, em 1981.

Lilian Milena,
do Brasilianas.org

O governo federal irá investigar a origem da titularidade do terreno de Pinheirinho, pertencente à massa falida da Selecta S/A, do investidor Naji Nahas. A dúvida quanto à idoneidade da escritura (se é grilada ou não) surgiu a partir de uma entrevista publicada no jornal Folha de S.Paulo, no último dia 29, com Benedito Bento Filho, empresário do ramo imobiliário, que vendeu o terreno à Selecta, em 1981.
Na entrevista, Bento Filho, 75, também conhecido como Comendador Bentinho, conta que adquiriu o terreno onde fica Pinheirinho, com cerca de 1,3 milhão de metros quadrados, de Reston Lahud e Salim Lahud Neto, em junho de 1978. O que chamou atenção do governo federal foi o fato de Bento Filho dizer que a Chácara Régio, que pertencia à família de alemães Kubitzky, nunca esteve dentro de Pinheirinho.
Os irmãos Kubitzky, Hermann Paul, Arthur Moritz, Erma Erica e Frida Elza, a mais nova com 68 anos e o mais velho com 76 anos, foram assassinados no dia primeiro de julho de 1969, por quatro jovens - um de 23 anos, e outros três menores de idade. Como não tinham herdeiros, e nem foram casados, tanto o terreno - onde ficava a Chácara Régio, com 30 mil metros quadrados, dentro da área de Pinheirinho -, quanto seus demais bens financeiros ficaram com o Estado.
"Eu tinha 16 anos quando esses quatro irmãos foram assassinados e lembro perfeitamente do caso. O bairro onde Pinheirinho se insere chama-se Campo dos Alemães, onde a Chácara Régio ficava. É um dever nosso investigar se toda essa passagem é correta", afirmou o secretário Nacional de Articulação Social da Presidência, Paulo Maldos, que participou junto com representantes do Ministério das Cidades, Secretaria de Patrimônio da União e Advocacia Geral da União, de reunião para encontrar soluções para as seis mil famílias que ficaram desalojadas após a reintegração de posse do terreno, realizada no domingo 22 de janeiro, às 6 horas da manhã.
O repórter Igor Carvalho, da Revista Fórum, publicou recentemente parte de levantamento do histórico de titulares do terreno. Através da certidão retirada em cartório, verificou que o terreno onde se encontra Pinheirinho se chamava Bairro do Rio Comprido e pertencia a Bechara Lahud, passando em fevereiro de 1962 para Paulo Lahud e Reston Lahud. Foi vendido em junho de 1978 para Benedito Bento Filho. E em dezembro de 1982 para a Selecta S/A.
Como não é impossível registros em cartórios serem adulterados, Maldos explica que as investigações serão feitas não apenas pela matrícula do imóvel. O levantamento deverá ser entregue em uma próxima reunião entre secretarias, prevista para o dia 14 de fevereiro.
Pouco tempo depois do assassinato dos Kubitzky a imprensa divulgou que o terreno deveria ficar mesmo com o Estado, possivelmente com a Universidade de São Paulo (USP). Mas, segundo assessoria da Advocacia Geral da USP, o terreno não ficou com a instituição.
Possível futuro das famílias de Pinheirinho
Maldos explicou que, além das investigações quanto à titularidade do terreno de Pinheirinho, o encontro entre secretarias e AGU serviu para estruturarem proposta para realojar as famílias. Uma delas é aproveitar a divida que a própria Selecta S/A tem com a União, hoje calculada em R$ 11 milhões de impostos atrasados. A ideia é transformar o débito em parte física do terreno, que corresponda a esse valor, e construir unidades de moradia verticalizadas, ou seja, colocar todos em prédios. Entretanto, o secretário afirma que como a empresa está falida, juridicamente os trabalhadores prejudicados teriam que ser contemplados antes dos ocupantes do bairro. "Segundo informações que nós temos, o núcleo inicial de ocupantes de pinheirinho é exatamente dos trabalhadores com quem a massa falida tem dívidas", completa.
A segunda proposta abordada na reunião é levantar outras empresas em situação de falência e endividadas com a União para construir conjuntos habitacionais. O objetivo é analisar localizações próximas ao centro de São José dos Campos, assim como era Pinheirinho, para não deslocar ainda mais as famílias. A terceira proposta será aproveitar os terrenos da União que fazem parte da Rede Ferroviária Federal S.A., nos trechos desativados, e que passam pela cidade. Tudo isso vai depender, também, da situação jurídica e da importância atual desses espaços para a rede.
A reintegração de posse de Pinheirinho prejudicou 20 mil pessoas acomodadas em alojamentos cedidos pela prefeitura. Parte ainda está morando em casa de amigos, parentes ou até mesmo nas ruas. Um dos ex-ocupantes de Pinheirinho é Vanderlei, de 37 anos, que teve uma costela quebrada por um policial da ROCAM durante a ação de despejo, ao tentar ajudar um jovem jornalista que estava sendo espancado pelo PM.
Vanderlei, que morava há quatro anos no Pinheirinho, e que tem uma esposa e filha de dez meses, conta que a situação nos alojamentos é ruim e humilhante, com pessoas dividindo banheiros, crianças tendo que tomar mamadeira estragada, e assistentes sociais oferecendo passagens para as famílias voltarem para as regiões Norte ou Nordeste do país. "Os abrigos da prefeitura parecem verdadeiros campos de concentração. Ninguém pode mais entrar ou sair depois das dez horas da noite".
Há sete anos a situação do terreno é de litígio. As famílias começaram a ocupar Pinheirinho depois de esperarem por casas da CDHU prometidas pela prefeitura e Estado durante anos. Como nunca eram entregues, decidiram construir com as próprias mãos, e assim deram origem ao bairro, em 2004. A decisão de reintegração de posse foi finalmente dada pela Justiça Estadual, em janeiro de 2012. A 18ª Vara Cível de São Paulo pediu a suspensão da ação por 15 dias, contados a partir do dia 18 de janeiro, até que se discutisse uma saída para os moradores que ficariam desalojados. O que não foi acatado pelo estado. No domingo, 22 de janeiro, dois mil soldados, entre policiais militares e Guarda Civil Metropolitana, invadiram o bairro e retiraram de surpresa as seis mil famílias.

A ‘engenharia da cooptação’ e os sindicatos no Brasil recente



*Por Ricardo Antunes   

I. A década de ouro
O objetivo deste artigo é compreender por que vem ocorrendo uma relativa desmobilização da sociedade brasileira e, em particular, dos organismos de representação da classe trabalhadora? As respostas são complexas e nos remetem aos ciclos das lutas travadas nas últimas décadas no Brasil.

Poderíamos começar lembrando que, ao longo dos anos 1980, o Brasil esteve à frente das lutas sociais e sindicais, mesmo quando comparado com outros países avançados. A criação do PT em 1980, da CUT em 1983, do MST em 1984, a luta pelas eleições diretas em 1985, a eclosão de quatro greves gerais, a campanha da Constituinte, a promulgação da Constituição em 1988 e, finalmente, as eleições de 1889 são exemplos vivos da força das lutas daquela década. Houve avanços significativos na luta pela autonomia e liberdade dos sindicatos em relação ao Estado, através do combate ao Imposto Sindical, à estrutura confederacional, cupulista, hierarquizada e atrelada, instrumentos que se constituíam em alavancas utilizadas pelo Estado para controlar os sindicatos. Aquela década conformou também um quadro nitidamente favorável para o chamado novo sindicalismo, que caminhava em direção contrária à crise sindical presente em vários países capitalistas avançados.

Entretanto, no final daquela década já começavam a despontar as tendências econômicas, políticas e ideológicas que foram responsáveis pela inserção do sindicalismo brasileiro na onda regressiva, resultado tanto da reestruturação produtiva do capital em curso em escala global como da emergência da pragmática neoliberal, que passaram a exigir mudanças significativas.

A partir de 1990, com a ascensão de Collor e depois com FHC, o receituário neoliberal deslanchou. Nosso parque produtivo estatal foi enormemente alterado pela política privatizante, afetando diretamente a siderurgia, telecomunicações, energia elétrica, setor bancário, dentre outros, o que alterou o tripé que sustentava a economia brasileira (capital nacional, estrangeiro e estatal), redesenhando e internacionalizando ainda mais o capitalismo no Brasil. O setor produtivo estatal era fagocitado ainda mais pelo capital monopolista estrangeiro.

Com um processo tão intenso, a simbiose nefasta entre neoliberalismo e reestruturação produtiva teve repercussões muito profundas na classe trabalhadora e em particular no movimento sindical. Flexibilização, desregulamentação, terceirização, novas formas de gestão da força de trabalho etc. tornaram-se pragas presentes em todas as partes. No apogeu da era da financeirização, do avanço técnico-científico-informacional, do mundo digital onde tempo e espaço se convulsionam, o Brasil vivenciou mutações fortes no mundo do trabalho, alterando sua morfologia, da qual a informalidade, a precarização e o desemprego ampliavam-se intensamente.

Esta nova realidade arrefeceu o novo sindicalismo que se encontrava, de um lado, diante da emergência de um sindicalismo neoliberal, sintonizada com a onda mundial conservadora, de que a Força Sindical é o melhor exemplo. E, de outro, diante da inflexão que vinha ocorrendo no interior da CUT, que cada vez mais se aproximava do sindicalismo social-democrata. A política de “convênios”, “apoios financeiros”, “parcerias” com a social-democracia sindical, especialmente européia, levada a cabo por décadas, acabou contaminando o sindicalismo de classe no Brasil, que pouco a pouco se social-democratizava, num contexto, vale lembrar, onde a social-democracia se aproximava do neoliberalismo.

II. O sucesso do social-liberalismo e o advento do sindicalismo negocial de Estado

Foi neste contexto que Lula sagrou-se vitorioso nas eleições presidenciais em 2002, depois de um período de enorme desertificação social, política e econômica do Brasil, vitória que ocorreu em um contexto internacional e nacional bastante diferente dos anos 1980. A vitória da “esquerda” no Brasil ocorria quando ela estava mais fragilizada, menos respaldada nos pólos centrais que lhe davam capilaridade, como a classe operária industrial, os assalariados médios e os trabalhadores rurais.

Se pudéssemos lembrar Gramsci, diríamos que o transformismo já havia convertido o PT num Partido da Ordem. Quando Lula venceu as eleições, em 2002, ao contrário da potência criadora das lutas sociais dos anos 1980, o cenário era de completa mutação. Ela foi, por isso, uma vitória política tardia. Nem o PT, nem o país eram mais os mesmos. Como já pude dizer anteriormente, o Brasil estava desertificado e o PT havia se desvertebrado.

Quais são as explicações para esse transformismo? Aqui podemos tão somente indicá-las: 1) a proliferação do neoliberalismo na América Latina; 2) o desmoronamento do “socialismo real” e a prevalência equivocada da tese que propugnava a vitória do capitalismo; 3) a social-democratização de parcela substancial da esquerda e sua aproximação à agenda social-liberal, eufemismo usado para “esconder” sua real face neoliberal.

E o PT, partido que se originou no seio das lutas sociais e sindicais, aumentava sua sujeição aos calendários eleitorais, atuando cada vez mais como partido eleitoral e parlamentar, até tornar-se um partido policlassista. Lula passou a cobiçar a confiança das principais frações das classes dominantes, incluindo a burguesia financeira, o setor industrial e o agronegócio. Um exemplo é bastante esclarecedor: quando, ao final do governo FHC, em 2002, houve um acordo de “intenções” com o FMI, este organismo exigiu que os candidatos à presidência manifestassem sua concordância com os termos do referido acordo. O PT de Lula publicou, então, um documento, denominado como a Carta aos Brasileiros, onde evidenciava sua política de subordinação ao FMI e aos setores financeiros internacionais e nacionais.

O resultado de seu governo é conhecido: sua política econômica ampliou a hegemonia dos capitais financeiros; preservou a estrutura fundiária concentrada; deu incentivo aos fundos privados de pensão; determinou a cobrança de impostos aos trabalhadores aposentados, o que significou uma ruptura com parcelas importantes do sindicalismo dos trabalhadores, especialmente públicos, que passaram a fazer forte oposição ao governo Lula.

A sua alteração mais significativa, no segundo mandato, foi uma resposta à crise política aberta com o mensalão, em 2005. Era necessário que o novo governo ampliasse sua base de sustentação, desgastada junto a amplos setores da classe trabalhadora organizada. Foi então que ocorreu uma alteração política importante: o governo ampliou o programa Bolsa-Família, uma política social de perfil claramente assistencialista, ainda que de grande amplitude, que atinge mais de 12 milhões de famílias pobres com renda salarial baixa e que por isso recebiam um complemento salarial. E foi esta política social – assumida como exemplo pelo Banco Mundial – que ampliou significativamente a base social de apoio a Lula, em seu segundo mandado. Ela atingia os setores mais pauperizados e desorganizados da população brasileira, que normalmente dependem das políticas do Estado para sobreviver.

E em comparação ao governo de FHC, a política de aumento do salário mínimo, ainda que responsável por um salário vergonhoso e inconcebível para uma economia do porte da brasileira, significou efetivos ganhos reais em relação ao governo tucano. E, desse modo, o governo Lula “equacionou” as duas pontas da tragédia social no Brasil: remunerou exemplarmente o grande capital financeiro, industrial e o agronegócio e, no outro pólo da pirâmide social, implementou a Bolsa-Família assistencialista e concedeu uma pequena valorização do salário mínimo, sem confrontar, é imperioso dizer, nenhum dos pilares estruturantes da tragédia brasileira.

Quando a crise mundial atingiu duramente os países capitalistas do Norte, em 2007/08, o governo tomou medidas claras no sentido de incentivar a retomada do crescimento econômico, reduzindo impostos do setor automobilístico, eletrodoméstico e da construção civil, todos incorporadores de força de trabalho, expandindo fortemente o mercado interno brasileiro e compensando, desse modo, a retração do mercado externo em suas compras de commodities. O mito redivivo do novo “pai dos pobres” ganhava força.

Mas havia, ainda, outro elemento central na engenharia da cooptação do governo Lula/Dilma: o controle de setores importantes da cúpula sindical, que passava a receber diretamente verbas estatais e, desse modo, garantia o apoio das principais centrais sindicais ao governo (1). Pouco antes de terminar seu governo, Lula tomou uma decisão que ampliou ainda mais o controle estatal sobre os sindicatos, ao permitir que as centrais sindicais também passassem a gozar das vantagens do nefasto Imposto Sindical (2), criado na Ditadura Vargas, ao final dos anos 1930. E, além do referido imposto, elas passaram a receber outras verbas públicas, praticamente eliminando (em tese e de fato) a cotização autônoma de seus associados. Outro passo crucial para a cooptação estava selado.

E, se já não bastasse, centenas de ex-sindicalistas passaram a participar, indicados pelo governo, do conselho de empresas estatais e de ex-estatais, com remunerações polpudas. Portanto, para compreender a cooptação de parcela significativa do movimento sindical brasileiro recente, é preciso compreender esse quadro, do qual aqui pudemos oferecer as principais tendências.

O que nos leva a concluir que, para a retomada de um sindicalismo de classe e de esquerda, há um bom caminho a percorrer. Mas talvez seu primeiro desafio seja criar um pólo sindical, social e político de base que não tenha medo de oferecer ao país um programa de mudanças profundas, capazes de iniciar a desmontagem das causas estruturantes da miséria brasileira e de seus mecanismos de preservação da dominação. E um passo imprescindível neste processo é, desde logo, romper a política de servidão voluntária que empurrou os sindicatos em direção ao Estado.

Notas:

1) O campo sindical do governo é amplo: no centro-esquerda, além da CUT, temos a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), formada pela Corrente Sindical Classista que se desfiliou da CUT em 2007 para criar sua própria central. No centro-direita, temos a Força Sindical, já mencionada, que combinava elementos do neoliberalismo com o velho sindicalismo que se “modernizou”, além de várias pequenas centrais como a CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), UGT (União Geral dos Trabalhadores), Nova Central, todas dotadas de pequeno nível de representação sindical e de algum modo herdeiras do velho sindicalismo dependente do Estado.

No campo da esquerda sindical anticapitalista, em clara oposição aos governos Lula/Dilma, são importantes a CONLUTAS (Coordenação Nacional de Lutas) e o movimento INTERSINDICAL. A primeira se propõe a organizar não só os sindicatos, mas também os movimentos sociais extra-sindicais, e a segunda (ainda que hoje se encontre dividida) é também oriunda de setores de esquerda que romperam com a CUT, tendo um perfil mais acentuadamente sindical e voltado para a reorganização do sindicalismo pela base, contra a proposta de criação de uma nova Central.

2) Em 2010 foram R$ 84,3 milhões para as centrais: segundo o Ministério do Trabalho, as duas maiores centrais, CUT e Força Sindical, receberam R$ 27,3 milhões e R$ 23,6 milhões, respectivamente – valores que representam 80% do orçamento da Força e 60%, da CUT. Em seguida, os maiores beneficiados foram a União Geral dos Trabalhadores (UGT), com R$ 14 milhões; Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), que embolsou R$ 9,9 milhões; Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), R$ 5,3 milhões; e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), R$ 3,9 milhões.



Não a criminalização dos lutadores e lutadoras do povo!


Perseguição ao companheiro do Movimento Popular Terra Livre pela Prefeitura de João Pessoa, PB

Nota à imprensa
A prefeitura de João Pessoa passou por cima de todos os direitos trabalhistas de um de seus funcionários contratados, Sérgio, demitido de seu cargo injustamente por questões políticas e mostrando o abuso de força do Estado.
Sérgio, funcionário público contratado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa no órgão SEDURB, para exercer a função de coveiro, encontrava-se afastado por conseqüência de um acidente de trabalho. Devido ao acidente, foi realizada uma cirurgia delicada em sua coluna vertebral, que o deixou incapacitado de realizar suas tarefas trabalhistas.
Passou um ano sem trabalhar, por ter conseguido uma licença pelo INSS e, ao expirar a licença, retornou ao seu trabalho. No entanto, mesmo com a cirurgia, não houve a completa recuperação de sua saúde e, sob fortes dores diárias e quase sem poder se locomover, não conseguia mais exercer seu trabalho com êxito. Após uma bateria de exames foi constatada pela médica do INSS sua incapacidade de trabalhar, sendo isso já notório pela sua dificuldade de se locomover.  Durante todo esse tempo, a prefeitura lhe negou licenças e obrigou-o a trabalhar, muitas vezes sendo acusado de estar inventando suas dores.
A melhor opção para a Prefeitura era iniciar o processo de aposentadoria por invalidez e dar todo o apoio a Sérgio, já que foi uma acidente de trabalho. E foi neste momento que a ação inescrupulosa e ilegal da Prefeitura se concretizou. Sérgio foi informado que seu contrato com a Prefeitura não seria renovado, sob alegação (acusação) de seu envolvimento em movimentos populares.
Outro motivo claro para sua demissão ilegal deve-se à sua clara oposição à política do atual partido, que se diz socialista, mas em que suas ações são claramente neoliberais e anti-populares, a exemplo do monopólio do transporte público por uma empresa privada (amiga dos governantes?) e o aumento recorrente da passagem dos ônibus acima da inflação e a entrega dos serviços públicos para organizações sociais privadas.
O que ocorreu com Sérgio, claramente, foi um acidente de trabalho, o qual foi tratado com descaso e sem os devidos direitos que as leis trabalhistas garantem à população.
Como é de praxe no nosso país, políticos (que ironicamente levantam a bandeira do socialismo), ao assumir cargos públicos, declaram guerra aos seus funcionários opositores, sejam eles contratados ou concursados. Ao mesmo tempo, facilitam o ingresso de seus parentes e amigos em cargos públicos de confiança.
É de total conhecimento da sociedade paraibana o uso eleitoral que os partidos fazem das instituições públicas, usando-as como extensões de seus Comitês de campanha, usando os servidores pagos com os impostos da população para as eleições, e demitindo qualquer um que não entre neste jogo podre. Em pleno século XXI, isto é normal na Paraíba. Nós, dos movimentos populares, nos recusamos a aceitar estas irregularidades!
- Basta do uso eleitoral do patrimônio público e da prefeitura!
- Pagamento de todos os direitos trabalhistas ao companheiro Sérgio!
- Continuamos lutando (apesar dos ataques rasteiros) pela justiça social, por moradia, transporte, saúde, educação públicos e o socialismo!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Resolução tirada na reunião da coordenação nacional da CSP-Conlutas


Resolução sobre conjuntura e atividades

Considerando que:

1- A crise econômica mundial segue se aprofundando à medida em que a aplicação das inúmeras medidas, planejadas pelos EUA (FMI, BM, etc…) e implementadas pelos governos nos vários continentes, não conseguiram repor o nível da taxa de lucro global, nem diminuir o avanço do endividamento e quebradeira de diversos países, especialmente no continente europeu;

2- As medidas implementadas intensificam a chamada “austeridade fiscal”, que se materializam em medidas como o corte de gastos públicos, demissões, retirada de direitos históricos e redução de salários. Tudo acompanhado de um forte grau de repressão, opressão, racismo, machismo, homofobia e xenofobia, além das centenas e até milhares de prisões e assassinatos de lideranças, trabalhadores, mulheres e jovens que lutam e resistem a esses ataques, tudo pra atender os interesses do lucro capitalista;

3- Contra essa ofensiva explodem mobilizações e greves em diversas partes do planeta, especialmente na Europa e, como parte dessa mesma situação, os processos de ascenso e revoluções do Norte da África;

4- No Brasil os efeitos dessa crise já são vistos e sentidos por uma grande parcela de nossa classe, tendo em vista que Dilma cortou 50 bilhões dos investimentos previstos para as áreas sociais e, consequentemente anunciou sua política de reajuste zero ao funcionalismo, negou aumento real aos aposentados ao mesmo tempo em que mantém sua política de isenção de impostos a setores do empresariado;

5- É nesse marco que o governo Dilma opera para manter o dito crescimento econômico de um país que aprofunda seu caráter colonial e exportador de matéria-prima, cada vez mais dependente do capital internacional e avançando seu viés privatista, como foi a entrega da ECT à iniciativa privada, agora a privatização dos Aeroportos e anuncio de mais uma rodada de leilão do Petróleo brasileiro;

6- No que se refere ao tratamento dado pelos governos em relação as lutas e mobilizações, temos observado o aumento da repressão e criminalização das lutas e da pobreza em uma escalada repuganante e ostensiva. É o que vimos no “Massacre do Pinheirinho”, nas prisões e repressão ao movimento as lideranças das greves dos trabalhadores da segurança pública, como no Ceará, Bahia e agora no Rio de Janeiro;

7- O mesmo tem ocorrido na luta por moradia e contra os despejos, espalhados pelo país a fora, pra atender os interesses da especulação imobiliária e das grandes empreiteiras relacionas aos empreendimentos da Copa e Olimpíadas, sempre marcadas pelo viés facista e repressor do estado burguês que objetiva a promoção de uma verdadeira higienização social e a criminalização da pobreza;

8- Frente a esse cenário diversas categorias e setores do movimento popular, sindical e estudantil tomam inciativas que visam organizar suas lutas, ações, mobilizações e greves para defender e fazer ampliar seus direitos, sua condição de vida e defender o direito a liberdade, igualdade e democracia contra a política econômica do governo a e criminalização dos movimentos sociais e da pobreza;

A CSP-Conlutas resolve:

Buscar a mais ampla unidade de ação e participação das categorias de trabalhadores e dos movimentos, popular e estudantil em defesa de seus direitos e reivindicações, começando por garantir nossa intervenção nas ações e jornadas definidas no Espaço de Unidade de Ação, qual sejam:

09.02– Dia nacional contra o aumento das tarifas de transporte (passagens);

15.02 – Lançamento da Campanha Salarial Unificada dos Servidores Federais;

Início de março – Calourada Nacional (ANEL); 08.03 – Manifestações e Atos Públicos no Dia Internacional da Mulher;

12 à 16.03 – Jornada Nacional de Lutas dos Servidores Federais com atividades diversas nos estados (passeadas, manifestações, atos públicos, etc.);

13 à 15.03 – Greve Nacional da Educação Básica convocada pela CNTE;

28.03 – Marcha à Brasília dos Servidores Federais e Dia Nacional dos Estudantes;

23 a 28.04 – Incorporar- se as atividades da semana de luta em memória das vítimas de acidentes de trabalho;

29.03 – Dia Nacional de Lutas dos Aposentados e Pensionistas;

 04.04 – Jornada de lutas do movimento popular sobre as obras da Copa do Mundo;

2ª. Quinzena de Abril – Indicativo de greve dos servidores federais;

01.05 – Dia do Trabalhador; Meses de junho à agosto – Indicativo de realização do Plebiscito Nacional contra os crimes da Copa do Mundo.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Deixa o Rio Xingu Viver.... Touche pas au Xingu!

Reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas


Coordenação Nacional, neste final de semana, debate conjuntura politica e movimento popular

A reunião da Coordenação Nacional ocorre neste final de semana, nos dias 11 e 12 de fevereiro, às 9h, em São Paulo.

No sábado (11), a atividade será aberta com o debate sobre a situação política e econômica no Brasil e no mundo a partir da crise econômica que se instaurou desde 2008.

Os debatores serão o professor da Universidade Federal de Campinas (Unicamp) e economista Plínio de Arruda Sampaio Jr.; o membro do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores (CIO/CIT), André Ferrari, e o economista do Ilaese (Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos), Daniel Romero.

A desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP) e o aumento da criminalização dos movimentos sociais também serão tema de debate no sábado, na parte da tarde.

 A prestação de contas da Central será apresentada pelo Conselho Fiscal após o término dos debates. Em seguida será realizada a reunião dos setoriais de trabalho.

1° Congresso da CSP-Conlutas – A preparação do Congresso da CSP-Conlutas será discutida no domingo (12). Nessa parte da reunião serão dadas informações   sobre a ratificação das taxas, definição dos prazos para as entidades estarem em dia com a tesouraria da Central, novas filiações, forma de eleição dos delegados dos setores de juventude e movimentos de luta contra as opressões, programação do Congresso e propostas de mudanças estatutárias.

Ao final serão apresentados os informes dos setoriais e a votação das resoluções e moções.
Delegações – É importante que às entidades organizem a chegada e o retorno das suas delegações dentro dos horários previstos para o início e término da reunião, se necessário chegar no dia anterior, pois a pauta será intensa para uma reunião de dois dias e o término está previsto para o final da tarde do domingo.

 A reunião será realizada no Auditório do SIMPEEM (Sindicato dos Professores em Educação do Ensino Fundamental) localizado na rua Guaporé, 240, próximo à estação de Metrô Armênia – Bom Retiro.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Greve da PM baiana evidencia divisão na esquerda e conservadorismo dos dirigentes do estado

Por Hemerson Ferreira   

Greves recentes de bombeiros e policiais têm gerado um debate dentro das esquerdas. Certamente a repressão que chefes de Estado têm lhes feito e o apoio da imprensa ajudam a ver de que lado devemos ficar. O breve texto trata disso...

Há um debate dentro da esquerda brasileira, iniciado quando da greve dos bombeiros no Rio de Janeiro em 2011 e reiniciado agora, com a atual greve dos PMs da Bahia: devemos apoiá-los ou não?

Os defensores da omissão ou da oposição à greve lembram, com muita razão, que a PM é o braço armado do Estado, a serviço dos governantes, das elites sociais, da exploração dos trabalhadores. Enfim, eles são também opressores do povo. Um aumento salarial (ou qualquer outro recurso destinado a eles) apenas ampliaria seu poder repressivo. Uma histórica repressão covarde e assassina cometida, dentre outros, pela PM recentemente, e os atuais e cotidianos crimes contra os Direitos Humanos, sobretudo contra pobres, reforça o argumento deste grupo.

Por outro lado, existem aqueles que enxergam uma divisão social (classista) dentro das PMs: além de seus setores mais elitizados (o alto oficialato), comprometidos com os donos do poder e das riquezas e, por isso, melhores remunerados, a PM é composta em sua maioria por oficiais de baixa patente, praças, enfim, homens e mulheres altamente explorados, diariamente humilhados, sobrecarregados, muito mal-pagos e internamente oprimidos, pertencendo também à classe trabalhadora (assalariados), vindos do povo (compondo-o), de onde são recrutados e (mal) treinados pelo Estado para fazerem o que fazem...

Na greve dos bombeiros do Rio, o governador Sérgio Cabral (PMDB) agiu com uma truculência digna de um regime ditatorial: mandou policiais, colegas de farda dos bombeiros, reprimi-los a qualquer custo. Porém, para sua surpresa, os PMs cariocas se negaram e inclusive aderiram aos grevistas. Assim, Cabral acionou o BOPE, sua tropa de elite (ou melhor, DA elite), acostumado a deixar corpos de favelados no chão em suas ações, que reprimiu violentamente a todos, ferindo alguns a cassetetes, tiros e prendendo 400 deles.

O governador carioca, então, foi à TV e passou a utilizar da velha cantilena demonizadora de greve que todos já conhecemos: chamou essa brava gente - que na sua maioria são pessoas honestas, pais e mães de família - de criminosos, baderneiros e até de covardes. Só que o tiro saiu pela culatra, pois bombeiros são muito bem quistos pela população. Sua greve ganhou mais apoio popular, cresceu e desmoralizou um governador que teve que retroceder.

A PM baiana é uma das mais mal pagas do Brasil. É majoritariamente formada por soldados quase todos pretos, dando porrada na nuca de malandros pretos, de ladrões mulatos e outros quase brancos tratados como pretos (como canta Caetano Veloso em "Haiti"). Já protagonizaram greves duríssimas, muitas delas reprimidas violentamente pelo Exército.

O governador baiano Jaques Wagner, do PT, vem utilizando os mesmíssimos argumentos difamadores de greve e grevistas de sempre. Convocou o ministro da Justiça, seu 'companheiro' de partido, que prontamente enviou o Exército, a Polícia Federal e sua guarda pretoriana, expedindo onze mandados de prisão aos líderes grevistas, que serão enviados a presídios federais destinados aos bandidos de alta periculosidade.

É o PT mostrando mais uma vez o que se tornou desde sua metamorfose. E pensar: o que seria do governador baiano, do atual Ministro da (In)Justiça, da presidente e de seu partido sem as greves? Eles devem toda a sua história a elas! O que seria, sem as greves, do próprio senhor Luís Inácio Lula da Silva, que chegou a ser preso na ditadura por fazê-las?

Se vivêssemos no século XIX, certamente os políticos, o ministro de Estado e seus sabujos açoitariam e enforcariam alguns líderes grevistas para servirem de exemplo aos demais oprimidos, como na gloriosa Inconfidência Baiana, em 1798. Se fosse na ditadura, alguns grevistas simplesmente desapareceriam ou seriam suicidados, como o martirizado sargento Manuel Raimundo Soares. Mas vivemos em anos ditos democráticos, em que governos do chamado Partido dos Trabalhadores continuam a reprimir grevistas violentamente, tratando-os como criminosos, como sempre fizeram as classes dominantes em nosso país...

Não importa se um juiz baiano simpático ao governador (a solidariedade deles aos poderosos é automática e impressionante!) decretou a greve como ilegal. Greve é um direito universal, inalienável, conquistado nas lutas dos trabalhadores - e que consta inclusive nos artigos dos Direitos Humanos. É e sempre foi o meio mais legítimo, justo e eficaz que os trabalhadores arranjaram para nos defender e se defender de nossos exploradores, sejam eles patrões privados ou chefes de Estado. Greve não é mais crime (foi assim tratada até bem recentemente em vários países, e continua sendo naqueles em descompasso com os Direitos Humanos!) e resulta da mistura da necessidade com a consciência crítica historicamente nascida nos que vivem do suor do trabalho e com miserável salário.

Oxalá chegará o dia no qual uma greve qualquer de trabalhadores (fardados ou não) iniciada em qualquer parte do país (ou do planeta) desencadeie muitas outras paralisações, protestos e demais greves em solidariedade. Eis um motivo para apoiarmos sem vacilo a luta dos PMs na Bahia!


Hemerson Ferreira é Policial Militar no Rio Grande do Sul, historiador e professor.Email: hemersonfer(0)bol.com.br

MOÇÃO DE DENUNCIA E EXIGENCIA


 
Cerveja com sangue de trabalhador não desce redondo

No dia 01 de fevereiro de 2012 um trabalhador que iria ser pai pela primeira vez, teve este curso interrompido, cruzou no seu caminho a ganância e a arrogância pelo lucro e junto a isso a irresponsabilidade com relação à saúde e segurança dos trabalhadores.

Fabiano Cleito Silva um jovem de 25 anos que estava próximo a se casar, sua futura esposa estava grávida de 6 meses, só que um trágico acidente ocorrido no dia 1º de fevereiro de 2011 pois um fim a este sonho.

Ele prestava serviço para a AmBev empresa do grupo INBEV que esta espalhada em pelo menos 23 países do mundo, e fabrica as marcas Budweisser, Brahma, Skol, Antártica, Boemia e o Guaraná Antártica.

Fabiano estava executando reparos no sistema de Para Raios a uma altura de aproximadamente 12 metros, e veio sofrer uma queda sendo socorrido não suportando os ferimentos, veio há falecer 3 horas depois.

As causas levantadas nas investigações por Cipeiros eleitos levam que houve varias irregularidades que levaram a esta morte.

As falhas ocorreram por falta de cabo de aço chamada linha vida que deveria existir para que os profissionais pudessem fixar os talabartes, ganchos que prende os cintos de segurança.

O telhado onde eles tiveram que subir em cima estava em péssimas condições  e os responsáveis pela liberação deste trabalho sabiam  dos riscos  e autorizaram a execução do trabalho.

O serviço de segurança da fabrica foi omissa, não acompanhou a liberação deste trabalho.

A liberação do trabalho que causou o acidente foi liberado por um engenheiro do Centro de Engenharia da INBEV sem que o mesmo fosse ao local do trabalho, mesmo sabendo que o trabalho era um trabalho de risco.

A falta de segurança na AmBev de Jacareí é antiga dezenas de trabalhadores já sofreram acidentes graves e outras centenas já sofreram algum tipo de doenças do trabalho.

Exigimos que os órgãos públicos Ministérios Públicos e do Trabalho façam uma investigação rigorosa e que os culpados por esta morte sejam responsabilizados e que a OIT Organização Internacional do trabalho tome providencia e que acidentes como este não venha mais ocorrer.

Por tanto solicitamos as organizações de luta da classe trabalhadora a fazerem moções de denuncias e exigências e encaminhar ao MPT e MTE.

http://blogderesistenciasocialista.blogspot.com/

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Sindsaúde participa da luta em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras do Pinheirinhos


O Sindsaúde participou na tarde desta terça-feira (31/01) de um Ato Público em apoio aos moradores do Pinheirinho. Os trabalhadores daquele bairro de São José dos Campos (SP) foram massacrados no dia 22 pela política de repressão do governo do PSDB. A polícia militar comandada por Geraldo Alkmin passou por cima de decisão judicial federal e executou a reintegração de posse de forma violenta e truculenta. A manifestação desta terça-feira contou com dezenas de representantes de movimentos sociais, sindicais, estudantil e partidos políticos. 
Para o diretor do Sindsaúde, Marcelo Melo, um movimento como este é importante para que os trabalhadores percebam que unidos podem fazer a diferença. O que ocorreu em Pinheirinho foi um abuso contra os trabalhadores, e com a chegada da Copa do Mundo nada impede que a especulação imobiliária chegue à nossa cidade, precisamos nos preparar, afirmou. 
A diretora do Sindsaúde, Sônia Godeiro, que falou representando o PSOL durante a manifestação, lembrou as terras eram frutos de grilagem, ou seja, ocupação por meio de documentos ilegais de um dos maiores criminosos do país, que chegou a matar pessoas por construir prédios de péssima qualidade no sudeste do Brasil. 
A passeata saiu do Midway em direção ao Machadão, denunciando o que a mídia não tem tido interesse de mostrar, e em alguns casos tem sido impedida por ameaças. 
Ao longo desses oito anos de ocupação de um terreno grilado pelo mega especulador Naji Nahas, os trabalhadores construíram com seus magros salários um bairro elogiado por urbanistas. Esse mega especulador Naji Nahas não passa de um bandido. Foi preso em 2008 na operação Satiagraha, mas a Justiça, o Governador de São Paulo, o Prefeito de São José dos Campos e a Polícia atacaram brutalmente os trabalhadores de Pinheirinhos para defender um criminoso procurado pela INTERPOL em quarenta países.